terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Administração do Conhecimento


O modelo de gestão conhecido por Gestão do Conhecimento (ou Administração do Conhecimento) é um conceito bastante amplo, mas que pode ser definido de forma simplificada como um “conjunto de técnicas, posturas e condutas dedicadas ao zelo do saber organizacional” (Figueiredo, 2005). 

Esse modelo de gestão ganhou força a partir da década de 90 em resposta às mudanças ocorridas no ambiente empresarial onde cada vez mais a informação e o conhecimento ganhavam notoriedade.

A partir da década de 70 a acirrada competição imposta pelas empresas orientais forçou uma drástica mudança na visão que até então se tinha das práticas gerenciais. 

Foi-se deixando de lado modelos antigos que ainda se baseavam na abordagem tradicional da administração, voltada mais para a produção em massa e para a eficiência do que para a qualidade e competitividade, assim, ao longo dos anos podemos observar que a evolução das abordagens administrativas nos leva de encontro a um novo conceito de empresa onde expressões como capital intelectualcapital humanoativos intangíveis einteligência empresarial, entre outros, ganham cada vez mais destaque.

Antes de nos aprofundarmos no conceito de Gestão do Conhecimento torna-se necessário fazer uma breve distinção entre conhecimento e informação

  • A informação pode ser definida como um conjunto de dados que possui algum valor ou significado para quem os utiliza. 

  • Já o conhecimento é um pouco mais amplo e complexo apesar de ser derivado da informação, pois ele está dentro das pessoas e é algo intuitivo, difícil de ser expresso e que está sempre em constante evolução devido as interações do indivíduo com o ambiente que o cerca. Devemos destacar também que o conhecimento é algo individualizado sendo diretamente influenciado pelas crenças e valores de cada pessoa.


O conhecimento ainda pode ser dividido em dois grupos, o tácito e o explícito. 
  • O conhecimento explícito é aquele que pode ser exteriorizado através da linguagem formal e que se encontra expresso na forma de manuais, instruções, expressões matemáticas e etc., 
  • Já o conhecimento tácito é mais difícil de ser compartilhado, pois está incorporado à experiência pessoal e depende de fatores intangíveis como valores e crenças individuais, insights, habilidades e diversos outros. 


Para melhor ilustrar o que é o conhecimento tácito podemos usar o exemplo de um atleta profissional de elite; a parte técnica do esporte apreendida pelo atleta pode ser entendida como o conhecimento explícito, mas todos nós sabemos que um atleta de alto nível não é feito só de técnica, existe sempre alguma “habilidade” natural (o “saber fazer”) que o diferencia dos outros, mas que ele não conseguiria ensinar para outra pessoa, pois é algo difícil de ser expresso, esse é o conhecimento tácito.

Diante do exposto podemos dizer então que a gestão do conhecimento nas organizações é “o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida [desta] [...] organização” (SANTOS, 2001), ou ainda, que a gestão do conhecimento é a capacidade da empresa de identificar e transmitir conhecimentos relevantes aos seus funcionários criando possibilidades para que este conhecimento seja efetivamente aplicado em favor do desenvolvimento de vantagens competitivas para a empresa.  

Desta forma, a gestão do conhecimento leva as organizações a atuar de forma mais segura e eficiente, pois garante a transmissão e a aplicação dos conhecimentos existentes evitando, por exemplo, o desperdício de tempo com a “descoberta” de soluções que já existiam ou ainda decisões equivocadas com base em informações erradas ou na falta de experiência.

Mas como ocorre o processo de criação do conhecimento organizacional? 

Para tentar elucidar esta questão Nonaka e Takeuchi (1997, apud Penteado et. al, 2008) desenvolveram a conhecida “espiral do conhecimento” que tenta explicar como funciona o processo de transformação do conhecimento dentro das organizações.

Segundo os autores este processo se divide em quatro etapas conforme exposto a seguir:
  • Socialização do conhecimento: que compreende o processo de compartilhamento das experiências (tácito para tácito);
  • Externalização do conhecimento: que compreende a comunicação do conhecimento ao grupo através do uso de conceitos, analogias, metáforas ou modelos (tácito para explícito);
  • Combinação do conhecimento: que é o uso de uma linguagem formal para registrar e difundir o conhecimento, como por exemplo, a criação de manuais (explícito para explícito).
  • Internalização do conhecimento: compreende o processo de aprendizagem, quando novos conhecimentos começam a ser assimilados pelos indivíduos e são utilizados para agregar ou modificar o conhecimento já existente (explícito para tácito).
Compreendido o conceito de gestão do conhecimento e as etapas que envolvem a criação do conhecimento organizacional, devemos agora nos voltar paras as técnicas usadas nesta árdua tarefa de gerir um bem intangível, o conhecimento. Porém, devido à complexidade e extensão deste tema selecionamos apenas algumas das principais técnicas utilizadas e apresentaremos a seguir um resumo destas, buscando abordá-las mais detalhadamente em artigos futuros.

Práticas de Gestão do Conhecimento adaptado de Penteado et. al, 2008
Aprendizagem Organizacional: Consiste em mudanças na base de conhecimentos da organização, na criação de estruturas coletivas de referência e no crescimento da competência da organização para agir e resolver problemas.
Benchmarking: Consiste em medir os processos, produtos e serviços de uma organização e, compará-los com os de outras empresas.
Coaching: É uma prática que procura integrar a totalidade da pessoa ao aprendizado, e não trabalhar apenas a informação ou um aspecto exclusivo das habilidades.
Comunicação Institucional: É a comunicação que proporciona a reunião das partes distintas da empresa, produzindo as condições para um trabalho coordenado de estruturas. Permitindo enfim, que as cúpulas empresariais atinjam as metas programadas.
Comunidades de Prática: É um complemento às estruturas formais que tendem prosperar em organizações onde há estágio elevado de confiança entre os gestores e os colaboradores.
Educação Corporativa: Consiste em processos de educação continuada, com vistas à atualização do pessoal de maneira uniforme em todas as áreas da organização.
Gestão de Competências: É a forma como a organização planeja, organiza, desenvolve, acompanha e avalia as competências ao seu negócio.
Inteligência Competitiva: É o sinônimo de capacidade de antecipar ameaças e identificar oportunidades por meio de um processo contínuo em que a informação é transformada em conhecimento e validade para a tomada de decisão.
Mapeamentos de Processos: Possibilita a visualização das interligações e interdependências entre os diferentes processos empresariais.
Melhores Práticas: Procedimento validado para a realização de uma tarefa ou solução de um problema.
Memória Organizacional: É um sistema de conhecimentos e habilidades para preservar e armazenar percepções e experiências, para que possam ser recuperadas posteriormente.
Mentoring: Reúne uma pessoa experiente e hábil, em uma área específica, com outra menos experiente, com o objetivo que esta última cresça e desenvolva habilidades específicas.
Normalização e Padronização: Proporciona meio para instituir comunicação entre clientes e fornecedores, possibilita a eliminação de barreiras técnicas, comerciais e reduz a variedade de produtos e a sua particular verificação da qualidade.
Portais Corporativos: São instrumentos fundamentais no esforço de compartilhar informação e conhecimento no interior das organizações.

Por Camila Conceição Faria - http://www.infoescola.com/

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