“Quando você vai para o digital, você acaba expandindo o seu universo
para cidade, Estado, país”, afirma Beto Santos, country manager da GoDaddy, uma
das maiores empresas do mundo na área de hospedagem de sites. “Vejo muitos
empreendedores que saíram do seu bairro e acabaram indo para um universo muito
maior, quando entenderam que podiam atingir qualquer lugar do Brasil.”
Essa transformação digital não exige grandes investimentos. No momento
mais restritivo do distanciamento social, no ano passado, muitos médios,
pequenos e até microempreendedores mantiveram seu negócio funcionando com um
site eficiente e a apropriação de ferramentas de mercado simples, como o
WhatsApp.
Para Santos, a pandemia acabou resultando em um poderoso agente de
transformação digital para empresas de todos os portes. “Se não fosse essa
situação, muitos negócios acabariam fechando ou diminuindo dentro de cinco ou
seis anos, porque o mundo está mudando muito rapidamente para o digital”,
explica.
De fato, segundo a
pesquisa “Sobrevivência das Empresas no
Brasil”, realizada pelo Sebrae em
2016, a principal dificuldade de empresas brasileiras no seu primeiro ano é a
falta de clientes. A pandemia agravou esse quadro, pois as formas de contato
com o público tradicionais foram, pelo menos em parte, substituídas pelo canal
digital.
Mesmo com a reabertura dos espaços físicos, os
clientes descobriram que muito desse relacionamento com as empresas poderia ser
feito por sites e aplicativos, em muitos casos com vantagens. Por isso, eles se
mantiveram nesse formato. A edição 43 do relatório “Webshoppers”, da Ebit /Nielsen, mostra um
impressionante crescimento de 41% nas vendas do e-commerce brasileiro em 2020
frente a 2019, chegando a R$ 87,4 bilhões. No período, o total de clientes
nesse canal cresceu 29%, atingindo 79,7 milhões de pessoas, dos quais 13,2
milhões compraram online pela primeira vez.
“No
momento em que o empresário vê isso, ele percebe o quanto estava perdendo de
tempo e de dinheiro”, indica Santos, que acrescenta que, se a empresa tivesse a
sua presença online pronta, o negócio funcionaria 24 horas por dia.
Para o pesquisador americano Ronald Swift, estar no canal certo é um dos
pilares da gestão de relacionamento com o cliente, assim como ter a oferta
certa, no momento certo, para o cliente certo. Em uma época em que a
experiência global é decisiva para aquisição e fidelização de clientes, a
digitalização do negócio, mesmo dos pequenos, se torna crítica.
Naturalmente isso pode intimidar “marinheiros de primeira viagem”.
Grandes empresas já estão bem estabelecidas online há muito tempo e possuem
equipes dedicadas a cuidar desse canal. Para os pequenos empreendedores, Santos
sugere “encontrar parceiros que possam te ajudar nessa transformação”.
“Muitos pedem para um amigo ou um sobrinho fazer seu site, e depois nem
sabem onde está hospedado, ou não tem a senha, pois não foi um processo
profissional”, explica. E esse aspecto profissional pode ser decisivo na
percepção do cliente frente a empresa.
Demonstrando seriedade
Coisas simples e com custo baixíssimo, como ter um e-mail com o nome da
empresa, podem fazer a diferença entre fechar um negócio ou não. O executivo da
GoDaddy exemplifica com dados de uma pesquisa interna que demonstra que o
e-mail profissional, aquele cujo domínio coincide com o nome da sua empresa, é
nove vezes mais lido que um e-mail gratuito, “só pelo fato de mostrar
seriedade”.
A segurança também se torna crítica para a percepção do cliente sobre a
empresa. E, uma vez mais, os pequenos devem prestar atenção em coisas que já
estão no radar dos grandes há muito tempo. Não se trata, por exemplo, apenas de
proteger a informação da empresa ou a integridade do site. Santos explica que,
“se o cliente está querendo consumir da minha empresa, que sou pequeno, eu
preciso cuidar dos dados do meu cliente da melhor forma possível”.
A própria LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que começou a valer no ano passado, prevê isso, mesmo para os pequenos. “Eles precisam entender que não estão fora desse risco, seu cliente tem que ter a certeza de que os dados dele estarão seguros”, acrescenta Santos.
A seriedade acontece também na maneira com o empreendimento se mostra ao
mercado. Por exemplo, o endereço na Internet deve ser algo fácil de ser
compreendido, para evitar que o consumidor não chegue ao site por não saber
digitar um nome em outro idioma.
A presença nas redes sociais também é decisiva. Santos faz uma
interessante analogia entre essas plataformas e o site da empresa: “as redes
sociais são como as ruas da cidade, as alamedas dos shoppings, onde o pessoal
está circulando, enquanto o seu site é a sua loja”. Dessa forma, o empreendedor
deve estar atento a ambos. “Você tem que estar ativo, fazendo a sua propaganda
na rua e trazendo as pessoas para a sua loja”, sugere.
Nesse processo de expansão digital, mesmo dos pequenos, o empreendedor
precisa deixar claro ao público por que ele criou a empresa. ”Não é o que você
vende ou como você faz: é por quê”, afirma o Santos. Afinal, empresas são
participante ativos da sociedade. “No final, a gente está aqui para solucionar
algum problema, facilitar a vida de alguém: esse é o nosso objetivo como
empresa”, conclui.
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