No dia a dia é comum observar amigos e desconhecidos se manifestando através das redes sociais com as mais variadas formas de humor, e foi exatamente isso o que aconteceu neste último dia 10 de maio – 2º. Domingo de maio, Dia das Mães. Era comum encontrar várias pessoas postando mensagens cheias de afeto e todo aquele imenso amor que nós sentimos pela nossa progenitora, afinal, para todos nós ela sempre foi e será aquela guerreira que tudo fez por nós.
O curioso é perceber que todo esse afeto e amor tão difundido neste ultimo dia das mães não habita com frequência esses mesmos seres humanos no dia a dia. Atualmente é fácil passarmos alguns momentos (independente de estarmos conectados no mundo virtual ou real) e encontramos com pessoas que estão compartilhando um AR de irritação, de indignação e de desânimo com o atual momento calamitoso que o nosso mundo está convivendo – e mesmo que façamos algo para tentar amenizar este sentimento, até parece que é como se não adiantasse fazer nada, afinal, qualquer esforço pode até se transformar em uma série de consequências inesperadas podendo acabar passando um efeito contrário ao pretendido.
Dizendo isso de outra maneira para que todos possam entender à é como se essa sensação de ‘ar pesado’ venha dodesconforto, da impaciência, da raiva, da insensatez, da intolerância dos tempos que estamos vivenciando hoje em dia. Ao que tudo indica isso pode estar diretamente ligado ao formato de vida complicada que estamos levando atualmente. Se pararmos por um segundo que seja, e listarmos a quantidade de senhas que somos obrigados a decorar, de leis para obedecer, das muitas contas para pagar e é claro, isso tudo sem contar aquele ônibus cheio, aquele trem que não chega nunca, aquela plataforma do metrô lotada ou ainda aquele trânsito insano onde existem milhares de carros disputando alguns míseros centímetros de espaço com os ônibus, caminhões de lixo, ou ainda aqueles carros sonoros gritando: ”pamonha, pamonha, pamonha, é a autentica pamonha de Piracicaba!”. Além, é claro daqueles muitos sacos de lixo rasgados nas calçadas à espera de alguém que os recolha e do imenso risco que passamos o tempo todo, devido a essa onda de crimes que permeiam o Brasil - com essa total insegurança que vivemos.
E qual seria a explicação para isso tudo? Afinal, aqui no Brasil vivemos em plena Democracia, recém-saídos de uma eleição direta. E ainda dispomos de muitos partidos políticos que ‘dizem querer só o bem do Povo’ e ‘tale coisa’, mas, verdadeiramente nenhum deles parece minimamente interessado nas coisas que são importantes para a população brasileira. Também é verdade que alguns dizem, entre um horário Político e outro que existem muitas opções de trabalho para a população, mais do que em qualquer momento da história - e ao mesmo tempo está difícil encontrar um trabalho que faça sentido. Além é claro de estarmos vivendo com várias pragas urbanas e doenças estranhas, e isso até nos faz lembrar aqueles filmes do Steven Spielberg, como se o mundo estivesse vivendo uma ‘revolta dos pernilongos’, e o pior é que tem muita gente morrendo disso aqui no Brasil!
Embora exista essa ampla exposição midiática que tanto procura explicações para essa sensação de ‘ar pesado’ que estamos convivendo aqui no Brasil, muitos falam de panelas, panelaços e coisas deste tipo, mas, também é fato que os brasileiros estão tentando viver em meio a essa epidemia de dengue, a qual é causada, em muitas vezes pela falta de educação de algumas pessoas que amontoam ou simplesmente jogam o seu lixo nas ruas simplesmente por jogar – e como todos sabem essa ação ‘irresponsável’ só favorece ao aparecimento de criadouros do Aedes Aegypti.
O triste é saber que todos sabem que as atitudes ‘irresponsáveis descritas acima’ não condizem com o que queremos para o mundo – afinal, sempre se espera que o ser humano colabore para que toda essa complexidade do nosso tempo possa funcionar, mesmo sabendo que quanto mais partes um sistema possuir, e quanto mais ligações existirem entre essas partes, mais complexo ele será. O melhor exemplo para ilustrar isso é o recheio do nosso crânio: são 86 bilhões de neurônios, onde cada um deles está conectado a vários outros, e nele existe um emaranhado quase infinito de possíveis caminhos a percorrer.
E mesmo que existam diversas falhas neste conjunto chamado de humanidade, ela continua ficando cada vez mais complexa, mais intrincada, mais especializada, e para poder dar conta disso, até as hierarquias foram se transformando e ganhando mais e mais níveis – presidente, vice-presidente, diretor, vice-diretor, assistente de assistente de quase vice-diretor, gerente, subgerente, auxiliar de subgerente, auxiliar de quase auxiliar de subgerente e etc. E depois de tanta hierarquia, será que ainda é possível que os chefes consigam lidar com essa complexidade toda abaixo deles?
A verdade é que o mundo se tornou tão complexo que ficou impossível ter apenas um chefe. Talvez o problema do mundo de hoje seja que a nossa sociedade está toda ajustada para lidar em escala, mas ainda somos absolutamente incompetentes na gestão dessa complexidade. Afinal, ainda estamos combatendo algumas ameaças de doenças com raquetes elétricas ou muitas vezes, só no tapa, e a triste constatação final deste artigo é perceber que os seres humanos não sabem mais dividir e estamos acrescentando pouquíssimo ou talvez, quase nada de bom ao que é do outro. Atualmente só sabemos criticar tudo o que nos parece diferente, tudo o que não é visto como ‘normal’ pela sociedade. Hoje, não existe mais aquele interesse em ‘somar algo de bom ao outro’, também conhecido como: agregar valor. Ao invés disso, existe uma procura desesperada, quase insana nos meios digitais em produzir opiniões e comentários raivosos que estão sempre embasados no desprezo pelo outro. E aos que fazem isso, essa serve para vocês: #ficaadica è “os muitos de nós que fazemos isso, só o fazemos com a intenção de conseguir tolerar as nossas angustias e a nossa total incompetência”.
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