“Grandes empreendedores estão confortáveis em estarem desconfortáveis.” – Steve Blank
Na minha experiência como psicólogo e treinador, aquilo que mais promovo e ao mesmo tempo me confronto diariamente é como estimular os meus clientes e atletas a fazer coisas que lhe facilitem os seus objetivos, resolvam os seus problemas ou promovam comportamentos saudáveis. Alimentação regrada, exercício físico, deixar um mau relacionamento, iniciar um novo negócio, iniciar uma nova técnica, mudar uma crença, ser mais assertivo, estas são algumas das muitas coisas que as pessoas normalmente querem realizar, mas falham na tomada de ação.
Evitamos essas coisas porque, de uma forma ou de outra, todos elas envolvem diferentes tipos de dor. Se você quer perder peso, tem que enfrentar a dor de privar-se dos alimentos que você gosta. Se quiser deixar um relacionamento, você tem que enfrentar o fantasma da solidão. Se você quer começar um novo negócio, você tem que enfrentar a possibilidade de não ter êxito. Se um atleta quer alterar uma técnica, tem de lidar com o desconforto dos novos movimentos.
Se pretende mudar uma crença, tem de lidar com uma nova forma de pensar. Se gostava de ser mais assertivo, tem de aprender a comunicar melhor e a estar atento às suas reações e consequências dos seus comportamentos.
Não importa se evitamos essas coisas uma ou duas vezes por ano. Mas para a maioria de nós, a evasão torna-se um modo de vida. Barricamo-nos atrás de uma barreira invisível que não nos permite aventurarmo-nos, porque para lá desse muro fica a experiência de dor e mal-estar. Esse espaço seguro, onde nos sentimos seguros e confortáveis, chama-se “zona de conforto.” Nos casos mais extremos, as pessoas realmente escondem-se atrás dos muros da sua própria casa.
Isto verifica-se na fobia social em que a pessoa foi restringindo a sua zona de conforto aos limites das paredes da sua casa. Mas para a maioria de nós, a zona de conforto não é um espaço físico, é um modo de vida, que faz com que se evite qualquer coisa que possa ser doloroso ou que possamos perspectivar esforço acrescido.
Inevitavelmente isso inibe o alcance de alguns dos nossos objetivos, dado que nos afastamos dos caminhos dolorosos. E certamente, em algumas áreas da nossa vida, o sucesso é edificado na capacidade que temos de enfrentar obstáculos e dificuldades.
O preço a pagar pela zona de conforto
Para que você possa ter uma experiência pessoal, tente o seguinte exercício:
Feche os olhos. Pense em algo que você cronicamente evita fazer, por exemplo, conhecer novas pessoas, equilibrar as finanças pessoais, uma conversa difícil ou voltar a estudar. De que forma você se organiza ao ponto de evitar fazê-lo? Imagine que padrão de evitamento permite com que você não faça essas coisas. Essa é a sua zona de conforto. Qual é a sensação?
É muito provável que quando você evita algo que lhe é incómodo, depois se sinta como se estivesse num lugar seguro e familiar, livre da dor que o mundo pode provocar-lhe. Mas o exercício deixa de fora um ingrediente que também é parte da zona de conforto da maioria das pessoas.
Simplesmente escapar à dor e mal-estar não é suficiente para a grande maioria de nós. Insistimos que a dor pode ser substituído pelo prazer. Fazemos isso com uma infindável variedade de atividades que causam problemas psicológicos e dependências.
Exemplos incluem, vício das redes sociais, drogas, álcool e jogo, pornografia, ou compras excessivas. Todos estes comportamentos são muito comuns na tão proclamada cultura de conforto. Este tipo de comportamentos indesejados, são impulsionados pela tentativa da pessoa diminuir a ansiedade.
A pessoa escolhe atividades que permitem reduzir a ansiedade e ao mesmo tempo lhe proporcionem prazer, no entanto essas mesmas atividades a longo prazo irão causar uma dor maior do que a saída saudável da sua zona de conforto.
O quer que seja que consista a sua zona de conforto, você paga um preço enorme por isso. A vida oferece possibilidades incríveis, mas você não pode aproveitá-las sem ter que enfrentar algum tipo de dor, esforço, sacrifico ou sofrimento. Se você tem um baixo índice de tolerância à dor e mal-estar, é importante ganhar a noção que isso pode ser um tremendo impeditivo ao desenvolvimento do seu potencial. Há muitos exemplos disso.
Se você é tímido e evita as pessoas e o contato social, irá perder a oportunidade de estabelecer imensos contatos que poderiam enriquecer a sua vida. Se você é criativo, mas não suporta críticas, você certamente afastará a grande maioria das pessoas que poderiam apreciar (a fundo) o seu trabalho. Se você é um líder e não pode confrontar ou estabelecer laços com as pessoas, ninguém vai segui-lo. Ao ficar na sua zona de conforto, você acaba abandonando a maioria dos seus sonhos e aspirações.
Apresento alguns artigos que podem ajudá-lo a promover a saída da zona de conforto e a explorar todo o seu potencial e oportunidades de vida:
- Como superar a timidez
- O poder da ação: Fazer o que é necessário ser feito
- 10 Exercícios para melhorar a sua força de vontade e auto-disciplina
Ação massiva faz quebrar a zona de conforto
É importante que perceba o custo terrível de manter-se na sua zona de conforto e evitar comportamentos, atitudes e atividades que podem contribuir para o seu desenvolvimento pessoal. Sei por experiência que transmitir por si só a informação anterior, não é suficiente para levar as pessoas a mudar. A razão é que a informação funciona com base no nível de pensamento consciente ou racional. Mas a parte de nós que evita a dor é completamente processada de forma subconsciente.
Aquilo que nos provoca medo ou dor, sofrimento e mal-estar, faz-nos disparar um alarme de proteção:“Isto é terrível para mim” ou “Isto é muito difícil” ou “Isto pode vir a ser embaraçoso para mim” e consequentemente faz com que a pessoa se agarre à sua zona de conforto, como se sua vida dependesse disso.
Lutar com um medo forte e irracional é extremamente difícil. Em vez disso, você precisa de uma força, de uma estratégia e de entendimento de como funciona o nosso organismo perante uma ameaça (mesmo uma ameaça imaginada). Você beneficia de aprender a movimentar-se por aquilo que quer e pretende alcançar e não por aquilo que teme ou lhe causa ansiedade.
Você não é o seu medo. E sentir medo, apesar de ser desagradável, não é certamente aquilo que melhor o define. Você certamente possui forças e virtudes em si mesmo que possibilitam enfrentar alguns dos seus receios. E sair da sua zona de conforto é um excelente treino para enfrentar aquilo que teme.
A saber: Aproximar-se daquilo que deseja é promotor da sua felicidade, afastar-se daquilo que teme e lhe causa ansiedade extrema, é um promotor de infelicidade.
Copiado: https://www.miguellucas.com.br
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