Sim, eu admito: todos nós, em algum momento, já praticamos a fofoca. Ou algo que se aproximasse tanto dela que os seus efeitos ecoassem iguais ou piores que a de um mexerico mal intencionado.
Espalhar qualquer informação sem nos preocuparmos em saber se é ou não verdade pode causar um dano irreversível à vítima. E, em alguns casos, mesmo sendo verídico, espalhar algum fato sobre alguém pode constituir crime passível de detenção (veja quadro abaixo).
A tática do fofoqueiro é a mesma e costuma funcionar.
Alguém cria uma mentira para que o fofoqueiro a espalhe e o próximo
a escutar acredita por se tratar de alguém ingênuo, ou, na pior das hipóteses,
por ser portador da síndrome do idiota: quando apurar fatos e questionar sobre
o que lhes é empurrado se torna um trabalho árduo, envolvendo o ato de pensar.
Ser chamado de fofoqueiro é uma grande ofensa para qualquer um, mesmo o ultrajado sabendo que é um mexeriqueiro de carteirinha.
Mas, saiba que existe uma explicação científica para obsessão pela vida alheia.
Um estudo da Universidade de Northeastern, em Boston, nos EUA, descobriu não só
que o subconsciente valoriza a fofoca, como a mente e os olhos prestam atenção
quando estão em jogo informações negativas e mentiras perniciosas.
Ainda segundo alguns cientistas, o cérebro dos fofoqueiros reage dessa forma planejando uma futura defesa, agora dessa vez com um fato verídico.
Especular, inventar, e até mesmo causar intrigas já era motivo de preocupação na Idade Média. E por conta disso foi criada uma espécie de máscara medieval feita para impedir que pessoas cometessem o ato falho de falar da vida alheia.
Uma punição poderia levar ao bisbilhoteiro dias
com a cabeça presa a uma invenção não muito confortável.
Há na Bíblia várias passagens que condena a fofoca. No livro de Romanos narra como Deus está derramando a Sua ira sobre aqueles que rejeitam as Suas leis. A lista de pecadores inclui murmuradores e detratores (Romanos 1:29-32). O que prova o quanto a fofoca era levada a sério desde aquele tempo.
Há também mais passagens sobre futricos em outros livros das
escrituras. "A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios
um laço para a sua alma. As palavras do mexeriqueiro são como doces bocados;
elas descem ao íntimo do ventre" (Provérbios 18:7-8). Ou, “o que guarda a
sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias” (Provérbios 21:23).
Um fofoqueiro pode ser também uma pessoa que tem informações privilegiadas sobre outras pessoas e revela essa informação àqueles que não precisam saber.
Os fofoqueiros, geralmente, têm a intenção de se parecer alguém justo, ao passo em que outras pessoas se pareçam más.
Eles
também falam dos erros e defeitos dos outros, ou revelam detalhes embaraçosos,
ou mesmo vergonhosos sobre a vida do próximo.
É bem provável que eu, você e o seu melhor amigo já tenhamos nos tornado alvo de algum falatório pelo menos uma vez na vida. E mesmo que você diga que não se importa com quem anda falando a seu respeito não é legal ter seu nome envolvido em especulações que na maioria das vezes passa longe de ser verdade. Pois bem, saiba que acusar ou ofender a dignidade de alguém são, ambos, crimes passíveis de penas de detenção. Entenda melhor do que se trata calúnia, difamação e injúria.
Acusar alguém publicamente de um crime.
Acusar alguém publicamente de um ato desonroso,
porém não definido como crime. Trata-se de um crime contra a reputação. Então,
mesmo falando a verdade, espalhar publicamente o fato ofensivo é crime.
Ofender a dignidade ou o decoro de uma pessoa – é
como a difamação, mas a ofensa não é pública.
Não importa o quão delirante e infundada é a fofoca em si, mas bata um rumor para despertar o interesse nas pessoas sem resistência a qualquer diz-que-diz.
E é assim que funciona no terreno fértil que é a
internet, onde bilhões de pessoas estão conectadas e tende a ser o alvo certo
da sensibilidade de um coletivo no mundo moderno.
E é assim em Jussiape, uma cidade com pouco mais de 7 mil habitantes, onde tudo o que acontece tem seu desenrolar acompanhado. Seja pelo WhatsApp ou pessoalmente os fofoqueiros não perdoam ninguém. De quem pula a cerca a quem ganha sem trabalhar. Ninguém está a salvo das fofocas.
É necessário que tenhamos ouvidos inteligentes que ajam como verdadeiros filtros, separando a especulação maledicente da informação genuína. Mas, o que pode ser feito de fato para inibir os efeitos de um fuxico?
Algo importante a se fazer é não estimular quem nos conta qualquer boato, para isso basta agir com desinteresse para que o fofoqueiro saiba que o cochicho não nos interessa.
Outra dica importante é não dá asas ao que foi
dito. Se cheira a fofoca é muito provável que o acontecido está revestido de
mentiras perniciosas.
Que tal praticar o reverso mesmo se você não for um fofoqueiro? Experimentar praticar o bem é uma ideia que pode funcionar. Em vez de investir comentários maldosos, podemos falar, por exemplo, o quanto o novo funcionário é talentoso e gentil. Ou, então, que a tia de meu colega de inglês cozinha bem.
Afinal, a fofoca pode causar danos irreversíveis, contudo temos que ter consciência de que vivemos em comunidade e a vida em grupo sempre será permeada por especulações das mais diversas.
Não tem jeito, sempre correremos o risco de sermos assunto de um mexerico.
Precisamos entender que a fofoca é uma forma de estratagema de lidar com o poder.
A saída mais inteligente é tentarmos sermos íntegros, transparentes e não alimentar qualquer tipo de atitude que ponha em risco a imagem ou reputação do próximo.
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