quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Mercado busca Administradores com Perfis de Liderança


Pesquisa Nacional Perfil dos Profissionais de Administração (Sistema CFA/CRAs) trouxe um panorama do que é esperado para o futuro da área

Com as constantes mudanças impostas pelo mercado de trabalho, é preciso estar preparado e se capacitar para o futuro. Afinal, a todo momento surge um novo campo de atuação e, consequentemente, mais oportunidades.

Inclusive, a Pesquisa Nacional Perfil dos Profissionais de Administração (Conselho Federal de Administração-CFA, 2023) trouxe um panorama do que é esperado para o futuro da profissão. 

O levantamento apontou que, entre as áreas mais promissoras para contratação de administradores, estão a de consultoria empresarial, empreendedorismo, agronegócio, administração pública direta e atuação em instituições financeiras.

Segundo o professor e coordenador do curso de administração da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Ramon Alves, as áreas apontadas seguem as potencialidades de mercados regional, nacional e mundial.

“As novas perspectivas da economia global e local ditam o ritmo em que as IES [Instituições de Ensino Superior] precisam dinamizar os cursos, e os apontamentos da pesquisa direcionam e orientam os coordenadores de cursos para que haja uma adaptação imediata nas matrizes curriculares tanto em IES públicas quanto em privadas”, explica.

Já entre aquelas com maior poder de crescimento para os tecnólogos, aparecem novamente consultoria empresarial e empreendedorismo. Também ganham destaque comércio varejista, setor tecnológico e logística.

A Pesquisa Nacional do Sistema (CFA/CRAs) é o mais significativo levantamento feito na história sobre a profissão no país. O estudo quantitativo contou com a participação de mais de 14 mil profissionais.

A análise tem como objetivo identificar tendências e interpretar cenários relacionados ao exercício de atividades nos campos da administração. Durante o levantamento, foram consideradas as perspectivas dos profissionais do segmento (bacharéis e tecnólogos), coordenadores, professores vinculados ao bacharelado em administração e em cursos conexos, além de empresários/empregadores.

O levantamento mostrou, ainda, quais são as características que as empresas buscam. Destacam-se, na visão do empregador, os profissionais que tenham uma visão voltada para o segmento de negócios, conheçam todas as áreas da organização e tenham capacidade de exercer liderança e trabalhar o clima motivacional das equipes.

O diretor da Câmara de Formação Profissional do CFA, Gelson Uecker, afirma que as tomadas de decisões devem ocorrer a partir de informações consistentes e confiáveis, por isso a pesquisa nacional assume um papel fundamental, tanto para o Sistema CFA/CRAs e inscritos como também para empresários e respectivas empresas.

A partir de uma metodologia diferenciada, composta por pesquisas qualitativas e quantitativas, tendo a participação de mais de 14 mil respondentes e sendo feita por uma instituição de credibilidade como a FIA, a pesquisa nacional apresenta dados que mostram o perfil do profissional de administração, formação e atuação, como também as oportunidades de trabalho.

“Como a administração é a base para as empresas e essas são essenciais para o desenvolvimento do país, a pesquisa nacional pode servir de fonte de dados para o planejamento dos governos federal, estaduais e municipais. O desafio do sistema CFA/CRAs agora consiste em realizar novos estudos e ações, considerando as mudanças dos comportamentos dos profissionais e organizações”, pondera o diretor.

Adaptabilidade dos cursos

Os conhecimentos específicos percebidos por todos os grupos ouvidos na pesquisa se voltam para a área estratégica da empresa, para a administração de pessoas, de finanças e orçamento.

Para os participantes do estudo, identificar problemas e formular e implantar soluções foram as opções preferidas para caracterizar as competências mais procuradas do administrador.

Já as principais habilidades percebidas estão na capacidade de se relacionar, na visão do todo e no exercício de liderança. Sendo também apreciada a adaptação à transformação e a aplicação de novas técnicas com criatividade e inovação.

“A maioria dos cursos no país necessitam de uma estrutura ultra moderna para acompanhar a velocidade de transformação e adaptação tecnológica. O curso que coordeno tem uma matriz moderna e flexível que garante a capacidade de gerenciar e tomar decisões na condução de empresas na busca de excelência profissional”, afirma Alves.

Quem concorda com o professor é o CEO da Soluções Rocha, Jonathan Rocha. Para ele, há uma significativa diferença entre o que é ensinado em sala de aula e o que o mercado de trabalho exige. “Entendo que o dinamismo do mercado exige das instituições uma adaptabilidade em relação aos conteúdos e atividades práticas. Também acredito que a abordagem generalista dificulta a absorção e entendimento da complexidade de cada área da gestão”, defende.

O administrador Jonathan Rocha avalia que o mercado ainda tem carência de profissionais altamente capacitados

Características do profissional de administração

A Pesquisa Nacional definiu assim a identidade exigida do administrador:

·       Formador, líder e motivador de equipes de trabalho.
·       Articulador e coordenador das diversas áreas da organização.
·       Visão sistêmica/holística da organização. 
 ·       Estrategista e gerador de processos eficazes na utilização de recursos com foco em resultados.

Por isso, a identidade para o tecnólogo ficou caracterizada como:

·       Especialista com visão focada em determinada área da administração, que planeja, coordena e executa atividades específicas no campo de atuação.

Também entre os dados apresentados com a pesquisa estão os de que 76% dos entrevistados concluíram algum curso de especialização e capacitação depois de terminar a graduação. Além de que 73% ainda garantiram que pretendem fazer algum projeto de aperfeiçoamento ou curso para seguir com a educação continuada.

Os cursos em geral têm formação ampla. Por isso, de acordo com o professor, cabe a cada aluno fazer escolhas para especialização no campo de atuação. “Acredito que os profissionais precisam ampliar o conhecimento e visão holística. Ter, também, domínio de outra língua, tecnologia, raciocínio lógico, negociador, comunicador, oratória, inteligência emocional, entre outras”, avalia.

“Faz-se necessário se especializar para ser mais eficiente e eficaz. Especializar-se e se reciclar continuamente faz parte da rotina de qualquer profissional bem-sucedido.”


Ramon Alves, professor e coordenador do curso de administração da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Rocha também entende a necessidade de especialização no ramo. Assim, possui duas especializações concluídas e uma em andamento. “Sou pós-graduado em gestão de pessoas e em controladoria e finanças, e estou me especializando em ESG”, acentua.

Na visão do profissional, as áreas mais concorridas hoje são de gestão de pessoas e de retenção de talentos. “Os recursos humanos se tornaram um grande desafio para as organizações. A escassez de mão de obra e a mudança de significado do trabalho das últimas gerações que assumiram os postos estão gerando conflitos e uma dificuldade de atração e retenção. Os índices de turnover muito altos e a perda de qualidade são sensíveis”, acrescenta.

Influência na escolha do curso

Na hora da escolha pelo curso de administração, o que mais influenciou os estudantes foi a formação generalista e abrangente, amplo mercado de trabalho e a vocação.

Já entre as principais ações que devem ser implementadas pelo Sistema CFA/CRAs, de acordo com os participantes da pesquisa, estão ampliar a defesa dos profissionais de administração no mercado de trabalho, aprimorar a fiscalização do exercício profissional e atuar politicamente na defesa dos interesses dos graduados em administração junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O administrador Jonathan Rocha avalia que o mercado ainda tem carência de profissionais altamente capacitados

Na avaliação de Jonathan Rocha, o mercado de administração atual tem carência de bons profissionais na área de gestão. “A contratação de mão de obra não especializada, ou com desvio de função, traz consigo uma vulnerabilidade nas organizações a partir do momento que a teoria é deixada de lado e o empirismo, baseado na tentativa e erro, passa a ser o formato de gestão adotado nas empresas”, explica.

“Entendo que há um espaço a ser ocupado por gestores formados e capacitados, desde que bem preparados e com diferenciais que os destaquem, entre os quais enfatizo a gestão e a retenção de talentos.”

Para finalizar, Alves reitera que as atribuições dos conselhos têm papel fundamental no fortalecimento da profissão, por meio da fiscalização, orientação e capacitação. “Penso que a aproximação com legisladores e com o Poder Executivo legitima e garante para a sociedade excelência na prestação de serviços pelo profissional”, pontua.

Copiado: https://www.metropoles.com/conteudo-especial/pesquisa-administracao 

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