segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

O Que É Comunicação Não Violenta (CNV)?

comunicação não violenta é uma resposta para qualificar as relações dentro de uma empresa e transformar sua cultura.

Em um primeiro momento, pode até parecer algo utópico para o sempre competitivo mundo dos negócios.

Na prática, porém, estamos falando sobre uma das estratégias de comunicação mais eficientes para as empresas, pois ajuda a mediar conflitos, abrir espaço para o diálogo e melhorar o clima organizacional.

Como resultado, é possível aumentar a produtividade e o engajamento, além de criar um ambiente de trabalho mais humano, transparente e inclusivo.

Neste conteúdo, vamos explicar a importância da comunicação não violenta e como aplicá-la no seu negócio.

O que é comunicação não violenta (CNV)?

Comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem que propõe formas empáticas e compassivas de se comunicar com o outro.

Nas palavras do criador do conceito, o psicólogo clínico Marshall Rosenberg, a CNV é “uma forma de comunicação que leva a pessoa a se entregar de coração, criando uma conexão consigo mesma e com os outros”. 

Para isso, é pautada no termo “não-violência”, que significa o estado compassivo natural do ser humano, conforme o entendimento de Gandhi

Não se trata de uma técnica para mediar conflitos, embora possa trazer esse resultado.

É, na verdade, um método desenvolvido para aumentar a empatia e melhorar a qualidade dos relacionamentos interpessoais. 

O objetivo é alcançar a harmonia entre os dois lados do diálogo com base nas necessidades fundamentais do ser humano e no princípio de colaboração.

Por suas características, a comunicação não violenta tem sido aplicada na psicoterapia, no mercado de autoajuda e também nas empresas, que descobriram o impacto positivo dessa abordagem na cultura organizacional

Como ela surgiu

A comunicação não violenta surgiu no início dos anos 1960 com o trabalho do já citado psicólogo Marshall Rosenberg. 

Na época, ele atuava em projetos de integração racial em escolas e organizações do sul dos Estados Unidos, tendo por objetivo reduzir a intensa discriminação e promover a igualdade entre brancos e negros. 

Assim, a primeira versão do guia da CNV foi formulada como parte de seus treinamentos, em 1972, contendo orientações sobre sentimentos, necessidades e comportamentos para facilitar diálogos dentro das instituições. 

Com o passar dos anos, o psicólogo usou a abordagem em programas de paz em Ruanda, Burundi, Nigéria, Malásia, Indonésia, entre outros países em situação de conflito. 

Então, surgiu o livro Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais (Editora Ágora, 2006), com primeira edição em 1999.

Para desenvolver a sua abordagem, Rosenberg se baseou em conceitos da psicologia humanista, como a terapia centrada na pessoa, que lida com as diferentes formas pelas quais os indivíduos se percebem conscientemente. 

Uma de suas grandes influências foi Carl Rogers, o psicólogo que iniciou a tendência humanista e priorizou conceitos como a escuta empática. 

Importância da comunicação não violenta 

A comunicação não violenta é uma estratégia valiosa para promover relações de parceria e cooperação entre as pessoas.

Ela ajuda a reavaliar comportamentos e sentimentos em relação a nós mesmos e aos outros, colocando a empatia em primeiro lugar. 

O princípio básico da CNV é que a maioria dos conflitos surge de problemas de comunicação, além do uso da linguagem coercitiva e manipuladora.

Com frequência, nós usamos o medo, a vergonha, a ameaça e a acusação para lidar com situações de discordância e impor nossas ideias. 

Só que essa atitude não é nada produtiva e impede que as pessoas enxerguem o que realmente importa em uma discussão: esclarecer sentimentos, necessidades, percepções e, principalmente, comunicar o que queremos que o outro faça. 

Em um ambiente de negócios, faz muito mais sentido utilizar a CNV para melhorar o entendimento entre as pessoas do que persistir em mal-entendidos e conflitos que se perpetuam.

Ao contrário do que se imagina, o método não propõe uma atitude passiva ou afetuosa, mas simplesmente o uso inteligente da empatia e da cooperação nos diálogos para chegar a um acordo bom para todos. 

A comunicação não violenta nas empresas

A comunicação não violenta vem se mostrando uma excelente metodologia para melhorar as relações dentro das empresas e aumentar a produtividade. 

Isso porque manter diálogos abertos e integrar pessoas ainda é um grande desafio no ambiente de trabalho. 

De acordo com uma pesquisa da Harvard Business Review publicada em 2020 no HR Technologist, 69% dos gestores não se sentem à vontade para se comunicar com suas equipes. 

Já um estudo publicado em 2020 na Everyone Social revela que um terço dos colaboradores dos EUA acreditam que a falta de uma comunicação mais aberta e honesta dentro da empresa afeta sua motivação. 

