O mundo mudou, e o fim da quarentena não será o fim do home office.
Essa talvez seja uma das poucas certezas que temos no momento. A pandemia que assolou os países de uma forma inimaginável apenas acelerou o inevitável: a migração para o ambiente digital, o trabalho remoto e o uso contínuo de novas tecnologias de comunicação.
Empresas e profissionais se viram obrigados a adotar esse ambíguo modelo de trabalho, e, após meses de isolamento social, já podemos chamá-lo de o “novo normal”.
O fato é que essa migração forçada serviu como teste para todos no mundo dos negócios, sendo que muitas empresas e profissionais viram como esse modelo pode ser vitorioso e produtivo em algumas situações.
Contudo, é preciso observar que muitas organizações fizeram essa transição de forma abrupta, desconsiderando inúmeras necessidades e expectativas de seus atores organizacionais.
Quem já não escutou ou teve aquela sensação de que “tudo mudou da noite para o dia!”.
Todos nós, certo?
Nesses termos, com o intuito de aparar algumas arestas deixadas pela correria das primeiras semanas de isolamento e o despreparo de muitas instituições, a partir de agora o home office deve ser pensado como duas grandes ondas de aprendizagem.
A primeira deve tratar da gestão do tempo, pois autonomia exige maturidade e os tempos de trabalho não devem interferir na vida pessoal dos trabalhadores.
É preciso delimitar com maior clareza quais são os horários de trabalho.
A empresa deve preservar a carga horária dos empregados e incentivá-los a seguir essa programação.
Ao mesmo tempo, é preciso que se observem as necessidades individuais e familiares dos funcionários.
Para citar um exemplo, devemos considerar que muitos profissionais se tornaram tutores escolares durante a pandemia, acumularam tarefas domésticas e tiveram que trabalhar em espaços muitas vezes inadequados.
Portanto, é preciso que se respeitem os tempos de trabalho, mas que se criem margens para flexibilização e apoio aos funcionários.
Como segunda onda de aprendizagem, precisamos ponderar que os programas de capacitação, desenvolvimento e acompanhamento dos funcionários devem ser intensificados.
Por mais estranho que possa parecer, muitas pessoas ainda possuem grandes dificuldades com o mundo digital, e isso começa pelo simples uso de uma plataforma de comunicação.
Empresas e profissionais devem assumir o compromisso pela qualificação contínua e pela quebra de paradigmas relacionadas às novas tecnologias.
Ninguém pode ficar para trás diante das possibilidades digitais que teremos daqui para a frente. Não pode haver barreiras.
Portanto, essa onda de aprendizagem deve ser definida a partir de agora como um valor cultural.
O fato é que, seja no formato híbrido ou na modalidade 100%, o home office veio para ficar.
Portanto, cabe aos atores organizacionais observar criticamente suas vantagens e desvantagens, bem como o percentual de atividades que podem ser feitas nesse formato.
Daqui a 5, 10 anos, serão lembrados e exaltados aqueles que compreenderam as potencialidades dessa nova configuração, e, ao mesmo tempo, serão julgados aqueles que deixaram de lado a responsabilidade social corporativa durante esse “novo normal”.
Por: Felipe Gouvêa Pena- Professor e Consultor de Gestão de Pessoas
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