Ao analisarmos nosso sistema nacional de inovação - que nada mais é do que a rede de instituições públicas e privadas cujas atividades e interações buscam fortalecer o desenvolvimento científico e os esforços envolvidos -, constatamos avanços significativos ao longo das últimas décadas.
Entretanto, o elo mais fraco neste processo continua sendo a interação entre empresas e academia no desafio conjunto de geração de conhecimentos e sua respectiva transformação em dinheiro novo para as empresas.
A distância ainda é abismal e a gestão dessa dinâmica precisa ser mais bem articulada e incrementada. É fato que a inovação ocorre dentro das empresas e não dentro dos laboratórios das universidades, como já demonstrado em vários estudos mundo afora. Por inovação, entenda-se o processo completo, envolvendo desde a geração de ideias até a transformação efetiva do conhecimento em algo rentável.
O valioso conhecimento gerado nas universidades e instituições de pesquisa, que desempenham função ímpar no sistema, é imprescindível tanto para elevar a produção científica do país quanto para fazer girar a roda do inovar. Cabe ressaltar que o conhecimento gerado nas universidades, ao ser licenciado às empresas para aplicação, alavanca enormemente a velocidade do lançamento das novidades no mercado.
Vários países inovadores já equacionaram esta questão dicotômica e conseguiram reforçar os seus sistemas regionais, sobretudo, por meio da orquestração das ações desempenhadas pelos atores envolvidos no processo de inovação - governo, empresas, instituições científicas e universidades. O trabalho conjunto e planejado das instituições do sistema é que tornará o país e suas organizações mais inovadoras. Lamentavelmente, o desafio de inovar ainda não faz parte das decisões estratégicas de uma grande parcela de empresas brasileiras.
Por outro lado, para um seleto time, ficou claro que não há outra saída para sobreviver no competitivo mercado. Apesar de não contarmos com métodos e modelos padrões, fatores como a aversão ao risco, demanda por investimentos contínuos, bem como as incertezas inerentes ao processo de inovar, podem ser amenizados com uma efetiva gestão do processo.
Para o filósofo e economista Peter Drucker, a gestão pode ser considerada a principal inovação do século 20 e, por esta terminologia, entenda-se resultado, e não esforço. O jogo precisa ser de soma não zero e sem uma efetiva gestão da inovação, dificilmente as empresas conseguirão manter um ritmo constante de crescimento, especialmente em tempos de inovação aberta.
Nesta mesma linha, sem uma eficaz orquestração dos esforços dos atores envolvidos no desafiante processo, dificilmente conseguiremos dar o salto de competitividade, tão necessário na transformação do país em uma nação efetivamente inovadora.
Anderson Rossi é professor do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário