No fim de semana, o profissional acessa o e-mail da empresa e resolve algumas pendências. Na segunda-feira, fica três horas a mais na sede da organização, na terça faz outras duas extras, assim como na quarta e na quinta.
- Quando chega o último dia da semana, ele está tão cansado que não consegue fazer o serviço render e ainda compromete a qualidade de seu trabalho.
As motivações para ficar além do expediente variam, mas o fato é que a eficiência dos workaholics começa a ser questionada por especialistas.
- "Independentemente de essa pessoa cumprir uma jornada mais longa por opção própria ou por imposição da empresa, isso é improdutivo. A exaustão aumenta os riscos de problemas de saúde física e emocional, além de poder levar o profissional a tomar decisões equivocadas e cometer erros graves" analisa a coach de carreira Karen Gimenez.
Por isso, o desenvolvedor de software Rafael Audy, 26 anos, resolveu parar e repensar seus conceitos quando percebeu que estava dedicando um tempo muito maior à carreira do que para a sua vida pessoal.
Trabalho e mestrado ocupavam a maior parte do seu dia, deixando poucas possibilidades para realizar atividades de lazer e ter contato com a família, a namorada e os amigos.
- "Não tinha a menor intenção em me tornar um workaholic. Adoro o que eu faço e a empresa na qual trabalho, mas precisei me organizar melhor. O dia não vai ter mais de 24 horas mesmo, então procurei ler livros sobre gestão de tempo. Hoje, tenho agendas separadas para cada área da vida, estabeleci prioridades e me sinto muito melhor" conta Audy.
Se o profissional não se dá conta disso, cabe ao gestor prestar atenção. No caso de a fonte do excesso de horas extras ser o próprio líder, o departamento de recursos humanos precisa ficar atento.
- "O RH funciona como esponja nas organizações. Cabe ao setor diagnosticar isso e interferir, conversando com os envolvidos e buscando uma solução. Os workaholics são conhecidos por ter problemas de relacionamento e podem minar a equipe, comprometendo resultados" atesta Rubem Souza, diretor da RSA Talentos Executivos.
Seria imprudente, no entanto, afirmar que as empresas não gostam de profissionais extremamente disponíveis e capazes de serem acionados a qualquer momento, afirma Lourdes Lovison, gerente de projetos da Advis consultoria de Recursos Humanos.
- "As organizações continuam amando o workaholic, aquele que não fica chateado em ser chamado no sábado, que não se importa de cancelar compromissos pessoais, que fica até mais tarde com frequência. Não dá para achar que o empregador quer cortá-los. Mas isso não quer dizer que seja produtivo para nenhuma das partes" completa Lourdes.
Fonte - maria.amelia@zerohora.com.br
MARIA AMÉLIA VARGAS - Zero Hora - Porto Alegre/RS.
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