Utopia e distopia são dois conceitos que fomentam a discussão acerca da realidade. A utopia pode ser compreendida como a ideia de uma civilização ideal, imaginária, perfeita e, por isso, inalcançável.
A distopia ou antiutopia, por sua vez, é a antítese da utopia, apresentando uma visão negativa do futuro, sendo geralmente caracterizada pelo totalitarismo, autoritarismo e pelo opressivo controle da sociedade.
A utopia
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” (Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano)
A palavra “utopia” foi criada a partir dos termos gregos “u” (prefixo empregado com conotação negativa) e “tópos” (lugar), significando “não-lugar” ou “lugar que não existe”. O termo apareceu pela primeira vez na obra homônima do escritor inglês Thomas More, por volta de 1516. Em sua obra, More tece críticas à sociedade real em que vive e constrói uma ilha idealizada, geograficamente indefinida, onde a sociedade aboliu a propriedade privada e a intolerância religiosa, e todos vivem felizes em um ambiente justo, igualitário.
A ideia de utopia pode referir-se a uma cidade ou a um mundo, sendo possível no presente ou no futuro.
Exemplos de utopia
O termo “utopia” permanece há séculos e ainda influencia a criação de obras de ficção, filosofia e política. Confira alguns exemplos de utopias imaginadas pelo homem na literatura:
- A República (cerca de 380 a.C.), de Platão
- Utopia (1516), de Thomas More
- A Cidade do Sol (1602), de Tommaso Campanella
- A Utopia Moderna (1905), de H. G. Wells
- O Capital (1848), de Karl Marx
Distopia
A distopia, também conhecida como antiutopia, é geralmente caracterizada por totalitarismo, autoritarismo e opressivo controle da sociedade.
Em suas criações ficcionais, os autores retratam o futuro de uma maneira negativa, com um desenlace catastrófico para a humanidade, com uma sociedade oposta à utópica.
Nas distopias, o Estado normalmente é corrupto, as normas que visam ao bem comum são flexíveis e a tecnologia é utilizada como ferramenta de controle, seja dos indivíduos, do Estado ou de corporações.
Na distopia, a realidade para um mundo melhor não é possível, pelo contrário: as características negativas da realidade são reforçadas.
Por reforçarem as características negativas do mundo, as obras distópicas são críticas ou sátiras, servindo como um alerta para a humanidade, partindo de um discurso pessimista.
Considera-se que o primeiro uso do termo “distopia” ocorreu em 1868, em um discurso ao Parlamento Britânico por Gregg Webber e John Stuart Mill.
Exemplos de distopias
Um exemplo bastante famoso de distopia é a obra “Admirável Mundo Novo” (1932), de Aldous Huxley. O romance distópico narra um hipotético futuro onde os indivíduos são pré-condicionados biologicamente e vivem em uma sociedade organizada por castas.
Outro clássico distópico é “1984”, do autor britânico George Orwell. Publicada em 1949, a obra retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo. Confira a seguir outros exemplos de distopias na literatura:
- Laranja Mecânica (1971), de Anthony Burguess
- Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury
- O Caçador de Androides (1968), de Philip K. Dick
- O Processo (1925), de Franz Kafka
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