sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A SUA VIDA DIGITAL É UMA MENTIRA REAL

Se a nossa alma é digital e a nossa estrutura cognitiva foi alterada, isso afetou diretamente a nossa forma de se relacionar com as pessoas e com o mundo. 

Quantos amigos nós temos hoje no Instagram e Facebook? 

Destes, quanto conhecemos pessoalmente?

Quantos segundos são necessários para responder uma mensagem de Whatsapp? 

O quão paciente ficamos com a demora? 

Quais os significados que cada emoticon utilizado no ambiente digital possui?
Uma nova interação social foi estabelecida e estamos assimilando e nos moldando a ela. O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, contou em uma de suas entrevistas uma situação engraçada e instigante que compartilho abaixo:  
"Um viciado em facebook me confessou - não confessou, mas de fato gabou-se que havia feito 500 amigos em um dia. 

Minha resposta foi: - eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso! 

Então, provavelmente, quando ele diz 'amigo', e eu digo 'amigo', não queremos dizer a mesma coisa, são coisas diferentes. Quando eu era jovem, eu não tinha o conceito de redes, eu tinha o conceito de laços humanos, comunidades. Esse tipo de coisa, mas não de redes.”
O que Bauman colocou neste trecho da sua fala é que talvez, estejamos relativizando alguns conceitos importantes, como amizade, amores e valores.

Quando falamos de relacionamento, falamos antes de tudo de pertencimento social. As comunidades nos precedem, pois nascemos em uma e recebemos influencias dela. Da mesma forma, existem redes, que ao contrário das comunidades, são feitas e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar. Um exemplo prático disso são namoros e amizades liquidas, frágeis, que se desfazem tão facilmente. A atratividade desse novo tipo de amizade, está exatamente aí: que é tão fácil de desconectar. É fácil conectar e fazer amigos, mas, para a sociologia baumaniano, o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.
Para a Jornalista Nice de Paula, as conexões, textos e ideias são tão sedutoras quanto à aparência física nas ações reais. Pessoas se tornaram fakes de sua própria essência para que assim consigam estabelecer as relações que, na vida real, possuem dificuldades de realizar. Hoje somos carne, osso e pixel, escondidos atrás de avatares e filtros de fotos do Instagram, para que fantasmas próprios sejam invocados, enfrentados e eliminados ali mesmo, por meio de conexões virtuais que permitem ilusões, não tão óbvias, sobre o que realmente são tais medos. Ser e estar se tornaram distantes dentro de realidades co-existentes: virtual e real.
Voltando para os laços, o digital nos permitiu conceituar duas existências: (1) Laços fortes, que são pessoas que estão ao nosso lado no dia-a-dia, como família, parentes, amigos íntimos e colegas de trabalho e (2) laços fracos, que são aqueles que raramente temos contato, que a muitos anos deixaram de fazer parte da nossa vida ou que só conhecemos no ambiente virtual.
Pare hoje e se pergunte, quantos dos seus “amigos” que você tem são reais? Quantos destes conhecem as suas conexões emocionais e não apenas a sua vida virtual?
Por: Fernando Coelho - https://www.administradores.com.br/

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