Em
1947, os Laboratórios Bell anunciaram ao mundo a invenção do
transistor, um componente que viria a substituir a válvula de vácuo,
especialmente na linha eletrônica de consumo, como o rádio e a
televisão. De acordo com Peter Drucker, todos os fabricantes americanos
sabiam disso, mas não deram importância, pois imaginavam que a
utilização do transistor seria consolidada somente por volta de 1970,
vinte anos depois.
Na época, a Sony era praticamente desconhecida fora do Japão. Aliás, a empresa foi fundada em 1946 por Masaru Ibuka e Akio Morita com o nome de TTK (Tokyo Tshushin Kyogu) mediante um empréstimo de 530 dólares. Em 1953, Morita leu sobre o transistor nos jornais e, por conta disso, viajou para os Estados Unidos a fim de adquirir uma licença de uso dos Laboratórios Bell por apenas 25 mil dólares, uma quantia ridícula considerando o resultado proporcionado posteriormente. Essa foi a primeira grande visão de Akio Morita.
Dois
anos depois, a Sony lançou o primeiro rádio transistor, o modelo TR-55,
em quantidade limitada e com produção restrita ao Japão. O rádio pesava
menos de um quinto dos rádios com válvulas comparáveis existentes no
mercado e um custava menos de um terço do que os concorrentes. Três anos
depois, a Sony dominava o mercado de rádios de baixo custo nos Estados
Unidos e, cinco anos mais tarde, os japoneses dominavam o mercado
mundial de rádios transistorizados.
O
primeiro rádio da TTK para exportação foi o modelo TR-63, produzido em
1957. O TR-63 tinha um design genuinamente inovador e era comercializado
em embalagem de presente, dentro de um estojo de couro macio, com
flanela antiestática e acompanhado de um moderníssimo fone de ouvido.
Era tudo o que o consumidor estrangeiro poderia desejar numa época em
que mais por menos fazia muita diferença.
Em
1958, já consolidado no mercado norte-americano, Akio Morita fez com
que o nome da empresa fosse mudado. Como defensor entusiasmado da
globalização, Morita percebeu que o nome Tokyo Tshushin Kyogu seria um
grande obstáculo para a conquista de novos mercados, portanto, precisava
de algo que fosse reconhecido em qualquer lugar do mundo, de fácil
pronúncia em qualquer língua. A mudança do nome para Sony foi a segunda
grande visão de Morita.
A
palavra Sony era uma combinação da palavra “sonus” que em latim
significa som, e do termo coloquial “sonny” atribuído ao jovem americano
da época. Tempos depois, quando perguntaram aos comerciantes
norte-americanos, durante uma pesquisa, se eles já haviam comercializado
rádios japoneses, a resposta foi um sonoro “não”. Entretanto, quando
perguntados se já haviam comercializado rádios Sony, a resposta foi um
inequívoco “sim”. A estratégia de Morita funcionou.
Ao
longo do tempo, a Sony produziu um fluxo constante de produtos
eletrônicos inovadores: na década de 1950, criou o rádio de bolso e o
gravador, seu primeiro produto mais importante fabricado no Japão; na
década de 1960, produziu a primeira televisão totalmente transistorizada
do mundo e a primeira videocâmera.
Na
década de 1980, ao tomar conhecimento de que as vendas do primeiro
toca-fitas portátil haviam fracassado, Morita utilizou o fato como
desculpa e mudou o nome do produto para Walkman no mundo inteiro. A
partir de uma nova visão de negócio, a palavra Walkman tornou-se
sinônimo de qualidade e de praticidade.
Ao
lado de Masaru Ibuka, Akio Morita construiu uma das maiores empresas do
mundo, famosa por seus produtos sofisticados em miniatura. Apesar de
não ter inventado o transistor, os japoneses fizeram dele o impulso para
projetar o país no mundo da eletrônica e o restante é história.
Entretanto, a maior contribuição de Akio Morita foi demonstrar aos
empreendedores que uma visão de negócio é uma virtude extremamente
importante para o sucesso de qualquer empreendimento. Quando o negócio
estiver claro na mente, o sucesso será apenas uma questão de tempo.
Por:
Jerônimo Mendes
http://www.qualidadebrasil.com.br/
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