Em tempos de redução de custos, cortes em equipes e
recessão econômica muitos profissionais foram demitidos e contratos encerrados.
Mas, até mesmo antes de o país se afundar nessa crise, uma cena já era bastante
conhecida nas empresas: o acúmulo e o desvio de funções.
São profissionais de relações públicas tratadas
como secretárias, secretárias executivas sendo vistas e tratadas como
assistentes pessoais da gestora, analistas trabalhando como gestores sem
receber um salário equivalente. E essa lista não para de crescer. E por que
isso acontece tanto?
Por um lado, há a figura do gestor, que quer ter
mais tarefas executadas sem ter que fazer novas contratações; do outro, o
funcionário, que por medo de perder o emprego, acaba assumindo uma segunda
atividade diferente daquela para o qual foi contratado.
O quanto
isso nos afeta? Quão mal pode fazer assumir algo com o qual não temos identificação
e empatia?
Já ouvi colegas se orgulharem de dizer "Aqui
dentro da empresa sou como canivete. Faço um pouco de tudo que pedem" ou
"se estão me pedindo para fazer coisas de fora da minha função é sinal que
me reconhecem aqui dentro" e ainda "não reclama, não! pelo menos
estão te passando trabalho".
Hei, calma
aí! Onde é que fica o colaborador, suas competências, a valorização dos seus
anos de dedicação e estudo para se especializar naquilo que faz melhor?
Assim , passam os dias desta crônica tão real do
mundo corporativo e da vida de diversos profissionais excelentes e capacitados,
mas que infelizmente estão alocados em empresas que não reconhecem seu valor e as
especificidades de suas competências.
O problema ocorre quando essa "segunda
função" passa a ferir a ética, princípios e até mesmo o propósito do
funcionário. E um dia ele, que estudou, batalhou, se especializou, correu
atrás, explode e diz: "Não
estudei tanto para isso". E ainda escuta do gestor: "Está
insatisfeito? A porta é logo ali".
Vamos ser
claros?
O desvio de função acontece quando o trabalhador é
contratado para exercer determinada atividade (a qual possui suas atribuições
específicas), mas por imposição do empregador exerce uma função distinta. Já o
acúmulo de função é a situação em que, além de desempenhar suas tarefas
originais, o funcionário incorpora funções de outro cargo.
Especialmente no setor em que atuo, comunicação
corporativa, esta realidade é cada vez mais presente. O mito do "faz
tudo" transformou e continua transformando muitos de nós em
"euquipes" alucinadas. Assim, passamos a fazer coisas que não amamos
e com as quais não nos identificamos nem um pouco.
- Até que ponto a necessidade de exercer múltiplas tarefas pode contribuir para o acúmulo e desvio de funções?
- Como nos posicionar diante dessa situação e como buscar apoio dentro da empresa?
No ambiente empresarial, já recebi pedidos para
desempenhar uma tarefa de forma totalmente equivocada e diferente da que
estudei, li e aprendi na prática. Em muitos momentos, já senti vontade de
bradar: "Estudei muito na vida para isso". Não é simples nem fácil,
em determinadas relações de poder, se posicionar sabendo que há risco de ser
visto como insubordinado e contundente.
O que você faz quando isso acontece? Como reagir?
Por:
Nenhum comentário:
Postar um comentário