Começo este artigo com uma reflexão de um dos professores de Marshall Rosenberg, Carl Rogers. Ele descreveu o impacto da empatia em quem a recebe:
"Quando […] alguém realmente o escuta sem julgá-lo, sem tentar assumir a responsabilidade por você, sem tentar moldá-lo, é muito bom. […] Quando sinto que fui ouvido e escutado, consigo perceber meu mundo de uma maneira nova e ir em frente. É espantoso como problemas que parecem insolúveis se tornam solúveis quando alguém escuta. Como confusões que parecem irremediáveis viram riachos relativamente claros correndo, quando se é escutado.”
Eu já tive várias experiências de buscar a empatia em vão e acredito que você também as tenha tido. Por exemplo, quando você brigou com seu marido e precisa descarregar a tensão e acredita que pode falar para sua melhor amiga e que ela vai escutá-la. Você não quer conselhos ou sugestões; não quer soluções. Quer apenas ser ouvida e escutada.
Você teve um dia pesado no trabalho e precisa de alguém para escutá-lo e o que encontra é alguém com soluções a dar: “Peça demissão… eu já falei que esse cara não sabe ser gestor. Você não precisa disso”. E por aí vai.
Podemos perceber que é mais difícil ter empatia por alguém que pareça ter mais poder, status ou recursos, como o líder, por exemplo, porque acreditamos que ele tem obrigação de entender. Será que se tivéssemos mais empatia por essas pessoas as relações poderiam ser melhores?
Expressar-se em CNV (Comunicação Não Violenta) é desafiador, porque nos convida a revelar nossos pensamentos e necessidades mais profundos. Com isso nos tornamos vulneráveis, e ser vulnerável está fora de cogitação – afinal, o que vão pensar de mim? Porém quando me permito ser vulnerável e ter empatia pelo outro, percebo que compartilhamos nossas qualidades e que ambos somos humanos, porque me conecto não só com meus sentimentos e necessidades, mas também com os sentimentos e necessidades do outro; dessa forma, posso baixar a guarda e entrar em sintonia com o outro.
Vou dar um exemplo: você está magoado com alguém ou com algum grupo e expõe seus sentimentos.
O que pode acontecer? As pessoas podem rir de você e dizer que você se sente um coitadinho, porque foi magoado. Você pode interpretar que eles estão se aproveitando de você porque está vulnerável ou pode ter empatia pelos sentimentos e necessidades deles que estão por trás dos comportamentos expressos. Na primeira opção você se sentirá ferido, amedrontado ou irritado e aí não sentirá empatia, porque primeiro é preciso buscar a autoempatia, ou seja, que necessidades foram despertadas em você, para que você possa se fortalecer e ter empatia pelo outro, mesmo que para isso você precise sair fisicamente de onde está.
Em situações como esta você só poderá sentir empatia quando puder ir além dos pensamentos que rodeiam sua cabeça de forma a reconhecer suas necessidades mais profundas.
Quase sempre relutamos em expressar nossa vulnerabilidade para manter a máscara de “durona ou durão”, porque achamos que de outro modo podemos perder nossa autoridade e/ou controle. Fazemos isso com filhos, amigos, pares, pais etc.
Você pode expressar empatia em várias situações.
Quando você está em perigo e deseja se afastar, é preciso tomar cuidado com algumas palavras. Você já esteve em uma situação na qual sua mãe está aborrecida com você e quando ela acaba de falar, você vem com um “…mas mãe…” e a vontade dela é pular no seu pescoço? Então, como seria se você, ao invés de dizer “mas mãe”, percebesse o que a está incomodando e colocasse isso para ela?
Quando ouvimos um não e não levarmos para o pessoal, trazemos à consciência os sentimentos e necessidades que estão por trás desse não.
Quando estamos em uma conversa sem sal ou quando a pessoa repete a mesma história, a cada palavra vamos ficando mais irritados e acabamos por devanear ou sermos grosseiros e impacientes. Então antes que isso aconteça, pare e perceba o momento de interromper. Quais são os sentimentos e necessidades de quem fala? Traga isso para a conversa, pois muitas vezes as pessoas não percebem que necessitam de empatia. Ninguém gosta de falar para alguém que não escuta.
É no silêncio que escuto o que o outro diz, prestando atenção ao que está por trás das palavras. O problema é que na maioria das vezes as pessoas sentem medo por não haver resposta e acabam se esquecendo de se conectar aos sentimentos e necessidades expressos pelo silêncio.
A empatia tem o poder de nos permitir ser vulneráveis, desarmar situações de violência, ouvir um não sem interpretá-lo como rejeição, reavivar uma conversa morna e até escutar o que está por trás do silêncio.
A empatia pode promover profundas mudanças sociais, assim como transformar vidas para gerar relacionamentos intra e interpessoais com mais sintonia e conexão.
Por: Wania Moraes Troyano - http://www.cloudcoaching.com.br
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