sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CARNAVAL DO MARANHÃO: HISTÓRIA DE COMO AS VÁRIAS BRINCADEIRAS SURGIRAM

O primeiro bloco do gênero surgido em São Luís foi o Akomabu, a partir de uma proposta do Centro de Cultura Negra – CCN/MA (http://www.ccnma.org.br), de levar ao público, através de um grupo cultural organizado, a mensagem de luta da raça negra em busca da dignidade do povo negro. 
Nas letras das músicas do bloco o grupo Akomabu fala dos heróis negros e da opressão pelo branco, além de levar às ruas a mensagem de libertação, condenando a discriminação e o preconceito. Um segundo grupo surgiu por volta de 1990 no Bairro de Fátima. Com uma batuque mais forte e mais próximo do Olodum baiano, o Abibimã ao lado do Akomabu ressalta a beleza do povo e da música negra.

Blocos Alternativos.
Essa categoria engloba grupos de estilos variados, Em geral, são formados a partir da aglutinação de pessoas de uma mesma comunidade que se reúnem em grupos, animados por uma banda tocando músicas carnavalescas próprias ou não, vestidos com camisetas coloridas com o nome do grupo. Há ainda grupos como os Fuzileiros da Fuzarca, bloco formado nos moldes das brincadeiras antigas de São Luís e como o Bicho Terra, em que os brincantes saem fantasiados de bichos.

Blocos Organizados.

São blocos formados por grupos de 20 a 30 brincantes fantasiados com roupas de tecido estampado no mesmo padrão animados por uma bateria levando para a passarela um enredo. Alguns pesquisadores consideram que os blocos tradicionais são desmembramentos de escolas de samba. Já foram numerosos na década de 80. Atualmente existem poucos blocos tradicionais com destaque como a Turma do Saco, Grupo Sambista Caroçudo e Cobra das Estrelas.
Blocos Tradicionais.
Grupos tipicamente maranhenses surgidos na década de 50, os blocos tradicionais são caracterizados por um ritmo próprio e fantasias luxuosas, confeccionadas com veludo bordado de paetês, miçangas e canutilhos. Sobre a cabeça, ostentam chapéus feitos com penas coloridas, patrocinando um bonito espetáculo visual. A fantasia baseia-se num só tema, que depende da criatividade de cada bloco. Esses blocos são marcados pela cadência de grandes tambores – os contratempos – feitos de compensado e coberto com couro de animais. Além dos contratempos, as retintas, cabaças, afoxés, reco-recos, agogôs e maracás acompanham qualquer música de qualquer ritmo, possibilitando aos brincantes uma coreografia saltitante.

Casinha da Roça.
Retratando um típico casebre do caboclo maranhense, a casinha da roça é uma outra brincadeira tipicamente maranhense. Trata-se de um carro alegórico montado na carroceria de um caminhão todo recoberto de palha com utensílios e características próprias de um casebre rural. No interior do casebre estilizado, tambor de crioula toca e dança à medida que o carro se desloca pelas ruas. Com o tambor de crioula, o carro alegórico transporta quebradeira de coco, uma mulher peneirando o arroz e outros tipos maranhenses.


Corso.
Espécie de carro alegórico que desfilava depois das 4 horas da tarde pelas ruas da cidade, os corsos eram carros particulares das famílias tradicionais que desfilavam em automóveis V-8 e Studbaker e Baratinhas Ford, enfeitados de fitas e flores, de capota arriada, levando moças e rapazes jogando confetes, serpentinas e lança-perfumes nas pessoas. O corsos em caminhões eram os populares. Nas barras de proteção da carroceria do caminhão eram colocadas tábuas para ficarem mais altas.
O traje era uma blusa com uma saia ramalhuda que cobria toda a barra da carroceria do caminhão, geralmente com um tema que determinava a fantasia. A orquestra era formada por três ou quatro músicos, sempre um ou dois instrumentos de sopro, indispensáveis para chamar a atenção. As moças vinham cantando e batendo pandeirinhos de brinquedo. Na década de 50, os corsos exibiam grandes animais de madeira e papelão: águias, elefantes, jacarés, cavalos alados, pavão, ursos, figuras do mundo antigo, palácios e fontes com uma criatividade igual à dos carnavalescos da década de 70.
Fofão.


Figura típica do carnaval maranhense, os fofões costumam assustar a criançada com sua máscara horrenda feita de papelão, pano ou papier machê, aos gritos abafados de U la lá. Como o próprio nome sugere, os fofões vestem largos macacões confeccionados com tecido estampado, com guizos nas pontas e punhos. Os fofões se assemelham a palhaços da Comédia Del Art. As máscaras de massa com grandes narizes e bocarras estão sendo substituídas, ultimamente, por máscaras de pano ou borracha, com feições horripilantes inspiradas em filmes de terror. O fofão invade as ruas de São Luís no Carnaval, colorindo a paisagem e alegrando os foliões. Quem pegar nas bonequinhas que eles carregam consigo acaba tendo que pagar algum trocado senão fica sendo perseguido até o dia acabar.


