Em grandes economias, como
Estados Unidos e China, o que se viu de 2021 para cá foi um episódio de demissão voluntária em massa, desencadeado por
trabalhadores que não mais se identificavam com as empresas em que exerciam
suas atividades.
A onda ficou conhecida como Grande Renúncia, uma
tradução literal de Great Resignation.
O
cenário chamou atenção para a necessidade de repensar a forma como as
organizações lidam com seus colaboradores, que não estão mais buscando apenas
salários e benefícios atrativos.
- O que podemos aprender com esse movimento?
O que é o fenômeno da Grande
Renúncia?
A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos fez
um levantamento no segundo semestre do ano passado, que apurou que mais de 4 milhões de pessoas pediram demissão de
seus empregos, um número significativo, que representa um recorde desde 2000.
Com isso, milhares de empresas precisaram adaptar seu funcionamento.
Parte das lanchonetes, por exemplo, teve que restringir seus pedidos ao delivery,
pois não haviam empregados para limpar as mesas e fazer o atendimento da
clientela.
Tudo começou no fim de 2020, ao passo que as medidas preventivas
relacionadas à Covid-19 eram flexibilizadas. Muitos trabalhadores não
se identificavam mais com o modelo de trabalho presencial ou com as condições
às quais se sujeitavam antes mesmo do isolamento social.
Assim, se iniciou um movimento que virou até hashtag nas redes
sociais, incentivando mais e mais gente a abrir mão de seu emprego.
Quais são as causas da Grande
Renúncia?
O ano de 2020 foi difícil para todos. No âmbito financeiro,
milhões perderam empregos e tiveram que lidar com a instabilidade que também
era emocional. Além disso, o terror relacionado à doença causada pelo
coronavírus foi fator de estresse, ansiedade e depressão.
Com isso, era de se
esperar que todas as áreas sociais sofressem algum tipo de impacto.
Por trás da Grande Renúncia, há razões como as que elencamos a
seguir.
- Trabalho remoto
O modelo de trabalho remoto foi uma tendência
acelerada pela pandemia. Praticamente todas as empresas foram
obrigadas a adotá-lo para continuar suas atividades, e ocorreu algo que quase
ninguém esperava: houve um aumento de produtividade.
Segundo um estudo feito pela consultoria BMI, 66% dos gestores
notaram um aumento no rendimento de seus times (entre 56 empresas
entrevistadas) a partir do início do home office.
No trabalho remoto, tanto a empresa quanto o empregado saem
ganhando, pois ambos economizam (em manutenção, infraestrutura e transporte,
por exemplo). Mas, por outro lado, esse modelo nem sempre é vantajoso para o
profissional, porque trabalhar fora das dependências da empresa pode dificultar
o controle das horas.
- Demissão tardia
Passar mais tempo em casa também possibilitou que as pessoas
tivessem mais disponibilidade para pensar sobre suas vidas,
ressignificando algumas decisões, como a de permanecer em um emprego que não
mais satisfaz.
Nesse caso, a retomada proporcionou a coragem que faltava para
fechar de vez essa porta.
- Esgotamento
Com o home office, muitos
trabalhadores precisaram aliar a rotina de trabalho com atividades domésticas,
como limpar a casa e cuidar dos filhos.
Em algumas famílias, isso virou um
agravante para a saúde mental e física, ocasionando, inclusive, episódios de burnout.
O que aprendemos com o fenômeno
da Grande Renúncia no mundo corporativo?
A primeira lição com esse movimento é que "do jeito que
está não dá para continuar".
O mundo não é o mesmo, e a
pandemia revolucionou a maneira de nos relacionarmos uns com os outros,
o que inclui a relação entre as empresas e seu capital humano.
As pessoas querem ser ouvidas e sentir que são tratadas como
seres humanos. É preciso compreender que estamos lidando com expectativas,
sonhos e sentimentos. E quando isso é desrespeitado, há uma redução da
produtividade. Então, como evitar esses episódios?
Modelo de
trabalho
- Sua empresa adotou o home office?
- Se sim, como funcionou?
- Os profissionais já voltaram ao trabalho presencial?
- Como isso impactou sua rotina familiar?
Há companhias que adotaram o formato de trabalho híbrido para
flexibilizar a volta ao trabalho presencial, mas não é possível aplicar esse
modelo para todos os cargos. E, como sabemos, isso pode influenciar a
satisfação dos colaboradores.
Jornada de
trabalho
Vimos que, para alguns, trabalhar em casa se tornou uma
dificuldade extra por conta da sua rotina familiar.
Como a empresa pode ajudar
nisso?
A pressão para entregas deve ser reajustada, considerando essa nova
realidade.
A flexibilidade e facilidade de poder trabalhar na própria
residência não pode ser uma desculpa para sobrecarregar os colaboradores e
dobrar as horas extras.
Assistência
A Covid-19 promoveu um olhar mais atento para a saúde mental e a
forma como as organizações tratavam isso. Ainda temos caminho pela frente, mas
mudanças estão acontecendo, o que é essencial para evitar desligamentos
desnecessários.
É importante que a empresa ofereça suporte
à saúde mental, mostrando preocupação e cuidado com seus
empregados.
Afinal, quanto mais distantes estiverem de desenvolver uma síndrome de burnout,
mais aptos estarão para desempenhar um bom trabalho.
Propósito
Uma das principais queixas de quem se desligou foi a falta de
identificação com a cultura da companhia onde trabalhava.
Isso
costuma acontecer quando a empresa não tem uma identidade forte ou quando a
missão, visão e valores não passam de um quadro na parede.
O propósito de uma organização deve permear todas as suas ações
e ser levado em consideração na atração de talentos.
Quando existe uma
identificação com esses valores, os colaboradores são motivados e engajados nas
iniciativas internas.
É fato que garantir o bem-estar dos colaboradores é desafiador para o
setor de Recursos Humanos.
Nesse contexto, movimentos como a Grande
Renúncia demonstram a importância de se dedicar a
programas e projetos que olhem para as pessoas, reconhecendo sua participação
no negócio.
Cabe lembrar que, quando há o devido investimento, o retorno é
muito positivo para os envolvidos.
Copiado: https://paraempresas.catho.com.br/
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