Os fundos de investimento são um dos tipos de investimento ou aplicação financeira mais comuns no país. Um fundo reúne os recursos de diversos investidores, chamados de cotistas, para que possam, juntos, aplicar em uma série de ativos financeiros, que vão variar de acordo com o tipo e estratégia do fundo. Eles são carteiras ou cestas de investimento que podem ser compostas por títulos públicos, títulos de renda fixa, ações, derivativos, commodities e até mesmo cotas de outros fundos.
Em janeiro de 2018, cerca de R$ 4,2 trilhões estavam aplicados em fundos1. É possível que você tenha dinheiro aplicado em fundos de investimento e, ainda assim, tenha dúvidas sobre como eles funcionam. Neste artigo fazemos um resumo completo e fácil de compreender para que você possa saber o essencial sobre esse tipo de investimento.
O que é um fundo de investimento?
O fundo de investimento é um mecanismo que reúne o dinheiro de diversas pessoas (chamadas de cotistas) com o objetivo contratar um gestor para cuidar do dinheiro ali investido. O objetivo final dos cotistas é obter ganhos a partir da aplicação no mercado financeiro.
Tecnicamente, diz-se que a figura é de um condomínio — e essa comparação ajuda muito a compreender sua estrutura. O fundo funciona de maneira semelhante a um condomínio residencial, onde cada condômino é dono de uma cota (um apartamento) e paga a alguém (síndico ou administrador) para administrar e coordenar as diversas tarefas do condomínio (jardineiro, limpeza, porteiro, manutenção de elevadores e equipamentos de academia, entre outros).
Assim como no condomínio residencial, o fundo de investimento possui um regulamento, onde estão estabelecidas as regras de funcionamento que se aplicam igualmente a todos os cotistas.
Ao comprar cotas de um determinado fundo, o cotista aceita suas regras de funcionamento (aplicação, resgate, horários, custos, etc), e passa a pagar uma taxa de administração para que um administrador coordene o funcionamento do fundo.
Graças a esta forma de investimento coletiva, é possível aplicar em diversos tipos de produtos financeiros, com diferentes graus de rentabilidade e risco, sem precisar de grandes valores. E o mais interessante: você terceiriza o trabalho de gestão para um profissional.
Imagine morar numa casa, mas manter toda a estrutura de um prédio: portaria 24h, piscina, jardineiro, academia, elevadores, garagem, portões automáticos. Há uma infinidade de rotinas a serem cumpridas e problemas a serem resolvidos, e você arcaria sozinho com o trabalho e os custos de tudo isso. Num prédio bem administrado, você usufrui dos benefícios sem ter tanto trabalho, e pagando uma fração do custo, já que é tudo dividido com os demais moradores.
O gestor dos fundos de investimento
No fundo de investimento, os gestores são os profissionais responsáveis por gerar rentabilidade e controlar o risco da carteira. Credenciados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), eles acompanham diariamente os recursos do fundo, avaliando as opções existentes, cenários, acontecimentos políticos e econômicos, e possuem poderes para tomar decisões de investimento com o dinheiro dos cotistas (sempre respeitando o regulamento do fundo!).
Então, quando você decide colocar dinheiro em um fundo, o que você está fazendo é contratar o gestor para tomar decisões a respeito de onde aplicar o seu dinheiro, e para acompanhar diariamente sua rentabilidade e risco. Por isso, a escolha do gestor é um dos pontos mais importantes na hora de aplicar em fundos de investimento.
A escolha do gestor é uma das decisões mais importantes na hora de escolher um fundo de investimento
Estrutura de cotas dos fundos de investimento
O fundo cria uma camada de separação entre os cotistas (investidores) e os ativos (investimentos comprados). Ao invés de comprar diretamente um ativo, você compra cotas do fundo, e o fundo compra os ativos, seguindo a política de investimento pré-definida.
A estrutura de cotas é bastante interessante. É ela que possibilita que todos os cotistas de um mesmo fundo tenham sempre a mesma rentabilidade (dentro das mesmas datas), que o dinheiro de um cotista não se misture com o dinheiro de outro, e que ninguém seja prejudicado ou leve vantagem sobre os demais cotistas.
Se você investe em um fundo, o número de cotas que você possui só muda quando você aplica, resgata ou quando ocorre o come-cotas (tributação de Imposto de Renda específica dos fundos de investimento).
Assim, investir equivale a comprar cotas do fundo e resgatar equivale a vendê-las. Durante todos os outros dias, a quantidade de cotas que você possui fica estática, e o que varia é o valor unitário das cotas. As variações de rentabilidade fazem esse valor aumentar e diminuir, e é por isso que o seu saldo aumenta e diminui sem mudar o número de cotas.
Estratégia de investimento dos fundos
Existem diversos tipos de fundos, como os que investem em ações, em renda fixa, fundos DI e os fundos multimercados, por exemplo. Os aspectos estruturais de funcionamento são os mesmos, mas cada um tem uma diretriz de investimento própria, chamada política de investimento. É essa política que determina o tipo de investimento que você está escolhendo.
Na prática, o investidor não precisa se preocupar com as atividades do dia a dia do fundo, apenas com a escolha do gestor e do fundo que estejam alinhados às suas expectativas. Toda a parte operacional fica a cargo de um grande banco, inclusive o recolhimento de impostos.
