Nos últimos 26 anos, eu trabalhei
em mais de 12 lugares diferentes. Teve Alcoa, Bayer, PwC, Unilever, Rhodia,
Ericsson, W.L.Gore (GoreTex), Vagas.com, 99jobs e outros.
Fui vendedor na rua, funcionário
público, estagiário, analista, gerente, diretor, CEO, autônomo, consultor,
empreendedor, sócio de startup, palestrante, escritor e a lista segue me
surpreendendo.
Em momentos diversos da vida,
busquei estímulos diferentes. Às vezes foi dinheiro, outras vezes foi
aprendizado. Houve situações em que valorizei status e outras em que persegui
qualidade de vida. E, com tantas experiências, compreendi que o que me move de
verdade é o IMPACTO.
Eu busco estar fazendo alguma coisa que me desafie, que me faça aprender (ou seja, que eu queira saber mais!), pela qual eu tenha paixão (propósito alinhado à entrega final) e onde eu consiga ver o resultado do meu Trabalho (entenda porque o escrevo com T maiúsculo!)
Eu busco estar fazendo alguma coisa que me desafie, que me faça aprender (ou seja, que eu queira saber mais!), pela qual eu tenha paixão (propósito alinhado à entrega final) e onde eu consiga ver o resultado do meu Trabalho (entenda porque o escrevo com T maiúsculo!)
Na minha jornada, - assim como
você, na sua - tive que superar muitos obstáculos (internos e do ambiente) e
criar condições para crescer! Isso me dá um tremendo orgulho.
Minha carreira (ou seja, a
sequência de experiências relevantes de trabalho que me fizeram um profissional
e ser humano bem-sucedido) foi uma conquista!
Ninguém me prometeu nada. Ninguém
me deu nada.
Certamente, as coisas poderiam
ter sido um pouquinho mais fáceis, se houvesse o volume de informações que
temos hoje e a quantidade de pessoas formidáveis compartilhando suas histórias
e experiências.
Por exemplo, eu poderia ter
entendido essa pérola, que me disseram em tom de piada, lá em 1998. (Caraca! Já
faz quase 20 anos!)
Matar um leão por
dia é fácil. O difícil é desviar das antas!
Apesar do tom pitoresco (e talvez
um pouco intolerante) da frase, tem material para aprendizado aí.
É um desabafo sobre a dificuldade
de encarar o ambiente organizacional, onde encontramos pessoas muito
diferentes, algumas maldosas, com valores conflitantes, comportamentos
negativos, bloqueios de relacionamento, problemas individuais, tomando as
bolinhas erradas, psycho nível hard, >=^( Grrrrrrr! (Ops. Desculpe. Bad
trip. Lembrei de alguns ex-companheiros. Hahaha.)
Essas são as tais “antas”
corporativas. Há muitas.
Acredite: ainda que você seja uma
pessoa de grande coração e excelente profissional, você precisa estar preparado
para lidar com elas! Não é fácil.
E se você acha que, como
empreendedor ou freela, você está livre desse desafio, não se iluda! Como
prestadores de serviços, alguns problemas tendem a aumentar!
No poço das antas, encontramos:
HORÁCIO
Também conhecido como
Braço-Curto, John Armless, T-Rex.
Pode até participar das
discussões, mas não pega nenhuma tarefa ou atividade. Enquanto puder se desviar
do trabalho, vai mostrando o seu gingado e os outros vão tapando os buracos que
aparecem.
Não avança 1 cm além do que é sua
“obrigação”.
Por
que é um problema:
Por que você não pode contar com
sua ajuda e, possivelmente, terá que fazer um pedaço do trabalho dele. Além
disso, com ele no seu time, dificilmente o resultado vai apresentar algo
especial ou surpreendente. O nível tende a ser mediano, para não dizer
medíocre.
