Recebi uma mensagem com a qual aprendi novos significados para antigas palavras. Veio em boa hora, eu andava esquecendo que as palavras podem significar bem mais do que parecem.
Gostei dos novos significados, eles me abriram outras possibilidades. Vou comentar alguns, peço que o autor não se incomode, seu nome foi omitido na mensagem original.
Graças a ele descobri que “ainda” é “quando a vontade está no meio do caminho”. Por isso um “ainda” nunca é definitivo, deixa sempre uma expectativa.
Descobri também que a lágrima pode ser definida como “um sumo que sai dos olhos quando se espreme o coração”. É uma imagem forte, não sei se terei coragem de olhar o que sobra de um coração espremido – é difícil separar emoção de lágrima.
Após cada revelação eu me perguntava por que ando usando palavras com tanta economia.
E a amizade?
Alguém desconhece sua importância?
É impossível viver sem amigos, talvez seja por isso que ela tenha tantos significados.
Aprendi que é “quando você não faz questão de você e se empresta para os outros”.
Emprestamo-nos para os outros? Sim. Demorei pra perceber isso, que às vezes “viajamos” para nos “emprestar” aos outros…
De repente me veio a imagem de um boteco enfumaçado (quando isso ainda era possível), madrugada chegando e a gente escutando dramas. Ficávamos ali, “nos emprestando”, deixando de “sermos nós”, para consolar, para repetir que a vida é sempre melhor do que parece…
Depois foi a vez de uma palavra perturbadora – “abandono”. É difícil encontrar outro significado pra ele, mas o cara conseguiu. Ele mostrou que o abandono pode ser suavizado para diminuir a tristeza.
Mesmo que o abandono machuque, a poesia pode ser empregada para defini-lo definitivamente: é “quando o barco parte e você fica…”. É verdade.
Dói ficar num porto qualquer, assistindo levarem uma parte de nós, embora sempre passe outro barco para carregar o que restou para portos mais confiáveis.
Mais uma: “sentimento”. Além de ser aquela coisa que toma conta de tanta gente sem pedir licença, ele também é “a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado”.
Hoje estou convencido de que o coração é poliglota, deve ser por isso que eu não conseguia entendê-lo, sempre tive a sensação de que ele usa um idioma estranho para falar comigo.
Agora a definição perfeita.
A explicação para minha inseparável ansiedade. Eu não entendia o significado exato dessa sensação. Hoje tenho o diagnóstico: “é quando sempre faltam cinco minutos para o que quer que seja”.
Estou aliviado, não sou maluco. Sempre tive a sensação de que me concediam pouco tempo pra tudo, hoje sei que eram cinco minutos – nada mais…
Já uma outra palavra, a “indecisão”. Ela incomoda, geralmente adia a felicidade, maltrata.
Meu amigo anônimo diz que ela acontece “quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa”.
Quem não passou por isso?
O pior é que sabemos realmente o que queremos, embora estejamos sempre com o olho em coisas distantes, bem longe das coisas possíveis…
Agora aquele sentimento que esperamos das pessoas depositárias da nossa confiança – lealdade.
Sabemos a importância da amizade, de um amor leal, mas a explicação para lealdade superou minha expectativa: “é uma qualidade dos cachorros, que nem todo o ser humano consegue ter”.
Realmente, nem todos conseguem conservar intacto esse atributo. A associação é perfeita. Diferente dos homens, neles a lealdade é algo inato, nada os faz trair.
Mas para lembrar o que sentimos quando alguém é desleal, nada é mais claro do que o sentido dado à palavra “decepção” Percebemos imediatamente sua proximidade “quando, quase de maneira automática, riscamos em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho…”. Precisa mais?
Finalmente, a última.
É o beijo, algo que eu imaginava não precisar de palavras para ser definido. Estou falando do beijo de amor, diferente do beijo do Judas…
A definição ajuda a entendê-lo mais: é “um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias”.
Iria ficar por aqui, mas não resisti a mais um novo significado.
É sobre a “felicidade”. É “um agora que não tem pressa nenhuma”.
Ainda bem, a felicidade quando nos procura precisa ser bem tratada, acarinhada, bajulada. Talvez assim ela fique o máximo possível nos apertando em seu peito.
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