segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A gestão de carreira na Sociedade do Conhecimento


Como afirma Peter Drucker em “A Sociedade”, os trabalhadores do conhecimento não serão a classe mais numerosa dentro da sociedade do conhecimento, porém, certamente, serão a classe com maior poder de influência. No que se refere a características, posição social, valores e expectativas, eles diferem fundamentalmente de qualquer grupo na história que já ocupou uma posição de liderança, para não dizer de dominação. Estes trabalhadores serão aqueles que desenvolverão as fronteiras em que as organizações poderão atuar. O autor analisa que é o trabalhador do conhecimento que, em grande parte, irá determinar o perfil da organização do futuro e quais organizações terão sucesso.

É importante especificar que estamos falando sobre organizações e não necessariamente sobre empresas. Toda empresa é uma organização, porém, nem toda organização é uma empresa. Drucker considera que hoje, diferente do que acontecia há 50 anos, é importante que todo e qualquer empreendimento humano seja bem administrado por uma gestão que organize os recursos financeiros, de infraestrutura e de pessoas para que possam operar de maneira eficiente. Não importa se é um Governo, uma ONG, ou uma organização privada, pois todas enfrentam uma mesma necessidade de organização.

Na obra “Sociedade Pós-Capitalista”, Drucker define organização como sendo um grupo humano, composto por especialistas que trabalham em conjunto para uma tarefa comum. Segundo ele, as organizações são instituições com fins especiais e são eficazes por que se concentram em uma missão. Uma organização tende a recrutar e alinhar os melhores recursos de forma a entregar algo mais produtivo e relevante para a sociedade para que, desta forma, possa se cumprir a missão para a qual esta organização foi criada.

Assim, o campo em que o trabalhador do conhecimento irá se inserir durante toda a sua carreira fica muito mais especificado. Este profissional poderá partir de uma educação formal baseada em algum tipo de ciência exata ou humana, mas não necessariamente será nesta área que ele irá desenvolver todo o seu potencial. Esta evolução dependerá do envolvimento que este profissional terá com as organizações e quais serão as áreas com as quais ele mais se identificará. Só assim, poderá utilizar o conhecimento adquirido na educação formal como um trampolim, ou uma base de lançamento, para adquirir novos conhecimentos de forma contínua.

Na gestão de carreira do conhecimento ocorre um fenômeno muito diferente do que ocorria há 30 ou 40 anos. Quando me formei em Engenharia, por exemplo, o que se esperava é que esta seria minha carreira até o fim da vida e seria a área em que eu desenvolveria todos os meus conhecimentos. Porém, atualmente, para o trabalhador do conhecimento, este conceito não é mais necessariamente verdade e sim apenas uma fase. É a base sobre a qual ele construirá seu conhecimento, pois aproximadamente 4/5 de todo seu conhecimento só serão obtidos ao longo de suas varias carreiras, após a conclusão da faculdade. Drucker aponta que a sociedade do conhecimento que está em fase de desenvolvimento depende de uma sociedade anterior que é a sociedade da informação.

Há 50 anos, imaginávamos que um engenheiro se formaria aos 25 anos, começaria a trabalhar com experiência aos 30 e encerraria sua carreira aos 60. Hoje, porém, o trabalhador do conhecimento inicia sua carreira aos 18, antes mesmo de concluir o ensino formal, e tem uma expectativa de trabalho produtivo até os 80 ou 90 anos. Este novo paradigma mudou completamente a perspectiva da própria organização com relação a ele e, inclusive, toda sua função econômica com relação à organização, ao consumidor e os outros grupos de trabalhadores que tenderão a diminuir. Para Drucker, é importante que os trabalhadores de outras áreas se adaptem a uma nova realidade de mercado que exige educação formal e remunere pelo conhecimento e não apenas pelo trabalho manual.

Com o trabalhador do conhecimento, o aumento da produtividade projetado fará com que menos de 1/7 das pessoas empregadas formalmente trabalhem nas indústrias e menos ainda estará no campo daqui a 20 anos. Estamos caminhando para uma sociedade que está se construindo nas bases da sociedade da informação e que suplantou a sociedade do serviço. Neste novo contexto, os trabalhadores irão enfrentar desafios nunca antes vistos. As organizações lidarão com estes profissionais de uma maneira diferente já que elas dependerão mais dos profissionais do conhecimento do que estes das organizações.

Isso não significa que eles não precisarão das organizações, mas apenas que o grau de liberdade que eles adquiriram para sair de uma organização e entrar em outra os torna muito mais parceiros e sócios do que empregados formais. É claro que como o empregado formal ele, continuará tendo um contrato de trabalho que lhe permita receber um “X” mensal e continuará tendo os benefícios que hoje conhecemos. Enquanto profissional dentro de uma organização, seu valor será medido muito mais pelos resultados que ele agrega ao longo do tempo em termos de conhecimento.
Bem-vindos à nova era do trabalhador do conhecimento!

Por Luis Perdomo -http://www.luisperdomo.com.br/

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