quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

É o Fim do #Home Office” Real Oficial?


Eu não tenho bola de cristal, mas o setor imobiliário está aquecido na Faria Lima, uma das regiões queridinhas dos bancos de investimento e de algumas empresas de tecnologia.

Segundo reportagem recente do Estadão, a taxa de ocupação de espaços de escritórios na região alcançou a máxima histórica e o preço médio do metro quadrado aumentou também.
Para você ter uma ideia, o valor do metro quadrado passou de R$ 195 para R$ 250 em um ano, segundo dados da consultoria JLL.

Mas, Caio! 
E aquele rolê de “somos flexíveis”? 
E aquele lance de que o firmeiro e a firmeira podem trabalhar de onde quiserem?

A minha visão é de que narrativas são construídas diante dos contextos que se apresentam. 
Se tivemos um contexto de pandemia e uma das únicas alternativas para manter a operação era o trabalho remoto, as firmas se esforçaram ao máximo para criar uma narrativa de apoio e flexibilidade total porque o sucesso da sustentação do negócio dependia do comprometimento e rápido aprendizado das pessoas em um novo modelo de trabalho.

Como o contexto mudou, algumas dúvidas e crenças começam a ser “ventiladas” nos corredores e grupos de WhatsApp das firmas.

Firmas que sempre tiveram uma cultura de comando e controle sofreram muito durante esse período “mais flex”. De repente, alguns elementos de poder desapareceram. São eles:

- O momento que todos ficam em silêncio quando o Diretor entra na sala;
- A mesa da Diretoria afastada dos demais colaboradores;
- As diferentes salas de reunião que são sutilmente divididas por cargos, assim como alguns locais de alimentação;
- As abotoaduras nas camisas muito bem passadas;
- Os quadros com os certificados de MBA que ficavam na parede;
- Entre outros.

Esses elementos comportamentais e visuais somem ou são enfraquecidos no âmbito digital. 
A videoconferência pode passar uma sensação de que estamos no mesmo plano/nível e de que vale mais a hierarquia das ideias do que os símbolos de poder. 
Como uma cultura que preza pelo controle e hierarquia navega no contexto digital? Onde está depositada a energia e atenção da liderança?

Muitos firmeiros e firmeiras tiveram a experiência do trabalho presencial, híbrido e 100% remoto e eles passam a escolher as empresas não só pela cultura e salário oferecidos, mas também pelo modelo de trabalho.

“Voltar atrás” radicalmente pode ser um risco. Quando adotamos novas tecnologias adotamos novos comportamentos também.

Falamos muito de “cliente no centro”, mas ainda falamos pouco de firmeiros no centro. Por exemplo, as empresas obrigariam os seus clientes a retornarem ao atendimento presencial ao invés de evoluir nas soluções digitais? 

Quais seriam as justificativas?

Penso que o desejo de voltar ao modelo presencial não deve ser maior do que a nossa capacidade de planejar metas e avaliar bem os resultados. 

As firmas devem entender o que os firmeiros desejam e quais são os reais impactos do modelo de trabalho nos resultados.

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