sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Síndrome do Esgotamento Emocional: como se cuidar?


 A pandemia do coronavírus não oferece riscos apenas para a saúde física; afinal, seus reflexos são sentidos também na saúde mental. Por isso, neste momento, além da atenção com a Covid-19, devemos estar atentos ao sinais da Síndrome do Esgotamento Emocional.

As preocupações em excesso, inseguranças, medos, sobrecarga de atividades e mudanças na rotina, além do isolamento social, têm sido um grande fardo para maioria da população. Assim, problemas como ansiedade e depressão vêm ganhando destaque no cenário atual.

Esse quadro precisa de atenção porque, além de abalos psicológicos, traz desequilíbrios para o organismo, aumentando a suscetibilidade para doenças. Pensando nisso, o psicológo do HSM, Frederico Gomes Cilira nos ajudou a entender esses impactos. Continue lendo e veja como se cuidar melhor durante a quarentena. 

Esgotamento emocional no cenário atual

De repente, o mundo precisou voltar sua atenção para um vírus ainda desconhecido. Houve uma mobilização geral para evitar a sua disseminação, e as pessoas tiveram que mudar drasticamente a sua rotina.

Surgiram mais perguntas do que respostas, o que trouxe maiores preocupações para o dia a dia de todos. Inseguranças quanto à saúde e ao futuro, dificuldade para se adaptar à nova realidade, o medo de perder uma pessoa querida e adaptações nas atividades diárias, em casa e no trabalho.

Foi uma mudança intensa que gerou uma onda de emoções e sentimentos; consequentemente, os quadros de ansiedade passaram de 8,7% para 14,9%, assim como a quantidade de pessoas com depressão aumentou de 4,2% para 8,0% entre março e abril de 2020.

Uma das explicações para isso é a Síndrome do Esgotamento Emocional. Ela se manifesta quando uma pessoa é submetida a uma carga de estresse muito intensa e constante, fazendo com que esteja sempre no limite das suas emoções.

O organismo e a mente humana conseguem suportar uma determinada carga de estresse diário. Porém, quando as situações estressantes são constantes e intensas, ocorre a sobrecarga que torna difícil a administração dessas emoções.

Há um estímulo intenso do psicológico, o que deixa o indivíduo cansado em função das atividades excessivas, das cobranças, dos muitos problemas, entre outros fatores. É válido saber que cada pessoa tem uma reação diferente, por isso a Síndrome do Esgotamento Emocional tem gatilhos distintos para cada indivíduo; ou seja, suas causas variam.

De acordo com um estudo do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), estar sob um estado de tensão mexe com o funcionamento do cérebro. Quem vive uma rotina estressante libera altos níveis de hormônios que provocam instabilidade no organismo. A adrenalina é um deles.

Ela atua aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial, o que pode culminar em um ataque cardíaco e até levar a morte. Já a ação do cortisol, outro hormônio liberado durante situações de estresse, pode causar mortes em pessoas que já tenham doenças cardiovasculares.

Estresse ao conciliar funções

Naturalmente, contas para pagar, problemas no trabalho, conflitos em família e até mesmo o cenário econômico e social geram estresse. No entanto, durante a quarentena, conforme explicamos, houve uma mudança muito grande na vida das pessoas.

As famílias precisaram se adaptar para que a casa, além do lar, se transformasse em escola, espaço de lazer e ambiente de trabalho. Cada membro, com suas atividades, precisou se adequar à rotina dos demais e restringir o contato social apenas a essas pessoas.

Esse foi um dos grandes desafios: conciliar as atividades rotineiras com o trabalho em sistema home office, o ensino remoto e a falta de lazer. Para muitos, os dias parecem ser todos iguais, sendo difícil saber se já chegou o final de semana. Essa nova realidade tem favorecido o estresse, a ansiedade e a angústia, precursores da Síndrome do Esgotamento Emocional.


Além disso, os profissionais tiveram que se adaptar com um sistema de trabalho totalmente diferente, adotar novas ferramentas para cumprir suas funções e utilizar recursos aos quais não estavam adaptados; e tudo isso com a incerteza de manter o emprego.

Por isso, um problema que caminha junto com o esgotamento é a Síndrome de Burnout, muito parecida com ele, mas que ocorre principalmente por causa das atividades laborais. É estimulada pelo excesso de tarefas, prazos apertados, cobranças excessivas e a insegurança do profissional com o seu desempenho nesse novo sistema.

Sintomas que indicam esgotamento emocional

Apesar de a síndrome do esgotamento emocional ser desencadeada principalmente por fatores psicológicos, os seus reflexos são sentidos na saúde orgânica e no comportamento da pessoa que está vivenciando o problema.

