No mundo inteiro, estima-se que 340 milhões de
pessoas sofram com a doença, sendo 13 milhões só no Brasil; além de
enfrentar a doença, pacientes ainda lidam com preconceito
Perda de interesse pelo trabalho,
falta de concentração, dificuldade em cumprir prazos e demandas,
insônia, alteração de peso: esses podem ser os sintomas de uma doença
séria: a depressão. Em alguns casos, a produtividade dos profissionais
que sofrem com a doença pode ser seriamente prejudicada, culminando com a
demissão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), cerca de 340 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo
mundo. No Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas são atingidas pela
doença (OMS).
“As doenças neuropsiquiátricas são hoje a primeira
causa de incapacidade no mundo ao longo da vida e a depressão representa
quase 50% dessas enfermidades”, explica Kalil Duailibi, professor do
departamento de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e
ex-coordenador de saúde mental da Secretaria de Saúde do Município de
São Paulo (SP).
Produtividade
- Enquanto um paciente com diabetes falta 6 dias ao ano no trabalho devido à doença, uma pessoa com problemas cardiovasculares se ausenta 8 dias e quem sofre com asma falta 10 dias, quem sofre de depressão apresenta um prejuízo muito maior, perdendo cerca de 35 dias de trabalho por ano.
Segundo
Duailibi, o paciente que apresenta um quadro depressivo considerado
grave tem sua capacidade social e produtiva comprometida em 90%; em
casos moderados, 40%, já em casos da doença em que há apenas sintomas
leves, 20% de sua capacidade está afetada.
- “O profissional com depressão poderá ter atrasos recorrentes, dificuldades em reter informações e de memória, dificuldade na execução de tarefas simples e, até mesmo, sentir-se incapacitado para executar sua função. Isso o tornará ainda mais deprimido e dará início a um círculo vicioso, que pode levar à demissão”, explica.
Com a queda no rendimento, a
exigência dos chefes e superiores em relação a esse profissional pode
aumentar, uma vez que a capacidade do indivíduo em desenvolver sua
função é comprometida. “Cerca de 44% da capacidade produtiva do
indivíduo fica comprometida quando ele apresenta um quadro depressivo”,
ressalta Duailibi.
Outro estudo, estima que a depressão acarrete
um custo anual de cerca de US$ 83 bilhões para a economia do país,
incluindo perda de produtividade e uso da seguridade social (62%),
custos diretos, como atendimento hospitalar, ambulatorial e dos
medicamentos (31%), e custos relacionados ao suicídio (7%).
Diagnóstico e tratamento
O
diagnóstico precoce da doença é fundamental, pois muitos indivíduos só
se dão conta que perderam seus empregos em decorrência da depressão
durante o tratamento terapêutico – 11% dos pacientes atribuem o
desemprego à depressão.
Há um termo, ainda pouco usado no País,
que designa profissionais que mesmo doentes permanecem desenvolvendo
suas funções corporativas, o presenteísmo. O distúrbio, agravado pela
depressão, caracteriza-se quando o indivíduo não desempenha suas funções
nas condições de saúde ideais e tem a produtividade diretamente
afetada.
- “Atualmente, o diagnóstico é mais efetivo e sabe-se que a enfermidade está associada a inúmeros fatores, incluindo os genéticos”, afirma Duailibi.
- Para que esse quadro seja revertido, é preciso que o paciente seja diagnosticado corretamente e associe a psicoterapia de qualidade ao antidepressivo adequado, além de mudanças do hábito de vida. “Essa fórmula costuma apresentar um saldo positivo, evitando as recaídas do paciente”, reforça Duailibi.
Entretanto apenas dois
terços dos pacientes com depressão procuram tratamento e, destes,
somente 10% recebem doses adequadas de medicamentos, segundo dados do
National Institute of Mental Health (NIMH) dos Estados Unidos.
O médico
ressalta ainda que, mesmo com sinais de melhora, é preciso manter o
tratamento e, se necessário, o acompanhamento terapêutico. “O
acompanhamento médico é fundamental, para evitar que a depressão
torne-se um quadro crônico”, orienta o especialista.
- Para combater a doença, além de ser essencial seguir corretamente o tratamento, a prática de atividades físicas também é importante. Esportes liberam endorfina, substância que causa sensações de alegria, bem-estar e melhoram a qualidade de vida do paciente.
Preconceito
O
paciente com depressão precisa estar preparado, inclusive, para lidar
com o preconceito das pessoas que desconhecem a doença. Por muitas
vezes, será tratado com uma pessoa fraca e incapaz de encarar os
desafios cotidianos como os demais profissionais.
Dualibi orienta
que se busque apoio na empresa de um profissional especializado, como
um médico ou funcionário do departamento de Recursos Humanos.
- “Durante o tratamento, é importante que o profissional se resguarde de comentários que o afetem emocionalmente ou mesmo julgamento de colegas. É o momento de se fortalecer, recuperar a autoestima e recarregar as energias para se restabelecer profissionalmente”, afirma Duailibi.
Em alguns
casos, a licença médica indicada pelo profissional que acompanha o
paciente pode ser uma alternativa para que o tratamento seja efetivo e o
retorno ao trabalho satisfatório.
Por: Administradores.com - http://www.administradores.com.br
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