Sinceridade e respeito são fundamentais para minimizar os impactos
Por Simão Vieira, www.administradores.com.br
Quando o delicado momento da demissão pega o profissional de surpresa, os impactos podem ser imensos. A queda na auto-estima, a crise financeira pessoal e a dificuldade para se recolocar no mercado são grandes vilãs. Entretanto, o embaraço nessa hora não é só do demitido. Superiores responsáveis por dar a má notícia também têm dificuldade para lidar com a situação. "Ainda que um profissional experiente possa ter realizado várias ao longo da sua vida, cada demissão continua sendo um momento extremamente estressante", afirma Fernando Trevisan, diretor geral da Trevisan Escola de Negócios, no artigo "O céu turbulento da demissão".
O que dizer? Como dizer? Trevisan explica que é preciso ter muita cautela, por parte do superior, na hora de fazer a demissão. "O momento é extremamente delicado, e por isso deve ser tratado com o máximo de cuidado e respeito", afirma Fernando. Norberto Chadad, CEO da Catho Consultoria em RH, lembra ainda que "a pessoa responsável pela demissão nunca deve esquecer que o demitido estará fragilizado no momento imediatamente seguinte à notícia e deve usar todas as ferramentas disponíveis para minimizar o impacto".
Na hora de demitir é fundamental o olho no olho, ter uma conversa franca, mostrando as falhas do profissional que ocasionaram a demissão e deixando claro que a saída pode abrir espaço para novos projetos. "A conversa deve ser pessoal, nunca por telefone, muito menos por email ou telegrama. Esses pequenos detalhes fazem grande diferença para que o profissional que está sendo demitido não sinta sua auto-estima rebaixada", lembra Trevisan. Norberto Chadad complementa: "uma boa solução para minimizar os impactos é oferece um processo de recolocação (outplacement)".
Fui demitido. E agora?!
O profissional também precisa fazer sua parte. Não se deixar abater é o primeiro passo depois da notícia. "Uma demissão pode servir para tirá-lo da zona de conforto e se arejar profissionalmente", afirma o diretor-geral da Trevisan Escola de Negócios. "Não adianta se lamentar. O importante é absorver com sinceridade os motivos que o levaram à demissão, analisar os erros e olhar adiante com uma nova postura", complementa.
Manter-se sempre preparado para o pior também é fundamental. Aliar planejamento financeiro com iniciativas preventivas voltadas para o mercado de trabalho deve ser a regra. "Sem dúvida, reservar uma parte da renda para emergências é uma atitude sempre prudente. Mas existem outras iniciativas importantes que podem ajudar o profissional demitido a se recolocar rapidamente", afirma Fernando Trevisan. E ele complementa: "manter uma rede de relacionamentos ampla e diversificada é essencial, já que grande parte das contratações se faz por indicação. Mas não adianta buscar essa network só quando precisa. O ideal é aparecer sempre, contribuir de alguma forma e ajudar quando é solicitado". Como lembra Norberto Chadad, "o networking é responsável por 50% das recolocações".
A formação continuada também pode ajudar o profissional na hora de buscar um novo espaço no mercado. Além de desenvolver competências, a sala de aula é uma vitrine importantíssima, pois os colegas serão recrutadores altamente confiáveis para as empresas onde trabalham. "São eles que vão dar boas ou más referências sobre seu caráter e desempenho profissional. É importante estar atento para deixar uma boa impressão, já que ao fechar uma porta talvez você esteja fechando três", diz Trevisan.
Especialista ou generalista?
Estar aberto a exercer novas funções pode ser um caminho para se realocar profissionalmente. Francisca Ribeiro, 53, que tem no currículo três demissões, afirma: "me tornei uma profissional a cada dia mais polivalente, podendo exercer inúmeras atividades em diversas funções e áreas". Ela diz que foi tradutora, intérprete, professora, comunicadora social, relações publicas, agente de pessoal, gerente de RH, assessora internacional, recepcionista, baby sitter, promotora de eventos, diretora de sociedade de amigos de bairro e relações institucionais.Segundo Fernando Trevisan, o segredo está em o profissional ter flexibilidade. "É claro que um profissional especialista que seja flexível e também consiga tratar de outros assuntos, e um profissional generalista que consiga se aprofundar quando for necessário, vai se destacar em relação aos outros". Já Chadad incentiva o foco em uma área. "A especialização é o melhor caminho. Participar de seminários, muita leitura e pesquisa constante farão toda a diferença em um processo de seleção de profissionais", afirma Chadad.
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