Muitos não conseguem identificar sua condição por não saber que esse cansaço generalizado está além do normal. Mas é importante ter atenção com os sinais do esgotamento para que ele seja combatido a tempo, antes de trazer prejuízos maiores. Veja a seguir alguns sintomas que ajudam a identificá-lo:

  • cansaço excessivo: tanto da mente quanto do corpo, mas não apenas se sentir cansado, e sim não conseguir descansar em nenhum momento;
  • alterações no apetite: a pessoa pode não sentir fome ou comer mais do que comia antes, como uma forma de suprir as faltas que está sentindo;
  • insônia: se manifesta de diferentes formas, sendo demorando demais para dormir, acordando de madrugada sem sono, despertando diversas vezes ou tendo uma noite agitada;
  • dificuldade de concentração: como a mente está cansada, a pessoa não consegue se concentrar em suas atividades, tem dificuldade para raciocinar e prestar atenção;
  • apatia e desânimo: o indivíduo com Síndrome do Esgotamento Emocional simplesmente não tem mais vontade de fazer nada, nem o mesmo ânimo para interagir com as pessoas;
  • sensação de medo: a pessoa experimenta a sensação de que está sempre ameaçada por alguma coisa, de que algo ruim está prestes a acontecer;
  • desesperança: o esgotamento emocional também traz a impressão de que nada vai mudar, não há saída, não existe uma solução para os problemas.

Como explicamos, os sintomas físicos também se manifestam na síndrome do esgotamento emocional. Além das alterações no apetite, eles podem ser percebidos em manifestações como:

  • palpitações cardíacas;
  • dores de cabeça constantes;
  • dores e tensões musculares;
  • problemas digestivos;
  • mudanças repentinas no peso corporal.
Riscos do esgotamento para a saúde

Quando o corpo é submetido constantemente a situações estressantes e altas doses de ansiedade, os sintomas físicos, com o passar do tempo, evoluem para problemas de saúde. Isso porque há mudanças na química orgânica, que repercutem no modo como os órgãos e sistemas funcionam.

A Síndrome do Esgotamento Emocional provoca queda da imunidade, deixando o indivíduo suscetível a problemas como gripes, resfriados e infecções. O funcionamento do coração é alterado e há mudanças nos níveis de oxigênio por causa das alterações na respiração.

Por isso, outra complicação da síndrome é o aumento do risco de doenças cardíacas, assim como a elevação da pressão arterial que, por sua vez, pode resultar em problemas ainda maiores, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O metabolismo é impactado negativamente. A pessoa pode ter um aumento do seu peso corporal, fica mais suscetível aos quadros de diabetes, e todo o organismo passa por um processo de envelhecimento prematuro.

Quando e como procurar ajuda

É natural nos sentirmos cansados, estressados, ansiosos e com medo, em especial neste momento tão tenso e delicado. Entretanto, tudo isso passa a ser um problema quando é vivenciado constantemente, sem alternar com momentos de tranquilidade.


Se você estiver sentindo cansaço o tempo todo, se o sono já não é mais reparador, não tem energia para cumprir suas tarefas e não consegue encontrar satisfação ou paz, parecendo estar à beira de um ataque de nervos, é preciso acender um sinal de alerta.

Muitas pessoas acreditam que se sentir assim é indício de fraqueza e não procuram ajuda para não demonstrar um lado sensível. Porém, não podemos cometer esse erro, já que qualquer um pode ficar sobrecarregado com seus problemas e responsabilidades.

É preciso procurar ajuda quando sentimos que não estamos dando conta de tudo, quando o cansaço parece ter vencido e não enxergamos uma saída. Profissionais podem ajudar a vencer a Síndrome do Esgotamento Emocional para recuperar o equilíbrio da saúde mental e física.

O Hospital Santa Mônica dispõe de uma equipe de especialistas para oferecer todo o suporte necessário para quem está passando por momentos difíceis, ajudando a reequilibrar a mente e o estado psicológico. Assim, evitamos consequências negativas para a saúde, a convivência familiar, social e a qualidade de vida.

A Síndrome do Esgotamento Emocional pode levar o indivíduo à completa exaustão, prejudicando sua produtividade enquanto profissional e a relação com a família, além de afetar significativamente o bem-estar. É preciso identificar seus primeiros sinais e procurar ajuda especializada para vencer esse problema e recuperar o equilíbrio.

Buscar ajuda é a melhor solução quando os problemas se tornam pesados demais.

Copiado: https://hospitalsantamonica.com.br/

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