A sociedade em que vivemos é uma sociedade voltada para o trabalho, portanto, é difícil escapar ao fato de que somos incentivados a trabalhar duro para conseguir o que queremos.
Desde pequenos ouvimos dizer que bens materiais, reconhecimento, valorização e sucesso custam caro. Em geral, somos levados a imaginar que fama e fortuna estão disponíveis somente para aqueles que trabalham mais e assim chegamos ao ponto de acreditar que uma vida modesta, desprendida de esforço, nos impedirá de conseguir aquilo que desejamos.
De fato, o trabalho duro pode até ajudá-lo a enriquecer rapidamente, mas não significa virá que acompanhado de felicidade. Aliás, riqueza e felicidade geralmente andam distantes. Dia desses li uma reportagem sobre Warren Buffet, um dos investidores mais ricos do mundo, onde ele dizia categoricamente: “eu daria todo o meu dinheiro para ser reconhecido como um grande filósofo”, ou seja, não apenas como um dos homens mais ricos do mundo. Ser rico não diz muito.
Assim como milhares de pessoas ao redor do mundo, fomos programados desde pequenos para estudar mais, trabalhar duro, correr atrás do prejuízo e viver intensamente os primeiros anos para garantir uma velhice tranquila, portanto, ser taxado de “vagabundo” ou mesmo “folgado” não faz parte dos nossos planos, pelo menos até conseguirmos uma reserva suficiente para chutarmos o balde a fim de viver, de fato, como gostaríamos.
Não existe a menor dúvida de que a preocupação exacerbada com a segurança nos afasta cada vez mais do bem-estar e da felicidade, no sentido pleno, portanto, a independência financeira pode até nos trazer uma falsa sensação de liberdade, mas não garante a segurança física, psicológica ou econômica, pois estas são difíceis de encontrar. As pessoas que conseguem subir na vida e acumular mais dinheiro também acumulam mais problemas do que o necessário.
Lembre-se de Henry Ford e sua frase mais famosa: “se o dinheiro é sua única esperança de atingir a independência, você jamais a terá. A única segurança real que um homem pode ter neste mundo é uma reserva de conhecimentos, experiências e habilidades.” Você conhece algum emprego seguro, estável e tranquilo? Você nunca terá os três adjetivos ao mesmo tempo enquanto for apenas alguém que corre atrás do dinheiro em vez do equilíbrio. Se você for um workaholic então, prepare-se para perder amigos, família, paz de espírito e energia vital. Sua prioridade será sempre o trabalho, o dinheiro e o sucesso a qualquer preço. Quem trabalha mais produz menos, em termos qualitativos.
De maneira geral, as pessoas não escolhem suas carreiras, são absorvidas integralmente por elas, portanto, quanto mais distante você estiver da vocação original, mais infeliz e absorvido pelo trabalho você será. Quanto mais você quiser acumular, status, moradia, carros de luxo, casa na praia, etc., mais será absorvido pelas dificuldades financeiras ao longo da vida. Quantas pessoas vivem uma vida de luxo e fantasia e só se dão conta da realidade quando passaram a receber aquela mísera pensão da aposentadoria que não é suficiente nem para pagar os remédios que a velhice exige delas.
Que coisa interessante! Note que mesmo quando afirmamos que dinheiro não traz felicidade, nunca deixamos de sonhar em ter pelo menos um milhão na conta ou de acertar na mega sena, não apenas pela falsa segurança que o dinheiro parece nos proporcionar, mas pela falsa sensação de que, no fundo, pode resolver todos os nossos problemas. Como diria Ernie Zelinski, escritor americano, o dinheiro resolve todos os nossos problemas, exceto aqueles que ele não resolve.
A grande ironia de tudo isso é que quando não existe prazer no trabalho, resta-nos a busca desenfreada por dinheiro e bens materiais, como válvula de escape ou como tentativa de dar algum sentido à vida. Um carro importado ou um carro de luxo pode significar uma “recompensa” por ter que lidar com algo que não lhe dá prazer nem sentido de realização. O status do seu chefe acaba se tornando o seu status e isso é a mais completa escravidão.
Os antigos gregos defendiam a distribuição equilibrada do tempo, algo como oito horas para trabalhar, oito horas para o lazer, família e educação e oito horas para dormir. Seria a única forma de manter o equilíbrio saudável e necessário para o aproveitamento máximo das nossas potencialidades. Portanto, se você trabalha mais de 8 horas por dia, deve repensar imediatamente a sua profissão. Manter-se focado exclusivamente no trabalho significa abrir mão de coisas valiosas como a companhia dos seus filhos, da sua esposa e da própria saúde, a menos que isso não tenha qualquer importância na sua vida.
Para que serve uma mansão enorme se você passa dois terços do dia trabalhando e chega em casa apenas para dormir? Para ser ainda mais direto, para que serve uma família se você passa o tempo todo viajando, correndo atrás do dinheiro? Para que serve um alto cargo na empresa se o deixa estressado, infeliz e cada vez mais distante do seu objetivo de vida? Nas palavras de Ernie Zelinski, ter sucesso no trabalho é irrelevante se você for um fracasso em casa.
Por fim, jamais confie no que inspira as outras pessoas a escolherem uma vida, profissão ou carreira. Confie apenas naquilo que o inspira desde o primeiro instante. Nunca permita que a sua intuição seja atropelada pelo conselho de alguém que não faz o que gosta e ainda pede que você continue fazendo o que não gosta porque o mundo é assim mesmo. Vender a sua alma por um ótimo salário e um cargo da maior importância na empresa pode lhe custar o futuro.
O principal objetivo na vida deve ser uma vida plena, feliz, equilibrada, independentemente da quantidade de dinheiro acumulada. Não faz sentido ganhar dinheiro e não ter tempo de usufruí-lo, portanto, saiba quando, quanto e como se esforçar no trabalho. De acordo com Don Herold, escritor e humorista americano, a infelicidade é não saber o que desejamos e nos matar para consegui-lo. Pense nisso e seja feliz!
Fonte: Jerônimo Mendes - http://www.qualidadebrasil.com.br/
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