O Consultor é um descobridor.
Este o particular fascínio da nossa profissão.
Com frequência, a empresa-cliente, a consulente, o executivo (a) ou não sabe bem qual seu “real” problema, não quer ou não pode revelá-lo integralmente ou, no mais das vezes, convive com opiniões contraditória, sintomas, nuances, ou “soluções” e propostas que se excluem entre si, defendidas por acionistas, sócios, gestores, executivos, porém com visões e interesses díspares.
Com efeito, toda empresa ou negócio tem -digamos -, seu lado de “luz” – aparente, óbvio, claro, aparentemente unânime e outro – seu lado “sombra”, sua realidade oculta, sorrateira e desconhecida e, por vezes, até surpreendente.
Lembramo-nos de um cliente que contratou a Consultoria para desenvolver trabalho de Planejamento Estratégico, um programa, um roteiro- mestre, para seus próximos três, quem sabe cinco anos: estavam em dúvida…
Seus quatro sócios, todos ótimos profissionais, amigos de longos anos, pediam ajuda solicitando avaliação de seus reais recursos, seus mercados alternativos, seus objetivos mais apropriados e, potencialmente, mais lucrativos, a longo prazo.
- Mas, como confessar isso aos três outros sócios?
- E sem abalar sua união, sem perda de valor do negócio, do ponto de vista do mercado e, ainda, embora amigos, sem risco de reduzir seu poder de barganha na venda de sua parte aos sócios remanescentes?
- O lado sombra da empresa.
- O que você faria?
Às vezes, a coisa chega ao burlesco. Como daquele presidente da multinacional, de origem europeia, que pediu nossa ajuda para um problema “cultural” de sua empresa.
Embora possuísse uma biblioteca razoável, em livros e documentação técnica, ninguém a consultava. Examinamos o assunto.
A tal da biblioteca ficava o tempo todo fechada a sete chaves, aos cuidados de um compenetrado e zeloso funcionário que não “emprestava” a ninguém, com medo de “sumirem” com seus preciosos alfarrábios…
O que você faria?
E não é de hoje a irresponsabilidade, a falta de visão do todo. Como o da multinacional americana que pretendia vender uma unidade fabril de produto para o setor de construção civil, em que não era um ator de peso.
Com estudos quase concluídos, relatórios parciais analisados e aprovados, honorários quitados, primeiras sondagens bem recebidas, surpreendeu a todos a ordem da matriz para fechamento, de imediato, da fábrica, porque não poderiam perder tempo com insignificante unidade no portfólio internacional do grupo.
Fechada abruptamente enfrentaram greves, sindicalistas à porta, ações trabalhistas e desvalorização dos equipamentos, terreno e construção, os quais foram arrematados em leilão.
O que você faria?
Por essas e outras, a Consultoria tem seu lado de ciência e outro –importante – de criação artística.
O Consultor, pela sua independência, isenção, saber ouvir e com perguntas que levem à reflexão, à análise…, desvela e pinta de cores e luz o que jaz oculto, esconso, à sombra, intencional ou não e, talvez, resida exatamente nisso o irresistível desafio gratificante da Consultoria. À época aprendíamos observando, lendo a incipiente literatura e trabalhando.
Mais com nossos próprios erros do que com os acertos.
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