Ter uma atitude de gentileza faz
bem para o mundo e, principalmente, para quem pratica.
A gentileza faz com que o homem
pareça exteriormente,
como deveria ser interiormente.
Jean de la Bruyère
Se há algo com o que tem me
proporcionado um profundo inconformismo é a falta de gentileza e amorosidade
que estamos vivenciando no mundo. É um “salve-se quem puder” em todos os
aspectos de nossas vidas.
No trânsito, nas relações de trabalho e até mesmo nas
relações familiares e nas amizades. Qual foi a última vez que você realmente
ouviu um amigo sem estar olhando no celular ou pensando no próximo compromisso
que você terá no dia. Estamos nos desconectando de nossa essência e isso é
extremamente perigoso! Afinal, sem amor e gentileza a humanidade só irá
regredir!
E é por isso que eu lhe pergunto:
você é gentil? Sabe realmente o que significa gentileza? Muita gente confunde
ser gentil com noções básicas de educação formal. “Sou gentil porque dou o meu
lugar para uma pessoa mais velha se sentar. Sou gentil porque cumprimentei meu
vizinho no elevador pela manhã…” Claro que essas atitudes são atos de
gentileza, mas a essência do sentimento vai muito além de algumas ações formais
e automáticas.
Gentileza é a qualidade do que é
gentil, do que é amável. Gentileza é uma amabilidade, uma delicadeza praticada
pelas pessoas. É uma forma de atenção e de cuidados que torna os
relacionamentos mais humanos e menos ríspidos. Quem pratica a gentileza não tem
má vontade, não é indiferente, e sim, cuidadosa, distinta e delicada.
Vivemos em um mundo altamente
competitivo. Competimos no trabalho, por espaço no trânsito, por atenção nas
redes sociais. E assim, vamos nos distanciando da preocupação com o outro, das
noções básicas de empatia e gentileza.
No entanto, podemos sempre nos
reconectar com esse sentimento. Não é algo simples, mas que, ao fazermos,
trazemos enormes benefícios para as nossas vidas e para aqueles que nos
rodeiam.
E é isso que vamos abordar neste
artigo! Faz a gentileza de me acompanhar?
Correria e competitividade não são
opostos da gentileza
Somos seres conectados e
interativos. Estamos todos os dias e todas as horas em constante interação e,
hoje, por meio das ferramentas de mídias sociais e de comunicação on-line,
somos capazes de estar em contato com as pessoas das mais variadas localidades.
Porém, apesar dessa constante interatividade, o que vemos é que as relações
interpessoais próximas parecem cada vez mais superficiais, e, consequentemente,
palavras como cortesia, empatia e amabilidade afiguram-se mais distantes de
nossa realidade.
A impressão que nos fica é que a
vida moderna, repleta de competitividade e escassa de tempo, dificulta as
relações de gentileza e delicadeza. Afinal, como ser gentil enquanto
enfrentamos o trânsito caótico das grandes cidades? Como ter tempo e
paciência para ouvir o outro em um dia a dia tão cheio de tarefas e obrigações?
Para reforçar essa imagem, no meio
corporativo, muitas vezes, atitudes duras e arrogantes são até consideradas
necessárias para alcançarmos o respeito profissional. Em um mundo cada vez mais
apressado e competitivo, é comum as pessoas acreditarem que a agressividade é o
caminho mais rápido para o sucesso.
Mas será que atitudes arrogantes e
agressivas conquistam a confiança alheia e garantem o sucesso em longo prazo?
No livro “O Poder da Gentileza”,
Linda Kaplan Thaler e Robin Koval mostram que não. Executivas de uma das mais
prósperas agências de publicidade dos Estados Unidos, elas descobriram cedo que
ser gentil é tão importante quanto ser eficiente.
É claro que amabilidade apenas não
basta, pois trabalho duro, inteligência e talento também são essenciais.
Contudo, segundo as autoras, ser delicado e atencioso, em vez de egoísta
e grosseiro, pode impulsionar sua carreira muito além do resultado mais
imediato e mais importante: tornar a vida de todos mais agradável.
A partir de exemplos reais, a obra
analisa o impacto positivo que a gentileza tem para cada um de nós, bem como as
vantagens empresariais de se adotar uma cultura da simpatia, com menor
rotatividade, menores custos de recrutamento e maior produtividade.
