Um dos primeiros usos do conceito “estratégia” ocorreu há aproximadamente 3.000 anos pelo estrategista chinês Sun Tzuo (A Arte da Guerra), que afirmava que “todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas”.
O vocábulo teve sua origem na Grécia Antiga, significando inicialmente, “arte do general” (STEINER e MINER,1981), adquirindo posteriormente uma conotação voltada para a guerra, denotando “General” (estratego) – “a arte e a ciência de conduzir um exército por um caminho”. (MEIRELLES, 1995)
“Poucas palavras são objeto de tantos abusos no léxico das empresas, são tão mal definidas na literatura gerencial e estão tão expostas a diferentes significados quanto a palavra estratégia”. FAHEY (1999)
Gosto particularmente de uma definição para o conceito: “intenção sutil e engenhosa ...” (principalmente quando não quero entrar em detalhes) por ser assertiva, sem firulas. Porém nem todas ações sutis e engenhosas são estratégicas, o que deixa a definição incompleta! O que está faltando? No dicionário, um dos significados sem conotação militar é “arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos” (Houaiss), porém considero incompleta também!
Vamos listar algumas definições (em Administração) clássicas do vocábulo:
- “Medidas que visem diretamente modificar o poderio da organização em relação à concorrência”. (Konichi Omae)
- Orientações que possibilitem melhor posicionamento da organização no ambiente.
- “Conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em um determinado espaço de tempo”. Simon)
- “Forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados”. (Mintzberg)
Se analisarmos os conceitos acima notaremos um primeiro traço comum: medidas, orientações, decisões, forma de pensar no futuro, termos que no contexto das respectivas frases nos dão a idéia de “intenção” e “ação futura”.
Continuando a análise observamos a alusão à uma condição: poderio, posicionamento, comportamento (exceção à Mintzberg).
Uma terceira observação é quanto ao referencial: concorrência, ambiente, (excluindo Simon e Minzberg) sugerindo a participação de outros atores.
Decompondo o conceito:
- Objeto (o quê) – intenção, ação futura.
- Objetivo (para que) –obter poderio, vantagem, supremacia
- Condição (como) – alterar posicionamento, comportamento
- Referência (a fim de) – concorrência, ambiente externo.
A(s) estratégia(s) pressupõe um conjunto de medidas (plano) abrangentes que num tempo futuro visam a vantagem competitiva da organização. Uma somatória de esforços empreendidos no intento de desenvolver ou potencializar competências centrais (essenciais) tornando-as competências de vanguarda.
Tática: “método ou habilidade para sair-se bem em empreendimentos, disputas, situações de vida, relativo a arranjo, organização, alinhamento, manobra hábil”. (Houaiss)
Alguns exemplos de táticas: uma nova tecnologia (equipamentos computadorizados), implementação de metodologia (sistema ISO), racionalização de produtos (pesquisa), modificação de portfólio (inovação), melhoria de competência (treinamento) ...
A estratégia se locupleta pela adoção de medidas táticas que por sua vez, viabilizam-se através de medidas operacionais levadas à termo nos nichos funcionais da empresa formando a cadeia de resultados: ações operacionais -> ações táticas -> ações estratégicas, orientadas na dimensão temporal do curto ao longo prazo.
Imagino que o leitores tem agora, plena condição de completar a definição que iniciamos no quarto parágrafo! (a da definição sem autor, que construí – sem pretensão!).
As ações operacionais (curto prazo), as ações táticas (médio prazo) e as ações estratégicas (longo prazo) orientadas, seqüenciadas, articuladas e formalizadas compõe o conjunto de medidas que estruturam o planejamento estratégico.
- No âmbito militar: subjuga-se o adversário para conquistar seus bens, pois as guerras, preponderantemente têm interesses econômicos!
- No campo pessoal: influencia-se, encanta-se para conquistar a pessoa desejada!
- No aspecto mercadológico, o cliente é o ente de disputa. Empreendem-se estratégias para alterar sua percepção em favor do próprio negócio.
- Na conjuntura político-econômico-social: o governo tem inimigos intangíveis (corrupção, inflação, sonegação, criminalidade, epidemias, analfabetismo – a lista é longa), variáveis sobre as quais não tem governança e que necessita combater para satisfazer sua clientela – a sociedade.