Escolas de Samba.
Grupos de foliões que, divididos em alas, se apresentam na passarela, fazendo evoluções com base num tema escolhido previamente. Antigamente, as escolas de samba do Maranhão eram conhecidas como Turmas. Possuíam uma batida específica, diferente do samba de escola tocado no Rio de Janeiro. Como representantes mais antigas podem ser citadas a Turma de Mangueira e a Turma do Quinto. Existe ainda a Marambaia do Samba, a Favela do Samba, Império Serrano, Unidos de Fátima, Túnel do Sacavém e a Flor do Samba.
Outras foram extintas tais como: o Salgueiro, a Águia do Samba, a Unidos da Camboa, Pirata do Samba e Correio do Samba. Há grupos carnavalescos do interior que guardam características tradicionais e específicas do estilo de tocar o samba, a exemplo da Escola de Samba Unidos de Axixá, da Escola de Samba Cadete do Samba (de Pedreiras), das escolas de Samba Guia do Samba e Unidos de São Simão (do município de Rosário). Essas escolas, juntamente com o Bloco Fuzileiros da Fuzarca (de São Luís), são representantes de uma forma maranhense de tocar samba de escola.
Tambor de Crioula.
É uma dança praticada por descendentes de negros do Maranhão, em louvor a São Benedito. Marcada por muita descontração dos brincantes, a animação é feita com o canto puxado pelos homens, com acompanhamento das mulheres, chamadas de coreiras. A coreografia da dança apresenta vibrantes formas de expressão cultural pelas mulheres que ressaltam em movimentos coordenados e harmoniosos cada parte do corpo. As dançantes se apresentam individualmente no interior de uma roda formada por um grupo de vários brincantes, incluindo dirigentes, dançantes, cantadores e tocadores.
A brincante que está no centro é responsável pela demonstração coreográfica principal, mostrando sua forma individual de dançar. No centro da roda os movimentos são mais livres, mais intensos e bem acentuados. No Tambor de Crioula encontramos uma particularidade que se constitui o ponto mais alto da dança, a punga. Entre as mulheres, se caracteriza como o convite para entrar na roda. Quando a brincante está no centro e quer sair, avança em direção à outra companheira, aplicando-lhe a punga, que consiste no toque com a barriga. A que estiver na roda vai para o centro para continuar a brincadeira.
Tribo de Índios.
Surgiram, provavelmente, nos anos 40, imitando um ritual de cura conduzido por um pajé. A brincadeira é composta por meninos e adolescentes vestidos com trajes de índios norte-americanos, com pinturas pelo corpo, vestidos de saiote, tendo cocares sobre a cabeça e arco e flecha, como adereços, nas mãos. A brincadeira utiliza muitos surdos (tambores enormes) ou tantãs e retintas. Os brincantes dançam ao som de uma batucada marcada por retintas e tambores de marcação. O ritmo desenvolve-se acelerado numa coreografia circular em volta do totem e das tendas utilizadas como cenário.
Cordão de Urso.

Auto popular constituído por dois cordões de homens e mulheres, jovens e crianças fantasiados de caboclos, índios, soldados, curandeiros, médicos veterinários, baianas e ciganas. Ao centro, três personagens mascarados rebolam o tempo todo: um macaco, um cachorro e um urso. As marchinhas carnavalescas são executadas por uma banda que possui instrumentos como banjo, violino, pandeiro, tarol, agogô e triângulo. O auto narra a história de um caçador que sai para as montanhas, chega a uma aldeia de índios e encontra os três animais. Após negociar com os índios a compra dos bichos, deixa os donos dos animais em prantos.
Os animais ficam doentes, demandando a presença do veterinário, que sem resolver o problema, cede o lugar aos curandeiros, por sua vez, impedidos de atuar pelos policiais. O chefe índio, na tentativa de reaver os animais, cria um conflito com o caçador. Ocorre uma batalha entre o povo índio e o do caçador, este último saindo-se vencedor. Os animais ficam curados e tudo acaba em muita dança.
Baralho.
Um cordão de várias pessoas animava as ruas de São Luís nas épocas dos antigos carnavais. A música era de flauta e clarinete, violão e cavaquinho, pandeiro e reco-reco, harmônica e maracá de folha de flandres. Estavam presentes também os tambores, que davam o ritmo, tocados por “crioulos nus da cintura pra cima. Valia tudo quanto era fantasia: marinheiro de chegança, de caninha verde, Terecô, bumba-meu-boi, roupas do Divino, fofão, Dominó e Cruz-diabo.
Copiado: http://waldemarter.com.br

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