Ser gentil é bom para você!
Ser gentil é bom para você!
E tratar bem as outras pessoas não
é apenas um ato de educação ou uma vantagem profissional. É algo que também é
bom para sua saúde e sua vitalidade.
Pelo menos é o que afirma a
pesquisadora de psicologia, Barbara Fredrickson, autora do livro Love 2.0:
Transformando Felicidade e Saúde em Momentos de Conexão. Ela estuda como os
“micromomentos” de conexão com os outros, como compartilhar um sorriso ou expressar
preocupação, melhoram a resiliência emocional e reduzem a susceptibilidade à
depressão e à ansiedade.
Na visão de Fredrickson, nossas
psiques precisam de conexão humana afirmativa da mesma forma que nossos corpos
precisam de alimento saudável.
“Momentos de elevação e emoções
positivas funcionam como nutrientes para a criatividade, crescimento e saúde”,
diz.
Por isso, ao sermos gentis e
buscarmos a empatia e a amorosidade em nossas relações, estamos fazendo bem
para nós mesmos!
Estudo realizado pela professora
Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, demonstrou que a gentileza
pode nos deixar mais felizes. Ela pediu a um grupo que praticasse atitudes
gentis durante dez semanas e verificou que a felicidade aumentou
consideravelmente no período do estudo.
Isso porque a gentileza está
ligada ao gene que libera a dopamina, o neurotransmissor que proporciona
bem-estar. Por isso, aqueles que ajudam os outros regularmente têm mais saúde
mental e menos depressão. Pessoas solidárias têm menos probabilidade de sofrer
de doenças crônicas, e seu sistema imunológico tende a ser melhor, pois existe
uma relação direta entre bem-estar, felicidade e saúde.
Pessoas gentis não são
individualistas, respeitam o trabalho do colega, razão pela qual chegam mais
longe, já que abrem caminhos de comunicação com os outros e se tornam mais
acessíveis.
E agir assim pode ser muito mais
fácil do que parece. Afinal, ao contrário do que muitos pensam, a gentileza não
é uma escolha, mas sim, um instinto natural do ser humano.
Uma teoria publicada pelo
professor Sam Bowles, do Instituto Santa Fé (EUA), chamada de “sobrevivência do
mais gentil”, afirma que a espécie humana sobreviveu graças à gentileza.
Segundo Bowles, os grupos altruístas cooperam e colaboram mais para o bem-estar
do próximo e da comunidade, a fim de garantir a sobrevivência.
Por outro lado, as pessoas
aprendem a ser egoístas e escolhem esta atitude em determinadas
situações.
Um dos principais exemplos disso é
um experimento realizado em 2012 por professores da Universidade Harvard,
nos Estados Unidos. Com o objetivo de descobrir se a natureza humana é egoísta
ou gentil, os pesquisadores recrutaram universitários e os dividiram em grupos
de quatro. Cada estudante recebeu uma quantia de dinheiro e teve a opção de
separar um pouco do valor para ser multiplicado e distribuído entre o restante
dos participantes. Os participantes ganhariam algo, mesmo sem compartilhar,
mas, apesar da tentação de ser egoísta, a maioria das pessoas
escolheu por contribuir com o restante.
A gentileza vai além: em um
estudo realizado por psicólogos da Universidade Yale, nos Estados Unidos,
afirma-se que o primeiro instinto das pessoas é cuidar e salvar os
outros. Os pesquisadores entrevistaram várias pessoas que tinham se arriscado
por desconhecidos. “A maioria das pessoas acredita que somos instintivamente
egoístas, mas nossos experimentos mostram que, quando as pessoas dependem de
seus instintos, elas são mais cooperativas”, explicou o psicólogo David
Rand, de Yale.
Os pesquisadores sugerem ainda que
o egoísmo se evidencia quando as pessoas param para pensar antes de tomar
uma atitude. Ou seja, a gentileza faz parte do instinto, o egoísmo é
uma escolha.
Mas, se ser gentil é nosso
instinto, por que observamos cada vez menos atitudes de amorosidade?
A resposta pode estar em mecanismo
do nosso cérebro que contém um viés de negatividade.
