Antes de investir em setores que estão na moda ou em expansão, o empreendedor deve observar alguns fatores
Abrir uma locadora de vídeos e dvds já foi um dos negócios mais promissores no País.
Com o avanço da tecnologia, o aumento da pirataria e do download legal de filmes pela internet, essemercado mudou a ponto de até grandesempresas perderem espaço. Na última sexta-feira, dia 3, por exemplo, a Blockbuster no Canadá anunciou o fim de suas operações e o fechamento de 253 lojas naquele país.
No Brasil, a rede teve que mudar o seu modelo de negócio para manter seu espaço.
Assim como as locadoras, novos negócios que viram moda surgem todos os anos, levando milhares de pessoas a apostarem nessas opções – e a verem sua empresa fechar pouco tempo depois.
Os motivos para o declínio vão desde o desempenho da economia até o fato de o mercado estar saturado, mas geralmente apresentam algo em comum: a falta de um diferencial.
Para que você evite cair em ciladas, o Estadão PME consultou especialistas para saber quais os tipos de negócios que você deve evitar atualmente. E descobrimos que, mais do que fatores externos, é na própria atitude do empreendedor que está a chave para o sucesso.
Confira as dicas:
1. Modismos
No último verão, as lojas de frozen yogurt dominaram o mercado, ocupando o espaço das lojas de cupcakes, até então os empreendimentos mais promissores.
Se há dois anos abrir uma lan house era sucesso garantido, no ano passado foram os sites de compras coletivas que ostentavam esse título.
Desde então, muitos já fecharam, incluindo até sites criados por grandes empresas.
Para não ser vítima de uma moda passageira e ver o lucro ir embora com a mesma facilidade com que surgiu - o que é comum entre os negócios da moda -, a dica é estudar bem o mercado onde o empresário pretende atuar e entender o espaço existente para novos investimentos. “Entrar nessas bolhas pode ser perigoso porque o empreendedor pode investir justamente no momento em que o setor está em declínio e, assim, perder dinheiro”, diz Márcio Iavelberg, da consultoria especializada em pequenas e médias empresas Blue Numbers.
Já para o professor do Centro de Empreendedorismo da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Aidar, os modismos devem ser evitados. “Esses negócios que oferecem entradas aparentemente muito fáceis são os mais difíceis de o empreendedor se diferenciar”, diz.
2. Áreas com as quais o empresário não tem afinidade
Você consegue imaginar uma pessoa que não gosta de atividade física à frente de uma academia de ginástica?
Por mais estranho que pareça, esse tipo de situação acontece com frequência, principalmente porque há quem vá atrás de promessas de lucro fácil e deixe de lado um fator primordial para uma empresa dar certo: a afinidade do empreendedor com o negócio.
Portanto, evite empreender em áreas com as quais não tenha afinidade, ainda que o mercado seja promissor. “Não adianta abrir uma empresa de arquitetura se não é arquiteto. O empreendedor só pode entrar em um negócio se tiver familiaridade”, diz Iavelberg, da Blue Numbers.
É essa afinidade e paixão por determinada atividade que vai fazer o empreendedor enfrentar desafios como longas jornadas de trabalho, dificuldades financeiras e de encontrar mão de obra, além de buscar diferenciais para a empresa.
3. Setores que você desconheça
Não adianta investir em um empreendimento sem conhecer a fundo suas especificidades e a concorrência.
Ter experiência anterior no ramo, por exemplo, não é obrigatório, mas aumenta muito as chances de sucesso.
Antes de abrir uma empresa, o ideal é estudar o setor, conversar com outros empresários do ramo, fornecedores e clientes. “Todo mundo acha que sabe empreender na área de alimentação, que está aquecida, mas a maioria desconhece as armadilhas desse setor”, exemplifica Iavelberg. “As chances de se dar bem são maiores para quem já conheça o ramo.”
4. Mercados saturados
Dessa maneira, estudar o setor onde o empreendedor pretende atuar também é importante para identificar se há espaço para novos concorrentes.
Especialmente no caso dos modismos, cuja característica principal é a expansão rápida, os pioneiros no ramo enfrentam ampla e agressiva concorrência, enquanto os novatos encontram dificuldade de se destacar em um mercado muito competitivo.
“É como abrir uma barraca em uma feira: é fácil de fazer, mas fica difícil se destacar em meio a tantos concorrentes”, diz Aidar, da FGV. Fugir da concorrência, optando por regiões e cidades com menos investimentos, pode reduzir os riscos de fracasso. “De repente, abrir uma loja de frozen yogurt pode ser um mico em São Paulo, mas ter espaço no Pará”, sugere o sócio da consultoria Empreende, Eduardo Vilas Boas.
5. Mais do mesmo
Todas as dicas anteriores esbarram em um fator em comum: a falta de uma característica que diferencie uma empresa das demais.
Os especialistas garantem que inovar é essencial para a sobrevivência de um negócio. “Muitas vezes o empreendedor vê uma banca de jornal fazer sucesso perto da sua casa e, em vez de criar algo diferente, abre uma outra banca igual em frente ao concorrente”, diz Vilas Boas, da Empreende.
No mercado de compras coletivas, por exemplo, as empresas pioneiras que investiram em algo que até então era inovador, estão hoje na liderança do setor, enquanto parte dos concorrentes que apenas copiaram o modelo original já fecharam as portas ou enfrentam dificuldades para crescer, justamente pela falta de um diferencial. Inovar, no entanto, exige paciência e perseverança. “A novidade pode demorar anos para fazer sucesso, por mais fantástica que seja”, diz Iavelberg.
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