quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Os "idiotas da aldeia"​ de Umberto Eco não podem dominar nosso cotidiano

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Você está satisfeito com o nível das publicações e das conversas que encontra nas redes sociais, especialmente no LinkedIn?

Muita gente reclama para mim que ele vem caindo continuamente há muito tempo, e que muitas vezes fica difícil encontrar algo que valha a pena. 

Isso é uma pena, pois as redes nasceram como um espaço incrível de boas trocas.

Toda rede social, à medida que fica muito popular, começa a se parecer com a sociedade em que está inserida. E, se a maioria da população prefere um discurso raso (porém divertido), isso acaba se refletindo nas postagens. 

Combine isso com o fato de o meio digital ter se tornado crítico para a promoção de qualquer negócio ou carreira, e chegamos ao que temos hoje.

Em um famoso discurso em junho de 2015, Umberto Eco disse que as redes sociais haviam dado voz a uma “legião de imbecis”, antes restrita a “um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.” 

Afirmou ainda que “eles eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra que um Prêmio Nobel” e que “o drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.”

Eu me lembro que, na época, discordei publicamente do escritor e filósofo italiano. Achei que havia, em suas palavras, uma certa intolerância e até soberba. 

Defendo que todos devem ter o direito de falar e que crescemos justamente ao contrapor discordâncias, desde que expostas de maneira razoável e positiva.

Hoje percebo que Umberto Eco viu, lá atrás, o cenário em que vivemos. Parece que fosse em outra vida, mas não faz muito mais que cinco anos.

Precisamos romper essa necessidade de “aparecer a qualquer custo”, em que as pessoas são levadas a replicar ideias de fácil aceitação que nem são delas. 

Além disso, quando a massa ganha um poder enorme e inconsequente para expor suas insatisfações, pode ser levada a praticar condenações e execuções sumárias. 

Esses indivíduos se esquecem que os que hoje condenam injustamente amanhã podem morrer do mesmo veneno.

Precisamos desenvolver a nossa capacidade de unir pelo compartilhamento de ideias propositivas, que todos nós somos capazes de desenvolver. 

É hora de parar de “falar só porque se tem boca” e deixar que o mundo perceba nosso valor pelas nossas virtudes e generosidade.

Copiado: https://www.linkedin.com/in/paulosilvestre/

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