Para nos proteger do perigo que
nos espreita diariamente, seja pela violência das grandes cidades, ou pela
competitividade extrema, nosso cérebro mantém nossos comportamentos de
sobrevivência primários rotineiramente acionados. Desse modo, vivemos em um
estado de escassez fundamental, que nos impele a uma tendência de autofoco. Nós
começamos a acreditar no “sou eu ou eles.” Todo o tempo.
Sob este tipo de pressão, a própria
ideia de ser gentil – manter as necessidades e sentimentos dos outros em mente,
mostrando cuidado e empatia – pode começar a parecer um luxo ou até mesmo
tolice.
Felizmente, porém, podemos cortar
essas tendências automáticas construindo conscientemente novos hábitos mentais.
“O cérebro tem a habilidade maravilhosa de tornar as coisas automáticas”, diz o
PhD no tema, o psicólogo Elisha Goldstein. “Quando você tem consciência de que
você quer ser gentil, e então você pratica, você está essencialmente reconectando
a parte compassiva de sua mente.”
E é exatamente o ato de se
concentrar nos outros o que pode reduzir nossas ansiedades e nos tirar desse
estado de alerta constante.
Portanto, se começarmos a pensar
mais no outro e menos em nós mesmos, vamos nos conectar com aquele instinto
mais primitivo de sobrevivência do mais gentil e passar a viver com menos
ansiedade e estresse. E os frutos dessa atitude só tendem a melhorar e
beneficiá-lo, explica Goldstein.
“A bondade fica mais fácil com a
prática.” Quando somos bons com os outros, diz Goldstein, nossos hábitos
mentais de escassez, negatividade e rigidez começam a mudar. Tornamo-nos cada
vez menos preocupados em obter nossa parte e mais interessados em ajudar os
outros.
Faça o teste! Pratique a gentileza
e você verá que todo o carinho e afeto que você proporciona voltam em dobro
para você mesmo!
O vírus contagioso da gentileza
Com certeza você já deve ter
ouvido o ditado – gentileza gera gentileza. E é exatamente nisso em que
acredito! Vejo que a gentileza é como um “vírus” contagioso do bem: quanto mais
gentis somos, mais nossa vida fica melhor e mais alegre, e mais pessoas ao
nosso redor passam a agir da mesma maneira!
Ser gentil é um modo de agir, um
jeito de ser, uma maneira de enxergar o mundo. É uma atitude muito mais
sofisticada e profundada que ser educado. Conheço muita gente que segue todas
as regras de etiqueta e de educação em um jantar sofisticado, mas que é incapaz
de dar um sorriso sincero ao manobrista, no momento de pegar o carro. Ser
gentil tem ligação com o caráter, com valores e ética.
Pessoas gentis tentam se colocar
no lugar do outro, são bons ouvintes e praticam a arte da paciência. Além
disso, são capazes de pedir desculpas, quando descobrem que erraram, são
solidárias e companheiras. Procuram analisar as situações e serem justas. São
capazes de resolver muitos conflitos, somente com seu jeito de ser.
Quem é verdadeiramente gentil o é
em casa com seus familiares, com seus amigos, com seu chefe, mas também com
subalternos. Ser gentil só com quem pode lhe proporcionar algo em troca não é
gentileza, é interesse!
Dizem que o favor é feito com o
cérebro, e a gentileza com o coração, ou seja, ser gentil não é um gesto
planejado.
Seja gentil com as pessoas, e
elas, provavelmente, serão gentis com você também. Como disse Shakespeare: “Eu
aprendi que ser gentil é mais importante do que estar certo”.
Eu realmente acredito no poder da
gentileza e busco praticá-la todos os dias da minha vida. E percebo como um
simples sorriso tem o poder de realizar mudanças! Por isso, agora lhe lanço um
desafio. Ao longo do dia, elogie alguém que trabalha com você e fez um bom
serviço, abrace com força e carinho seu par, filhos ou pais, ouça com atenção
quando alguém lhe procurar com um problema. Pratique a empatia e a
gentileza!
E é por acreditar no poder transformador
da gentileza lhe convido a praticarem essa atitude, levando uma vida com mais
amorosidade e atenção ao próximo.
Tente fazer isso ao menos por uma semana e verá os resultados maravilhosos que
vai colher em sua vida!
Copiado: http://www.renataspallicci.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário