Bom, mas antes de começarmos, devemos nos questionar sobre o que é “representatividade”.
Entende-se esse conceito como uma pessoa que reflete um coletivo na luta por direitos, de acordo com os interesses e a identidade dos representados.
Contudo, pode também significar “empoderamento”, de modo que um grupo, por meio de representantes, tenha visibilidade nos papéis de alto valor da sociedade.
Muitas pessoas acabam desconhecendo o impacto positivo e o efeito benéfico na construção da identidade de minorias dentro de uma sociedade quando falamos em poder.
Se partirmos do princípio de que somos pessoas diferentes, em etnia, tipos de cabelo, cultura, religião, sexo e sexualidade, por que só uma parte da sociedade é acolhida e evidenciada, socialmente?
A realidade como ela é
Importante frisar que minorias não têm relação direta com quantidade, mas sim, com lugares de representação nos espaços do poder.
Não sei se você já parou para se questionar, mas quantos médicos negros já te atenderam na vida?
Bom, esse assunto teve grande repercussão em 2018, após postagem do médico Fred Nicácio, em redes sociais. O fato ocorreu na cidade de Conceição de Macabu–RJ, após Dona Eunice, uma paciente negra, de 74 anos de idade, pedir, emocionada, para tirar uma foto após ser atendida por alguém de sua cor em uma profissão ocupada, majoritariamente, por pessoas brancas.
A representatividade é muito importante para a criação de um sentimento de empoderamento para muitos. Como exemplo prático, temos a vereadora Maiara Felício que, na última eleição, se tornou a primeira mulher negra a se eleger vereadora na cidade de Nova Friburgo.
Se muitas mulheres negras, antes dela, não acreditavam que poderiam ocupar cargos importantes na política municipal, visto que nunca ninguém com essas características havia sido eleita, Maiara Felício veio para quebrar paradigmas.
A coluna, inclusive, tentou falar com a vereadora, pela importância histórica de sua vitória eleitoral no último pleito e sua representatividade na Câmara, mas infelizmente ela não respondeu.
Contudo, não somente pessoas negras necessitam serem representadas na sociedade.
A falta de representatividade é vítima de muitos outros preconceitos, como por exemplo, o machismo.
O Brasil possui um número maior de mulheres em relação ao número de homens, segundo o IBGE. Em contrapartida, de acordo com um estudo feito pela rede de televisão CNN, dentre as maiores empresas brasileiras apenas 3,5% são gerenciadas por mulheres. E elas ocupam somente 16% da política nacional.
Nesse mesmo sentido, uma pessoa LGBTQIA+ já possui dificuldades que são refletidas na vida privada e que por consequência, trazem interferência na vida pública, gerando prejuízo na sua representação na sociedade.
Discursos de ódio segregam, afastam e ofendem a integridade, por meio de preconceitos que põem em cheque a sexualidade em face à competência.
Nesse sentido, o jornalista Wanderson Nogueira, homossexual, ex-deputado estadual, coordenador do Parlamento Juvenil na Alerj e também colunista de A Voz da Serra, defende:
“O maior desafio é combater os preconceitos. Enquanto os preconceitos minarem direitos, roubarem vidas ou felicidade há de se falar sobre eles e combatê-los.
Ninguém quer privilégios, apenas igualdade em poder amar da forma que ama. Ser gay não faz ninguém ser melhor ou pior.
Sexualidade, sexo, cor e religião não definem competência, tampouco caráter.”
Nesse sentido, representatividade não significa que minorias devam ocupar espaço por pena, mas sim que estejam proporcionalmente representadas na sociedade de acordo com sua demografia populacional.
Questionar o motivo de negros, mulheres e homossexuais não ocuparem tantos espaços de influência é um grande passo para compreender os preconceitos e a estrutura da sociedade.
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