Toda essa estrutura tem um preço. É importante atentar também para os custos dos fundos de investimento, pois eles podem ter um impacto enorme na sua rentabilidade.
Tributação dos fundos de investimento
A tributação nos fundos de investimento é simples.
O fundo em si é isento de Imposto de Renda sobre os ganhos que acumula, ou seja, o fundo não recolhe IR quando vende um ativo para comprar outro. O ganho das operações vai ficando acumulado na valorização das cotas, e o fundo vai provisionando o imposto que seria devido pelo cotista, um sistema conhecido como come-cotas.
Não iremos nos alongar no tema, pois já temos um artigo com o panorama geral sobre a tributação de IR e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e outro que detalha o funcionamento do come-cotas. Vale a pena dar uma olhada!
Glossário dos fundos de investimento
Aplicação mínima
Valor mínimo para o primeiro investimento no fundo. Em geral, o valor mínimo exigido para a primeira aplicação realizada no fundo é maior que o valor mínimo para as aplicações seguintes.
Aporte
Quando o cotista investe recursos no fundo. O cotista envia dinheiro e o fundo emite, em troca, cotas em nome do cotista.
Benchmark ou referência
É um indicador que funciona como parâmetro para a performance mínima do fundo. Alguns fundos se propõem a acompanhar o CDI, outros o Ibovespa, por exemplo.
Come-cotas
Sistema de tributação aplicado a alguns tipos de fundos de investimento.
Cotização
É o processo de troca de dinheiro por cotas ou cotas por dinheiro. Na maioria dos fundos, a cotização é diária, ou seja, existe apenas um valor de cota para cada dia útil (os ETFs são um tipo de fundo bastante diferente dos demais, e são exceção a essa regra).
Investidor profissional
Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 10 milhões e declarem-se investidores profissionais. Essa condição permite o acesso a investimentos de ainda maior risco e/ou que requeiram conhecimento mais apurado do mercado2.
Investidor qualificado
Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 1 milhão de reais e declarem-se qualificadas. Essa condição permite o acesso a investimentos de maior risco e/ou que requeiram conhecimento mais apurado do mercado3.
Liquidez ou prazo de resgate
Prazo estabelecido para que os recursos solicitados sejam depositados em conta. É a soma do prazo de cotização de resgate com o prazo de liquidação de resgate. Alguns fundos têm maior liquidez, com prazos de resgate de um ou poucos dias. Outros investem os recursos em operações de prazo mais longo e, por isso, determinam um prazo de resgate maior.
Movimentação mínima
Valor mínimo exigido para realização de aportes e resgates.
Prazo de cotização
É a quantidade de dias que o fundo demora para converter os aportes em cotas (prazo de cotização de aporte) ou para converter cotas em dinheiro (prazo de cotização de resgate). Geralmente é contado em dias úteis.
Prazo de liquidação
É a quantidade de dias que o fundo demora, depois da cotização, para depositar na conta corrente do cotista o valor do resgate efetuado. Geralmente é contado em dias corridos.
Resgate
Quando o cotista retira recursos do fundo. Suas cotas são eliminadas, e o fundo devolve dinheiro para o cotista.
Taxa de administração
Taxa cobrada para remunerar as instituições envolvidas na gestão, administração e distribuição do fundo. Normalmente é expressa na forma de um percentual aplicado sobre o patrimônio.
Taxa de performance
Taxa cobrada por alguns fundos de investimento para remunerar o gestor que apresenta bom resultado. É como se fosse um bônus pelo bom trabalho. Normalmente é expressa na forma de percentual sobre os ganhos que excederem o benchmark do fundo.
Vantagens e desvantagens dos fundos de investimento
Vantagens |
Gestão profissional: Profissionais especializados dedicados em tempo integral à gestão dos recursos de forma mais eficiente |
Diluição de riscos e custos: Os custos operacionais e administrativos são divididos entre todos os investidores que aplicam no fundo |
Alinhamento de interesses: O gestor do fundo é remunerado pelas taxas de administração e performance. Apesar de não ser um modelo perfeito, ele tem mais alinhamento aos interesses do cliente que um gerente de banco ou uma recomendação de corretora
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Diversificação: Por ter valores mínimos de entrada geralmente baixos, fundos permitem montar uma carteira diversificada a partir da alocação em estratégias diversas, com diferentes níveis de risco e retorno
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Desvantagens |
Custos: Para manter a estrutura operacional, há cobrança de taxa de administração. Esse é um dos principais pontos de atenção, já que taxas elevadas minguam a rentabilidade de um fundo
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Dificuldade de realocação: A cada realocação, o dinheiro precisa circular pela conta corrente do cotista, que precisa tomar uma nova decisão (para onde enviar o dinheiro?), o que causa desgaste, retrabalho e custos. A aplicação mínima e prazos de resgate dos fundos também dificultam o processo. Isso faz com que muitos investidores “invistam e esqueçam”, abandonando a disciplina de rebalancear
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Cadastro: Os fundos possuem uma estrutura de controle rígida e são extremamente regulamentados, sendo exigido um cadastro um pouco extenso e novas assinaturas a cada fundo
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Falta de transparência: Apesar de todos os esforços do regulador, a figura ainda tem pouca transparência. Há informações disponíveis no site da CVM sobre as carteiras, mas não são claras e acessíveis para o investidor comum, por isso você fica sem saber exatamente onde está investindo Copiado : https://verios.com.br |
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