Como
lidar:
Seja absolutamente explícito
sobre o que Horácio deve fazer. Ele não entende meias palavras. Não adianta
insinuar que alguma tarefa deva ser realizada por ele. É necessário ser direto
e específico com relação ao que você precisa, ou o que ele deve fazer para
contribuir e atender as expectativas do grupo. Isso pode ser feito com simpatia
e leveza.
Combine prazos e formas de
entrega. Não se iluda com momentos de proatividade e não tenha sua energia
sugada por falsas expectativas.
VIRA-OLHOS
Também conhecido como: Do Contra,
Rabugento, Gargamel ou Grumpy.
Não consegue ver o lado positivo
em nada. Ao ouvir qualquer nova ideia: bufa, chacoalha as perninhas pra mostrar
impaciência, demonstra todo seu descrédito, desdenha das possibilidades de
sucesso e vira os olhos no estilo “Aff... Não sou obrigada...”.
Por
que é um problema:
Porque afunda o moral da equipe e
o seu. É muito difícil manter a energia boa e incentivar a criatividade e ação
ao lado do Vira-Olhos. O time tende a ficar estacionado e boas ideias vão para
o ralo sem sequer serem exploradas a fundo.
Se permanece no time com esse
comportamento, sem ação da organização, puxa a barra de interação e
comprometimento para o chão.
Como
lidar:
Feedback! Direto, com respeito,
mas sem rodeios. Algo do tipo: “Entendo suas preocupações e elas são
importantes para que não sejamos ingênuos quanto ao projeto. No entanto, há um
limite entre atenção e pessimismo. Quando você vira os olhos ou fala mal do
projeto que estamos tocando, isso certamente não ajuda a nossa performance. Não
conseguimos nos conectar com você, quando você rejeita a possibilidade de as
coisas funcionarem por aqui, ainda que haja problemas.”
Em geral, o Vira-Olhos é uma
pessoa que já foi (ou é) comprometida, mas que está decepcionada. É alguém com
potencial, com visão crítica destacada (o que é muito bom!), mas que devido ao
desapontamento (próprio ou com a empresa) está sem forças para contribuir e
escolheu apontar todos os problemas, porque gostaria que não
existissem, mas não ajuda a resolve-los.
Mostrar apreciação, mas ressaltar
a necessidade da mudança de comportamento poderá ajudá-lo a compreender que ao
invés de usar sua energia para mostrar descontentamento, poderá construir um
futuro diferente e mais produtivo!
MISTER UNIVERSO
Também referenciado como
Astro-Rei, Ser de Luz, O Iluminado, Deus.
Naturalmente superior aos outros
mortais do escritório, o Mr. Universo sente que precisa dar suas opiniões sobre
todos os assuntos e vencer todas as discussões. Impaciente ao ouvir as
contribuições alheias, já tem o seu discurso pronto para a réplica e para
justificar porque tem uma ideia melhor.
Normalmente é uma pessoa com
grande potencial e elevado padrão de entrega. Os chefes piram! Adoram. Tem
proatividade, quer resolver, enxerga o problema das outras áreas, envolve-se em
múltiplas ações. Mas precisa muito de reconhecimento individual.
Por
que é um problema:
Porque pode causar um desgaste
gigante na equipe e abafar a voz e a criatividade dos outros. As pessoas
começam a fugir de atividades em conjunto, pois se sentem “usadas”. Além disso,
por, potencialmente, se tornar queridinho/a do chefe, as pessoas têm a
percepção de que o chefe não as enxerga. Assim, uma questão pontual começa a se
tornar uma questão corporativa, cultural. A “empresa” não nos valoriza....
Como
lidar:
Alinhamento de expectativas, clareza
de papéis e distribuição de poder. Uma cultura de inclusão e participação.
O Mister Universo acha que está
ajudando as pessoas com o seu brilho. Ao ser confrontado com a realidade, ele
sofre. Dependendo da maturidade, pode achar que está sendo injustiçado ou pode
compreender que ajustar seu comportamento vai realmente ajudar a equipe. No
final, vai vencer a verdadeira intenção.
