quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A Diferença entre o Achismo e a Pergunta

Ao ouvirmos pessoas envolvidas em uma conversa logo percebe-se que a maioria tem opiniões a respeito de tudo. São opiniões espontâneas, onde a impressão que fica é que não existiu uma procura realmente intensa para chegar na conclusão dita.

Quando achamos algo, damos opiniões a partir do que vivemos em nossa vida, tanto conceitualmente (definições do que são as coisas e fatos), “Eventos são ruins para os negócios”, “Parece que a pessoa está fazendo mal ao grupo”, “Isto não é planejamento”, ou sentimentais (vividos acerca do tema tratado na conversa), “Não confie nesta pessoa”, “Este processo não é bom”.

Sabemos nos queixar, elogiar e opinar. É uma prática cultural, feita diariamente por nós nas organizações, nos encontros com amigos e família. 

O desafio para quebrar esta lógica é aprender a opinar de modo mais consciente, transformando a forma com a qual julgamos. Isto mesmo, não é deixar de julgar, mas reter o julgamento, se colocar em dúvida. 

Está aí um desafio que parece relevante para líderes e gestores que querem proporcionar um processo de desenvolvimento constante nas organizações.

Porque este desafio parece relevante?

A pergunta que fica é, onde o achismo está nos levando?


A realidade que criamos a partir do achismo pode ser observada na qualidade das relações e conversas entre as pessoas. 

  • Quem realmente escuta? 
  • Quem se conecta, sente e percebe a outra pessoa? 
  • Um bom indicador para responder esta pergunta é, quantas pessoas você percebe que se interessam pelo que você diz?


A lógica que sustenta esta forma de conversar é a de ter razão, estar certo ou vencer um debate. O achismo está ancorado nesta lógica, definimos coisas para estarmos certos, é uma relação de poder. 

Encontrar dentro de si as respostas para as coisas da vida é o caminho do "eu sei".

O impacto gerado é a limitação da criatividade, a ansiedade, a dificuldade de entender os cenários complexos e principalmente a perda das relações de confiança, de carinho e de aprendizado entre as pessoas.

A chave para a virada: perguntas

São as perguntas que podem transformar o achismo e as respostas pré-formadas em um momento de aprendizado, de escuta e de atualização. 

Mas o que é uma boa pergunta?

Tive a oportunidade de escutar em alguns trabalhos com lideranças, diálogos sobre a boa pergunta. E a chave que percebi e venho praticando é a transformação da lógica “Tenho razão”, para “eu quero saber mais” ou “será que o que estou achando está correto?” 

É a realidade de se permitir ficar em dúvida. Por isto, a boa pergunta é aquela que eu quero saber a resposta, é a que abre um processo de busca, que inicia o caminho para a descoberta, para o entender junto.

E as respostas chegarão quando o assunto for procurado, esmiuçado e entendido a partir do momento atual. 

Quem não tem perguntas não conseguirá entrar neste processo, vai ficar limitado às respostas que estiverem mais próximas, perdendo a oportunidade de encontrar novas respostas, ou melhor, para encontrar as pessoas, suas experiências, conhecimentos e caminhar junto.

A dica para gestores

Fazer perguntas para as pessoas que estão com você no ambiente organizacional é um caminho e tanto para colocar todos em movimento, de criar sempre um ambiente novo, aberto, alinhado, criativo, confiável, sábio e capaz de provocar mais engajamento, entendimento e atitudes para os desafios diários.

A dica é, quando chegar a um julgamento ao invés de colocar para fora como afirmação ou definição, transforme-o em uma pergunta aberta. Pratique e veja o resultado que causa ao seu redor, nas possibilidades que se abrirão. Faça e confira o resultado, em você e nos outros.

Para terminar:

  • O que te chamou atenção neste texto?
  • Como a pergunta está sendo usado por você?
  • O que você pretende fazer sobre isso?


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