A comunicação não violenta é uma resposta para
qualificar as relações dentro de uma empresa e transformar sua cultura.
Em um primeiro momento, pode até parecer algo utópico para o sempre
competitivo mundo dos negócios.
Na prática, porém, estamos falando sobre uma das estratégias de comunicação
mais eficientes para as empresas, pois ajuda a mediar conflitos,
abrir espaço para o diálogo e melhorar o clima organizacional.
Como resultado, é possível aumentar a produtividade e
o engajamento, além de criar um ambiente de trabalho mais humano,
transparente e inclusivo.
Neste conteúdo, vamos explicar a importância da comunicação não violenta
e como aplicá-la no seu negócio.
O que é comunicação não violenta (CNV)?
Comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem que propõe formas
empáticas e compassivas de se comunicar com o outro.
Nas palavras do criador do conceito, o psicólogo clínico Marshall Rosenberg, a CNV é “uma forma de
comunicação que leva a pessoa a se entregar de coração, criando uma conexão
consigo mesma e com os outros”.
Para isso, é pautada no termo “não-violência”, que significa o estado
compassivo natural do ser humano, conforme o entendimento de Gandhi.
Não se trata de uma técnica para mediar conflitos, embora possa trazer
esse resultado.
É, na verdade, um método desenvolvido para aumentar a empatia e melhorar
a qualidade dos relacionamentos interpessoais.
O objetivo é alcançar a harmonia entre os dois lados do diálogo com base
nas necessidades fundamentais do ser humano e no princípio de colaboração.
Por suas características, a comunicação não violenta tem sido aplicada
na psicoterapia, no mercado de autoajuda e também nas empresas, que descobriram
o impacto positivo dessa abordagem na cultura organizacional.
Como ela surgiu
A comunicação não violenta surgiu no início dos anos 1960 com
o trabalho do já citado psicólogo Marshall Rosenberg.
Na época, ele atuava em projetos de integração racial em escolas e
organizações do sul dos Estados Unidos, tendo por objetivo reduzir a intensa
discriminação e promover a igualdade entre brancos e negros.
Assim, a primeira versão do guia da CNV foi formulada como parte de seus
treinamentos, em 1972, contendo orientações sobre sentimentos, necessidades e
comportamentos para facilitar diálogos dentro das
instituições.
Com o passar dos anos, o psicólogo usou a abordagem em programas de paz
em Ruanda, Burundi, Nigéria, Malásia, Indonésia, entre outros países em
situação de conflito.
Então, surgiu o livro Comunicação Não Violenta:
Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais (Editora
Ágora, 2006), com primeira edição em 1999.
Para desenvolver a sua abordagem, Rosenberg se baseou em conceitos da
psicologia humanista, como a terapia centrada na pessoa, que lida
com as diferentes formas pelas quais os indivíduos se percebem
conscientemente.
Uma de suas grandes influências foi Carl Rogers, o psicólogo que iniciou a
tendência humanista e priorizou conceitos como a escuta empática.
Importância da comunicação não violenta
A comunicação não violenta é uma estratégia valiosa para promover relações
de parceria e cooperação entre as pessoas.
Ela ajuda a reavaliar comportamentos e sentimentos em relação a nós
mesmos e aos outros, colocando a empatia em primeiro lugar.
O princípio básico da CNV é que a maioria dos conflitos surge de problemas
de comunicação, além do uso da linguagem coercitiva e manipuladora.
Com frequência, nós usamos o medo, a vergonha, a ameaça e a acusação
para lidar com situações de discordância e impor nossas ideias.
Só que essa atitude não é nada produtiva e impede que as pessoas
enxerguem o que realmente importa em uma discussão: esclarecer
sentimentos, necessidades, percepções e, principalmente, comunicar o que
queremos que o outro faça.
Em um ambiente de negócios, faz muito mais sentido utilizar a CNV para
melhorar o entendimento entre as pessoas do que persistir em mal-entendidos e
conflitos que se perpetuam.
Ao contrário do que se imagina, o método não propõe uma atitude passiva
ou afetuosa, mas simplesmente o uso inteligente da
empatia e da cooperação nos diálogos para chegar a um acordo bom para
todos.
A comunicação não violenta nas empresas
A comunicação não violenta vem se mostrando uma excelente metodologia
para melhorar as relações dentro das empresas e aumentar a
produtividade.
Isso porque manter diálogos abertos e integrar pessoas ainda é um grande
desafio no ambiente de trabalho.
De acordo com uma pesquisa da Harvard Business Review publicada em 2020
no HR Technologist, 69% dos gestores não se sentem à vontade
para se comunicar com suas equipes.
Já um estudo publicado em 2020
na Everyone Social revela que um terço dos colaboradores dos EUA acreditam que
a falta de uma comunicação mais aberta e honesta dentro da empresa afeta
sua motivação.
Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que a simples melhora na conexão entre
os funcionários pode aumentar a produtividade em até 25%.
Vale citar ainda a pesquisa “Most In-demand Hard and Soft
Skills”, publicada em 2020
pelo LinkedIn.
Ela revela que a colaboração e inteligência emocional estão
entre as habilidades comportamentais mais buscadas no mercado de trabalho.
São estudos que deixam claro que há espaço para a implementação da
comunicação não violenta como estratégia para aumentar a colaboração e melhorar
o clima organizacional.
Quais são os pilares da CNV?
A comunicação não violenta se sustenta sobre quatro principais pilares:
1. Observação
É necessária para separar fatos de julgamentos, fazendo uma análise
criteriosa de nossos preconceitos e vieses inconscientes.
Na prática, consiste em se colocar na posição de observador imparcial
e entender a situação antes de adotar uma postura defensiva ou
julgadora.
2. Sentimento
Além de entender os fatos, precisamos avaliar quais sentimentos as falas
do outro nos despertam e entender como ele reage às nossas colocações.
Por isso, é necessário falar abertamente sobre como nos
sentimos, e não apenas discutir fatos em uma conversa.
3. Necessidades
Saber o que queremos e o que o outro quer é mais um
requisito para a comunicação efetiva.
Na prática, significa explicar quais necessidades geram determinados
sentimentos e qual o objetivo da conversa.
4. Pedido
Parece simples, mas a maioria de nós tem dificuldade de fazer um simples
pedido sem soar como uma imposição ou exigência.
Por isso, a CNV ensina a fazer solicitações ao outro e ajudá-lo a
atender o pedido com clareza.
Como implantar a comunicação não violenta no seu negócio
Se você acredita que a comunicação não violenta pode ajudar seu negócio,
temos algumas dicas importantes para implementar essa abordagem.
Faça o diagnóstico da cultura e comunicação da empresa
O primeiro passo para adotar a comunicação não violenta na sua empresa é
fazer um diagnóstico da cultura organizacional e entender como as
pessoas se relacionam.
Para isso, você pode usar sua pesquisa de clima organizacional, fazer
entrevistas, analisar os feedbacks dos
colaboradores, entre outras ações.
Dessa forma, é possível identificar se há problemas contínuos com mal
entendidos, dificuldade para expressar opiniões, bloqueios em
relação aos líderes e
falta de canais de comunicação adequados, por exemplo.
Além disso, é importante avaliar como as pessoas se comunicam, se há
muitos conflitos e se os colaboradores conseguem dar ideias e sugestões.
Comece a mudança pela liderança
Os líderes da organização devem ser os primeiros a se
comprometerem com a comunicação não violenta.
A abordagem faz parte do conceito de liderança positiva, que busca guiar
os colaboradores para alcançar seu potencial máximo e criar relações de
confiança, em vez de apostar no autoritarismo.
Logo, a mudança deve começar de cima, com os líderes dando o
exemplo e colocando em prática as técnicas da CNV.
Invista em conteúdo e treinamentos
A adoção dos princípios da CNV não acontece da noite para o dia nas
empresas.
Naturalmente, seus colaboradores terão de passar por um processo
de aprendizagem.
Por isso, cabe a você desenvolver treinamentos e conteúdos sobre
a comunicação não violenta, além de incentivar a capacitação.
É importante que os materiais tragam exemplos práticos baseados em
situações do dia a dia, como:
- Dizer
“fiquei chateado porque você não me chamou para a reunião do projeto,
então, peço que me inclua na próxima para que eu possa contribuir”
em vez de “não adianta falar comigo agora se você não me chamou para a
reunião”
- Dizer
“estou preocupado porque a entrega é para as 16h e o cliente está contando
conosco” em vez de “o prazo é às 16h e acabou”
- Dizer
“preciso que você tenha mais atenção com o horário de
entrada, pois sua presença é necessária para as demandas da manhã” em vez
de “não vou tolerar outro atraso”.
Valorize a escuta corporativa
Para implementar a comunicação não violenta, é preciso, antes de
tudo, ouvir suas equipes.
Para isso, vale criar canais de comunicação diretos para receber ideias,
sugestões e também queixas.
Além disso, é fundamental monitorar a opinião coletiva para
mediar possíveis conflitos e implementar novas medidas que facilitem as
relações.
Crie ambientes colaborativos
Por fim, a CNV só pode funcionar em um ambiente com livre troca
de ideias e compartilhamento contínuo de informações.
Por isso, invista na criação de espaços colaborativos, elimine as
barreiras entre as equipes e garanta o acesso à informação na
sua empresa.
Você também pode utilizar a tecnologia e aproximar ainda mais as pessoas
com softwares colaborativos.
Seja qual for a estratégia, nós podemos ajudar você a promover a
escuta corporativa no seu negócio e garantir um ambiente de trabalho
mais humano, transparente e inclusivo.
Copiado: https://www.poderdaescuta.com