Poderíamos relacionar outros aspectos, porém o objetivo aqui é o entendimento e não o mapeamento das inúmeras conjunturas e contextos! Estratégias são utilizadas para obtenção de propósitos fora do escopo da governança, senão bastaria usar o poder, a força, a autoridades, a liderança, sendo desnecessário medidas sutis e engenhosas.
E quanto à tática? Ela assume características visíveis, pontuais, circunscritas a áreas ou situações específicas. (“...podem ver as táticas pelas quais conquisto...”. Sun Tzuo):
- No âmbito militar, são exemplos de táticas: sitiar o inimigo, ataque surpresa, etc.
- No campo pessoal: bem, aqui as táticas são muito pessoais! Cada um tem as suas.
- No aspecto mercadológico: melhorias na qualidade (processos), excelência no atendimento (vendas, AT), pronta disponibilidade de bens (logística), etc.
- Na conjuntura político-econômico-social: política tributária justa, serviços de saúde eficiente, programa de educação efetivo, atuação proficiente, etc.
Alguns exemplos de medidas operacionais de ordem tática: internalizarão de nova tecnologia (equipamentos computadorizados), implementação de metodologia (sistema ISO, qualidade contínua), racionalização de produtos (P&D), modificação de portfólio (inovação), melhoria das competências (D&T).
A estratégia se locupleta pela adoção de medidas táticas que por sua vez, viabilizam-se através de ações operacionais levadas a termo nos nichos funcionais da empresa formando a cadeia de resultados: ações operacionais -> ações táticas -> ações estratégicas, orientadas na dimensão temporal do curto ao longo prazo.
As ações operacionais (curto prazo) que compõem as táticas (médio prazo), que por sua vez viabilizam as estratégicas (longo prazo) quando orientadas, seqüenciadas, articuladas, formalizadas e sistematizadas estruturam o conjunto de medidas que formam o planejamento estratégico.
Exemplos de desenvolvimento de estratégicas exclusivamente para a compreensão do conceito:
Caso I (política pública) – Melhorar as condições de saúde da sociedade.
Estratégia: melhorar o ar que respiramos deteriorado pelo trânsito. (medidas de impacto, transformação)
Tática A
- diminuir a emissão de gases poluentes.
Ações operacionais:
- implementar um programa de troca de combustíveis atualmente usados pelos menos poluentes (gás, álcool) na rede de transporte publico;
- Incentivos (financiamentos, subvenções...) aos proprietários de táxis e alternativos para adaptação ou compra e de veículos bicombustíveis e estendida aos particulares;
- incentivos à pesquisa e desenvolvimento de filtros mais eficazes na contenção da poluição e intensificação da fiscalização;
- rodízio no uso diário da frota de caros particulares
Tática B
- melhorar e baratear o transporte público para massificar a utilização do mesmo.
Ações operacionais:
- criar mais terminais onde se possa fazer conexões de linhas de ônibus sem pagar nova passagem, barateando o transporte.
- veículos mais confortáveis e rotas mais rápidas.
Assim, para minimizar um grande problema nas grandes cidades, atacaríamos o grande inimigo que é a poluição do ar pela redução na emissão de gases no trânsito a partir de duas táticas e várias ações operacionais respectivas.
Caso II (política empresarial) – Melhorar a participação da empresa no mercado. (medidas ‘influenciadoras’ para promoção do crescimento, sustentabilidade)
Tática A
- encantar o cliente pelo atendimento diferenciado.
Ações operacionais:
- treinamento e doutrinação do corpo de vendas;
- implementar um ambiente agradável e acolhedor;
- melhorias na infra-estrutura interna do ponto de vendas (conveniências).
Tática B
- melhorar os serviços pós-vendas:
Ações operacionais:
- entregas no prazo (logística), instalação do produto, assistência técnica...
- criar uma ouvidoria para atender sugestões e reclamações...
No exposto acima, os exemplos de escopo e interações não pretendem resolver nem esgotar soluções de problemas semelhantes e sim, mostrar o encadeamento de ações para a implementação de estratégias.
Wagner Herrera - consultor com formação em Ciência da Computação e Engenharia de Produção pela Universidade Mackenzie e graduando em Administração Estratégica (lato sensu) na Faculdade Camões (CEDAEM) - Curitiba – PR;
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