PINÓQUIO
Carinhosamente também chamado de
Perna-curta, Pega-na-Mentira, Mágico de Oz.
Mente compulsivamente. Até em
situações de baixa relevância.
Quando é uma pessoa com baixa
capacidade produtiva, rapidamente é descoberto e expurgado da equipe. No
entanto, diversas vezes, é uma pessoa com grande potencial e momentos de
entrega muito positiva. Portanto, ganha credibilidade por sua inteligência ou
habilidade específica - e aumenta seu impacto negativo sobre o time.
Por
que é um problema:
Gera um nível de incerteza muito
grande, com relação a entrega (ou não) das suas tarefas. Indiretamente cria
dois grupos com visões opostas. Os que decidem acreditar ou relevar as mentiras
e o os que têm a visão clara de que tudo não passa de um espetáculo (talvez nem
tão consciente assim). O segundo grupo, desiludido, pode ser juntar aos
Vira-Olhos e abandonar a confiança no futuro da equipe e da organização.
Como
lidar:
Não dependa dele e não faça de
conta que está acreditando. Quando você perceber a mentira, junte material para
deixar claro que não “colou”.
Formalize os acordos e demonstre
as inconsistências. A intenção não é expor ninguém publicamente, mas deixar
claro que o comportamento não funciona com você e que você não vai jogar esse
jogo. Talvez a anta continue na empresa, mas certamente sairá do seu caminho.
Mas atenção, se houver problemas
éticos, legais ou que coloquem a equipe e a organização em risco, a ação deve
ser levada para a liderança, recursos humanos, compliance etc.
SÃO TOMÉ
Outros apelidos calorosos: Mister
M (quer desvendar os seus truques), Mala sem alça, Investigador, PF.
Só acredita vendo. Precisa ser
convencido de que deve colaborar com sua iniciativa ou realizar determinada
atividade.
Quando o chefe pede algo, ele
ajuda e faz o trabalho. Quando você pede, quer saber por que você precisa
daquilo, por que não faz de outro jeito, quer saber os mínimos detalhes da sua
necessidade para avaliar se “concorda”.
Por
que é um problema:
É um saco trabalhar com um São
Tomé. É como se você tivesse que provar que é confiável o tempo todo. Toma
tempo e energia, faz os processos serem mais lentos e atrapalha o clima da
equipe.
Como
lidar:
Empatia.
Oi? É sério isso?
Sim. Busque compreender qual é o
modo de funcionamento do São Tomé. Você vai identificar que há um padrão em
como ele decide sobre te ajudar ou não. Se você encontrar esse canal, poderá se
antecipar aos questionamentos e já passar informações de forma que não haja
questões adicionais. Com o tempo, essa relação começa a ter a confiança
reforçada e você consegue entrar para o time que constrói em conjunto, migrando
do “ver para crer”, para o “crer para ver”.
Há diversos outros perfis que
atrapalham a nossa vida no dia a dia de trabalho. Sempre haverá uma
"anta" no seu caminho. Afinal de contas, as pessoas são singulares e
possuem necessidades, interesses e valores muito específicos. (Talvez até você
seja a "anta" de alguém do seu escritório - ouch!! será?).
Mais importante do que rotular e
analisar os outros, é ter total consciência de que
Você não pode mudar
o comportamento das pessoas, mas pode mudar sua reação em relação a esses
comportamentos.
Portanto, concentre seu foco e
sua energia em como você vai produzir valor (matar leões!) a partir da sua
relação com as pessoas. Todas as pessoas. Sua
carreira depende das relações que você cria e não apenas do profissional que
você é.
Profissionais bem sucedidos não
estão preocupados em "consertar" as pessoas (desviar das antas!).
Estão ocupados tornando-se pessoas maduras, buscando autoconhecimento e
ampliando suas formas de contribuir com as organizações e propósitos com os
quais se comprometem.
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