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que a simples melhora na conexão entre os funcionários pode aumentar a produtividade em até 25%. 

Vale  citar ainda a pesquisa “Most In-demand Hard and Soft Skills”, publicada em 2020 pelo LinkedIn.

Ela revela que a colaboração e inteligência emocional estão entre as habilidades comportamentais mais buscadas no mercado de trabalho.

São estudos que deixam claro que há espaço para a implementação da comunicação não violenta como estratégia para aumentar a colaboração e melhorar o clima organizacional. 

Quais são os pilares da CNV?

A comunicação não violenta se sustenta sobre quatro principais pilares:

1. Observação

É necessária para separar fatos de julgamentos, fazendo uma análise criteriosa de nossos preconceitos e vieses inconscientes. 

Na prática, consiste em se colocar na posição de observador imparcial e entender a situação antes de adotar uma postura defensiva ou julgadora. 

2. Sentimento

Além de entender os fatos, precisamos avaliar quais sentimentos as falas do outro nos despertam e entender como ele reage às nossas colocações. 

Por isso, é necessário falar abertamente sobre como nos sentimos, e não apenas discutir fatos em uma conversa.

3. Necessidades

Saber o que queremos e o que o outro quer é mais um requisito para a comunicação efetiva. 

Na prática, significa explicar quais necessidades geram determinados sentimentos e qual o objetivo da conversa.

4. Pedido

Parece simples, mas a maioria de nós tem dificuldade de fazer um simples pedido sem soar como uma imposição ou exigência. 

Por isso, a CNV ensina a fazer solicitações ao outro e ajudá-lo a atender o pedido com clareza. 

Como implantar a comunicação não violenta no seu negócio

Se você acredita que a comunicação não violenta pode ajudar seu negócio, temos algumas dicas importantes para implementar essa abordagem.

Faça o diagnóstico da cultura e comunicação da empresa

O primeiro passo para adotar a comunicação não violenta na sua empresa é fazer um diagnóstico da cultura organizacional e entender como as pessoas se relacionam.

Para isso, você pode usar sua pesquisa de clima organizacional, fazer entrevistas, analisar os feedbacks dos colaboradores, entre outras ações.

Dessa forma, é possível identificar se há problemas contínuos com mal entendidos, dificuldade para expressar opiniões, bloqueios em relação aos líderes e falta de canais de comunicação adequados, por exemplo.

Além disso, é importante avaliar como as pessoas se comunicam, se há muitos conflitos e se os colaboradores conseguem dar ideias e sugestões. 

Comece a mudança pela liderança

Os líderes da organização devem ser os primeiros a se comprometerem com a comunicação não violenta.

A abordagem faz parte do conceito de liderança positiva, que busca guiar os colaboradores para alcançar seu potencial máximo e criar relações de confiança, em vez de apostar no autoritarismo.

Logo, a mudança deve começar de cima, com os líderes dando o exemplo e colocando em prática as técnicas da CNV. 

Invista em conteúdo e treinamentos

A adoção dos princípios da CNV não acontece da noite para o dia nas empresas.

Naturalmente, seus colaboradores terão de passar por um processo de aprendizagem.

Por isso, cabe a você desenvolver treinamentos e conteúdos sobre a comunicação não violenta, além de incentivar a capacitação.

É importante que os materiais tragam exemplos práticos baseados em situações do dia a dia, como:

  • Dizer “fiquei chateado porque você não me chamou para a reunião do projeto, então, peço que me inclua na próxima para que eu possa contribuir” em vez de “não adianta falar comigo agora se você não me chamou para a reunião”
  • Dizer “estou preocupado porque a entrega é para as 16h e o cliente está contando conosco” em vez de “o prazo é às 16h e acabou”
  • Dizer “preciso que você tenha mais atenção com o horário de entrada, pois sua presença é necessária para as demandas da manhã” em vez de “não vou tolerar outro atraso”. 

Valorize a escuta corporativa

Para implementar a comunicação não violenta, é preciso, antes de tudo, ouvir suas equipes.

Para isso, vale criar canais de comunicação diretos para receber ideias, sugestões e também queixas. 

Além disso, é fundamental monitorar a opinião coletiva para mediar possíveis conflitos e implementar novas medidas que facilitem as relações.

Crie ambientes colaborativos

Por fim, a CNV só pode funcionar em um ambiente com livre troca de ideias e compartilhamento contínuo de informações. 

Por isso, invista na criação de espaços colaborativos, elimine as barreiras entre as equipes e garanta o acesso à informação na sua empresa.

Você também pode utilizar a tecnologia e aproximar ainda mais as pessoas com softwares colaborativos.

Seja qual for a estratégia, nós podemos ajudar você a promover a escuta corporativa no seu negócio e garantir um ambiente de trabalho mais humano, transparente e inclusivo. 

Copiado: https://www.poderdaescuta.com

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