Sabe aquela resposta que não chega?
- O resultado da entrevista.
- A confirmação da reunião.
- O feedback do chefe.
- O aceite da proposta.
- A assinatura do contrato.
- Fui selecionado?
- Vai comprar meu produto?
- Recebeu meu CV?
- Vou ter aumento?
- Sim?
- Não?
- Fala comigooooo!!
Quantas vezes você já se viu em
alguma dessas situações? Aguardando um retorno que não chegava, sem ter uma
data definida para readequar suas expectativas?
Esse é o tal “banho maria”.
Note que o termo é utilizado
para quem fica aguardando um feedback para um convite ou proposta, mas sua
origem vem da culinária: como cozinhar algo lentamente, em fogo brando,
utilizando água como intermediário para não queimar.
A relação não é à toa.
Ficar em “banho-maria” significa esperar e cozinhar lentamente suas
esperanças de sucesso, enquanto tenta manter a compostura e a máscara
de equilíbrio, entoando mentalmente o hino “Eu Acreditôoooo…”.
A
falta de informação é claramente pior do que a certeza de uma resposta
negativa.
É como se nós
fôssemos corroídos por dentro… E não é curiosidade, não! É insegurança,
incerteza da nossa capacidade, frustração e, finalmente, desespero.
E, com toda
razão, quando isso acontece, você fica p*** com a pessoa que não te responde!
Mas por que
raios isso acontece??
1) Uma parte
das “não respostas” é causada por incompetência. Simples assim.
Pessoas,
processos e organizações que não funcionam direito. Não conseguem cumprir o que
tinham planejado ou combinado no modelo das atividades.
2) Outra
parte tem uma motivação com profundas raízes culturais.
Opa… Isso
quer dizer que você não sofre só o efeito! Você também é causa!
Muito
provavelmente (eu diria “certamente”, mas vamos deixar esse espaço para dúvida
e evitar a rejeição ao texto), você já passou por alguma situação social em que
deixou de dar o retorno para alguém sobre um compromisso (a gente se vê na
semana que vem #sqn), ou visita (eu passo lá #sqn), ou entrega (depois te levo
o livro #sqn), ou participação (eu quero participar #sqn) etc. etc.
E o que isso
tem a ver? Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa!!!! (Tá bom,
ficou irritado!… Calma… Respire….)
Desculpe te
contar: uma
coisa é uma coisa e a outra coisa, nesse caso, é a mesma coisa!
Nós nos
comprometemos com coisas (que nem sabemos se poderemos fazer) e depois mudamos
de ideia, mas não comunicamos, com medo de rejeição e de magoar!
Fugimos das
conversas difíceis, ao invés de buscar uma forma saudável e respeitosa de
entregar uma “má notícia”.
Infelizmente,
nós – brasileiros – temos a péssima prática de não dizer aos outros o que nós
“achamos” que os outros não querem ouvir.
(leia
novamente!)
Ou seja, na
lista de atividades, passar uma informação que potencialmente terá um impacto
negativo cai lá pro final. E vai ficando… e vai ficando…
E posso te
garantir que isso também acontece com recrutadores, compradores e clientes que ficam
aguardando a resposta de quem deveria ter o maior interesse em conseguir
concluir a negociação e concretizar a relação (candidatos e fornecedores). Na
semana passada, após ficar em banho-maria um bom tempo, eu levei um banho de
água fria e nem sei os motivos finais!
– Tá… então
quer dizer que, quando a devolutiva é negativa, a pessoa tende a não dar a
resposta pra não me magoar. É isso?
Exatamente.
– E por que
às vezes eu fico em banho-maria mesmo quando a resposta acaba sendo positiva?
(Heim? Heim? Te peguei!!)
O problema
principal é que a partir dessa nossa deficiência em comunicar algo que pode
desagradar, desenvolvemos uma falha ainda maior: a
dificuldade de tomar decisões. Afinal de contas, tomar uma
decisão é o primeiro passo para frustrar alguém ou algum plano.
Funciona mais
ou menos assim:
ao tomar uma decisão e selecionar uma alternativa, eu automaticamente
descarto todas as outras.
E, como eu
não quero ser “malvado, cruel, sem coração”, fico postergando a tomada de
decisão até o limite.
No fundo,
tomar uma decisão não tem nada de “malvado, cruel e sem coração”. É apenas mais
uma entre as inúmeras atividades que você exerce todos os dias. E NÃO deveria
ser tão difícil.
Você toma decisões o tempo todo.
Quer ver?
Tomo água agora ou não? Vou explodir a bexiga ou vou ao banheiro na hora que
sinto que preciso? Almoço salada finalmente, ou mais uma lasanha e coxinha, só
hoje? Continuo procurando emprego bem devagarinho ou me lanço com todas as
forças? Invisto para fazer esse emprego dar certo, ou continuo medíocre?
Fico mais 20 minutos no Facebook ou finalmente volto a trabalhar?
Ah… e se você
acha que alguma dessas decisões não é, na verdade, uma decisão, olhe novamente…
Todas dependem da sua ação. Você é quem escolhe, ainda que às vezes pareça
“piloto automático”. E, cuidado:
Não colocar
sua energia para decidir algo já é uma decisão. E é a pior que você pode tomar.
Recrutadores,
selecionadores e compradores têm como parte essencial do seu trabalho a tarefa
de decidir e/ou comunicar quem receberá o “SIM”, e todos os demais que ouvirão
o temido “NÃO”. Por isso, por favor (pelamordeDeuspaitodopoderosoAmémSenhor), encarem
essa tarefa com seriedade e respeito.
Profissionalmente,
os indivíduos estão esperando a sua comunicação para tomarem suas próprias
decisões. – Vocês estão “prendendo” as pessoas! – Às vezes, fisicamente,
pois podem bloquear agendas e atividades, mas, principalmente, do ponto de
vista psicológico.
Toda
pessoa, de certo modo, fica REFÉM da possibilidade de sucesso que se apresenta
quando se inscreve em um processo seletivo ou apresenta uma oferta de trabalho
ou venda.
Não
reconhecer o poder (é poder mesmo, viu!) que existe na
relação como recrutador, selecionador ou comprador e não oferecer um feedback
assertivo (finalmente utilizando essa palavra em seu contexto correto =
direto/sem rodeios! brigado-de nada!) é uma falta de respeito.
A saída é
assumir o compromisso individual e aplicar muita EMPATIA. Não
fuja da responsabilidade de comunicar a boa ou má notícia e compreender a
fragilidade da pessoa que depende de você e aguarda a informação. Quem ignora
isso, convenientemente, está praticando uma grande crueldade.
Se não tiver
jeito, frita de uma vez, mas chega de banho-maria!
Depois de
trabalhar em uma empresa com mais de 12.000 funcionários, sem cargos e sem
chefes, resolvi mudar o mundo do Trabalho! Começa por nós! Vem comigo!
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