Era uma terça-feira morna de inverno quando adentrei a sala de treinamentos da empresa. Minha incumbência era tentar passar algo sobre planos de negócios para a equipe de aprendizes, uma turma formada num projeto - denominado Projeto Aprendiz - de responsabilidade social, que tem por objetivo fornecer qualificação profissional em tecnologia e negócios para jovens da cidade de Barra Bonita, interior de São Paulo.
Nos três dias anteriores estivera pensando sobre qual seria a melhor abordagem para falar sobre negócios com um conjunto de pessoas que pouco - ou nada - sabia sobre esse assunto. Não demorou muito para perceber alguns olhares de "socorro" ou "sobre o que ele está falando?" estampados nos rostos à minha frente.
Decidi então reduzir a teoria ao mínimo possível e passar direto à prática, propondo um estudo de caso. A turma herdaria uma bomboniere com uma curva de queda de faturamento que a levaria ao vermelho em pouco mais de três meses. A missão era não só evitar que isso acontecesse, mas ainda aumentar os lucros.
Nenhuma daquelas pessoas seria capaz de resolver esta questão sozinha. Faltavam-lhes conhecimentos e experiência no assunto. Entretanto, assim que se formaram grupos de trabalho, idéias interessantes foram surgindo e, aos poucos, as dificuldades iniciais foram sendo vencidas. Por fim, nasceram algumas boas estratégias.
Por incrível que pareça, muitas empresas não conseguem perceber essa característica notável - à qual denominamos sinergia - nem as suas possibilidades para o crescimento organizacional. Elas não vêem que o todo é mais do que a simples soma das partes e essa miopia certamente impacta em seu crescimento.
Muito se fala em gestão de conhecimento, mas pouca gente sabe realmente o que isso significa na prática. O que mais se vê no mercado são empresas tentando "encaixotar" o conhecimento de seus colaboradores, temendo se tornarem suas reféns. Com isso, simplesmente vão acumulando informações incompletas até não terem mais como lidar com toda essa massa. É uma verdadeira "indigestão" de conhecimento.
Se por um lado a organização deve deter o conhecimento concernente ao seu negócio, igualmente importante é a divulgação de informações e capacitação constante dos colaboradores, além da geração de um ambiente de colaboração e confiança. As pessoas têm necessidade de reconhecimento, de se sentirem valorizadas. Uma vez que se atenda a essas necessidades, elas dão muito mais de si e literalmente "vestem a camisa" da empresa.
Devemos ter sempre em mente que as pessoas são os verdadeiros alicerces de qualquer organização e, assim como não se levantam prédios sobre alicerces fracos, devemos apoiar nossos empreendimentos em colaboradores sólidos. A empresa deve crescer fazendo crescer as pessoas, caso contrário seu crescimento será sempre limitado por essas mesmas pessoas.
No caso dos aprendizes, mesmo sem ter o conhecimento e experiência necessária para a resolução da questão apresentada, surgiram bons planos de negócios ao nível de estratégia. Trabalhando em conjunto, as pessoas superam os limites de suas forças separadas e se impulsionam reciprocamente a um progresso cada vez mais acelerado. As empresas que aprenderem o mecanismo dessa dinâmica certamente serão capazes de superar suas expectativas mais otimistas.
É difícil, mas vale a pena. Vamos tentar?
Autor: Sérgio Lacerda
Nenhum comentário:
Postar um comentário