Os termos “Administração” e “Gestão” são, frequentemente, utilizados como sinônimos para justificar e avalizar o funcionamento da empresa de negócios e das demais Organizações empresariais na atualidade. Eles são tratados com isonomia, embora pareçam haver fortes distinções que se revelam quando avançamos para o campo das competências e das habilidades necessárias para o cumprimento de cada um desses termos.
Para diversos autores, a definição de Administração e gestão é a mesma e seu conteúdo essencial é muito similar, ainda que cada autor utilize uma definição própria.
Já publiquei diversos artigos em que referenciei a Administração como “Ciência da Gestão“. Desse modo, naturalmente, entendo que Administração e gestão sejam termos comuns. Por outro lado, tenho a consciência e a devida preocupação sobre as distorções que acercam a congruência da definição dos dois termos.
Essa inquietação se manifesta quando percebo que diversos profissionais de outras Classes se apropriam do termo e se autodenominam “gestores”. São “gestores” de alguma coisa: advogados, psicólogos, engenheiros, professores, contadores, médicos, publicitários, etc.
De acordo com minha linha de entendimento, parecem haver algumas inconsistências na apropriação indevida dos termos. Há muito tempo que venho escrevendo sobre o assunto (Administração), mas há alguns dias percebi a necessidade de refletir mais profundamente sobre isso.
Isso me ocorreu quando li um artigo que tratava sobre o tema da “gestão”. Esse texto falava sobre o gerenciamento escolar realizado por diretores nas diversas instituições de ensino do país. Retratava os atributos necessários para exercer tal função, além de “legitimar” seu exercício profissional.
Tanto neste texto, quanto em outros tantos, percebi que há uma confusão comum a qual relaciono como paradigma social: em nenhum momento há a devida referência da essencialidade e da legitimidade de um Administrador para exercer tal função.
Assim, parece que Administração e gestão são termos comuns fixados por um paradigma social que associa o exercício dessa atividade à uma “arte liberal” que se baseia exclusivamente em práticas empíricas isentas de desempenho. Em outras palavras, qualquer tipo de profissional pode ser considerado um gestor ou um Administrador.
Aqui reside o perigo em colocarmos no mesmo “saco” a definição congruente dos dois termos: Administração e gestão, embora eu reafirme se tratar de coisas idênticas. A “Administração” é uma Ciência legitimada enquanto a “gestão” pode ou não ser usada no lugar do primeiro termo.
Como já explanei: a Administração “exige competências e habilidades muito mais complexas, com alto nível de profundidade, dinamismo e visão abrangente ao lidar com diversos modelos e técnicas que envolvem a Ciência Administrativa”.
Já a gestão, de modo pontual como é vista pelo senso comum, parece lidar com os níveis especializados de gerenciamento, ou seja, especialistas em determinadas áreas – gestão de custos, gestão de riscos, gestão tributária, gestão da qualidade, gestão de pessoas, etc.
E ainda que se percebam todas as ineficiências e isenções de desempenho que se originam de “gestões amadoras”, ou seja, na falta de uma Administração profissional, ainda muito pouco se faz como “sociedade organizada e consciente” que somos para discernirmos e exigirmos responsabilidade e responsabilização por desempenho.
São muitos os escândalos, as negligências, as ilicitudes, as imperícias e as irresponsabilidades presentes nas mais diversas gestões “amadoras” organizacionais. Portanto, é preciso muito cuidado quando falamos sobre o que é Administração e o que é gestão. Em muitos casos, podem ser coisas idênticas; mas em outros tantos também podem ser coisas diferentes. E é isso que devemos relativizar sempre quando falamos que naquela empresa há ou não Administração profissional.
Por: Diego Felipe Borges de Amorim - http://negociosecarreiras.com.br
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