Tristeza que não passa, desânimo e medo de enfrentar os desafios do dia a dia têm impedido a capacidade de profissionais.
Tristeza que não passa dores sem aparente causa, baixa produtividade, cansaço, choro sem motivo, dificuldade para tomar decisões, oscilações de humor são algumas das maneiras por meio das quais esse problema pode se manifestar. De acordo com Carmen Cavalcanti, psicóloga que atua no mercado corporativo há 20 anos, os sintomas podem ser físicos: enxaqueca, labirintite, dores na coluna, taquicardia, sudorese; ou mesmo de ordem emocional: ansiedade, alteração do sono, libido ou apetite, reações desproporcionais, desânimo, falta de perspectiva, rebaixamento do nível de energia, descontrole emocional, irritabilidade, sensação de pânico, entre muitos outros.
A depressão é uma das principais causas de afastamento do trabalho. No Brasil, a cada cinco minutos, um trabalhador é afastado do serviço por causa dessa doença. São várias as causas: sobrecarga de tarefas, clima pesado entre os colegas ou até mesmo com a chefia, falta de perspectiva de crescimento profissional, briga acirrada por melhor função dentro da empresa, não saber dizer não, etc.
A Organização Mundial de Saúde aponta que até 2020 a depressão vai passar da quarta para a segunda colocada entre as principais causas de incapacidade para o trabalho no mundo. E a pergunta que não quer calar é: existe uma maneira de tornar o trabalho agradável, espantar a depressão e dar a volta por cima?
Por medo, vergonha ou mesmo receio de demonstrar o que pode parecer fraqueza, muitos que sofrem de depressão não têm coragem de assumi-la. Partindo do pressuposto de que todo mundo passa por momentos de tristeza, ainda é grande o número de pessoas que acreditam que essa doença é, na realidade, aquilo que podemos chamar de “frescurinha”.
O fato é que conviver entre pessoas causa sentimentos bons e ruins, mas nem sempre é possível haver balanceamento. Em alguns momentos, no ambiente de trabalho, tudo pode se misturar. Aquela aparente “implicação profissional” pode se tornar um enorme problema pessoal. Então, tudo fica ruim, e ninguém ajuda, ou melhor, determinadas pessoas e situações somente contribuem para o desequilíbrio emocional e psicológico.
- Reação - É exatamente neste momento que o chefe atento pode contribuir ao saber observar algumas mudanças comportamentais do funcionário. Cavalcanti alerta para os seguintes sintomas: “A tristeza que não passa, o desânimo para enfrentar os desafios do dia a dia e a falta de resistência diante de crises e problemas”: Esse suporte pode vir na forma de uma conversa aberta, redução na jornada de trabalho, enfim, por meio da compreensão do gestor e também dos colegas de trabalho.
Mas não foi exatamente assim que aconteceu com Daniela da Silva. A jovem de 24 anos detectou alguns desses sintomas há alguns anos, quando trabalhava em uma empresa da área de saúde. A depressão se desenvolveu por conta do assédio moral, que ocorreu no próprio ambiente de trabalho: “Imaginei que, pelo fato de a doença ter se desenvolvido dentro do ambiente de trabalho, teria um auxílio, principalmente pelo fato do meu chefe ser psicólogo, mas, pelo contrário, ele se posicionou de forma indiferente, piorando. a situação”; relata.
A jovem alerta que a depressão a impediu de ser produtiva, de ser ela mesma, e, aos poucos, o convívio com os colegas de trabalho acabou se tornando algo insustentável e sofrível. “Minha maior dificuldade foi conviver com a doença no ambiente de trabalho. Com depressão, não tive forças para aguentar a situação que estava vivendo”.
- Como lidar com a depressão e se tornar um funcionário feliz e produtivo?
O caminho das pedras pode não ser assim, tão fácil. Historicamente, a depressão é um conceito que surgiu há pouco. Por séculos, ela era conhecida como melancolia, sem remédio que pudesse “amenizar o problema”. O fato é que a tristeza não é doença, todos podem, em algum momento da vida, passar por situações que inibam ou exaltem esse sentimento. Mas a depressão, não. Ela pode ser considerada doença, por se tratar de tristeza que não passa, e que, de acordo com o ambiente e com as pessoas ao redor, pode piorar.
Cavalcanti relata que o afastamento do funcionário pode trazer benefícios para o paciente, naquelas situações em que a depressão está associada ao local onde se trabalha. “Um bom exemplo é a Síndrome de Burnout, um tipo de depressão que ocorre com frequência na população de profissionais da saúde e da educação”. A raiz da síndrome está relacionada às condições de trabalho, e o afastamento do paciente é mandatório; ‘ acrescenta.
Contudo, o melhor caminho é sempre procurar uma melhora, no que tange à possibilidade de superar a depressão e poder trabalhar e viver de maneira tranquila e, por que não dizer, feliz. O trabalho pode aca- bar sendo o agente facilitador para a cura da doença, se oferecer ambiente saudável, amigável, acolhedor e harmônico.
De acordo com Cavalcanti, o gestor pode contribuir ao se interessar pelos funcionários e principalmente, ao saber detectar quando o empregado se encontra naquele momento crítico. “Uma conversa respeitosa, com o objetivo de ajudar, será sempre muito bem-vinda”. Um gestor que compartilha com os funcionários sua história de vida e momentos de superação é um grande parceiro na luta contra a doença:
Não se pode esquecer que estar com pessoas importantes, especiais e com pensamentos positivos é e sempre será um enorme inibidor da depressão. Hoje, após passar pelo problema, dona da sua própria empresa, Daniela entendeu que é necessário assumir a existência da doença e procurar meios que contribuam com a melhora: “Quem tem depressão deve tratá-la, ir ao psicólogo e ao psiquiatra, ou encontrar formas alternativas que possam te agradar, como o yoga, esportes em geral, cursos, passeios, etc.”.
“O problema pode ser vencido por meio de uma ação conjunta que envolva paciente, empresa, gestor, equipe, família, médico e psicólogo”. Em especial, no ambiente de trabalho, o gestor deve atuar como exemplo para a equipe e desmitificar a depressão, adotando uma postura compreensiva e positiva. O distúrbio depressivo pode atuar como catalizador de mudanças nas empresas e gestores.
A doença do funcionário, em algumas situações, simboliza um sinal de alerta para que o clima organizacional e as relações no trabalho se tornem mais humanos e saudáveis, finaliza, Cavalcanti.
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