Projeto de Lei quer obrigar a colocação de mensagens de alerta em fotografias que tenham sido editadas com o intuito de alterar a aparência dos fotografados. O que você acha disso?
Com a popularização das câmeras digitais e o boom das redes sociais na internet, a fotografia se tornou algo quase onipresente no dia a dia das pessoas. Não só a festa de casamento, o aniversário do caçula ou a formatura do filho mais velho são motivos para um clique. O happy hour depois do trabalho, o show com os amigos, um dia qualquer no shopping, tudo é convertido em bits e, facilmente, vai parar em alguma página pessoal na web.
Sem precisar de filmes, químicos, papéis e todo o aparato que era necessário até pouco tempo para transformar uma imagem em fotografia, clicar e depois compartilhar não é mais tarefa difícil. Para mostrar seus álbuns, ninguém precisa, agora, tirá-los da gaveta, basta fazer um upload dos arquivos para a internet. E como ninguém nunca quer sair mal na foto, o exercício de fazer aqueles retoques antes de postar para centenas de pessoas verem, acabou sendo aprendido por quase todo mundo. Quem não sabe, pede a um amigo.
Se entre amadores amantes da fotografia o uso de softwares como o Photoshop, editor de imagens da Adobe, é tão comum, no meio especializado é que ele não seria dispensado. Mas os profissionais do setor andam agitados por conta de um Projeto de Lei apresentado pelo deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), que quer obrigar a colocação da seguinte mensagem em fotos que tenham sido editadas com o intuito de interferir na fisionomia das pessoas fotografadas: "Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada". Quem desobedecer pode pagar multa de até R$ 50 mil.
Certo ou errado?
Na justificativa da proposta, o parlamentar diz que o objetivo é evitar a idealização do corpo humano. "São reforçados padrões de beleza que não resultam da real aparência das pessoas", diz o texto do PL-6853/2010, que não trata só de fotografias publicitárias, mas de qualquer imagem publicada em veículos de comunicação. Assim, caso aprovada, a lei obrigaria, por exemplo, a colocação do aviso nas fotos de revistas masculinas.
Para o designer gráfico Eric Peleias, que é diretor de arte da revista Capital Aberto, apesar da boa intenção, a medida prevista pelo Projeto de Lei não foi bem avaliada. "É bastante difícil acreditar seriamente que o consumidor é inocente a ponto de presumir que o produto pode causar o efeito da imagem manipulada, mas desconfiado o suficiente para ler com atenção um dispositivo como esse".
Já Carlos Costa, diretor de criação da WEBTraffic, empresa de comunicação para a web, não acredita que a Lei terá efeito. "Não acho que isso vá mudar a opinião de alguém ao ver um corpo, ou um rosto numa revista", afirma.
Usados largamente para a produção de peças publicitárias, os softwares de edição normalmente passam despercebidos. Por mais que alguém comente "ah, aqui usaram Photoshop!", intervenções feitas por bons profissionais quase sempre são sutis e, no máximo, seriam percebidas apenas se a foto original e a editada fossem colocadas lado a lado. Para o deputado Wladimir Costa, isso é um problema. Segundo ele, o fato de as alterações não serem evidentes cria a impressão de que a imagem veiculada corresponde à realidade, quando isso não é verdade.
Os publicitários veem por outro lado. "Eu acho que uma imagem retocada em uma revista é infinitamente menos prejudicial do que, por exemplo, a imposição de modelos e futuras modelos serem ultra magras para poderem desfilar", afirma Carlos Costa. E ele complementa: "Será que uma atriz famosa toparia posar para uma revista, sabendo que abaixo de sua foto tem um aviso dizendo 'e aquilo que você está vendo não é aquilo'?"
Excessos no uso do Photoshop
Opiniões à parte, recentemente alguns casos causaram polêmica por conta de excessos no uso do Photoshop. O mais famoso foi o de uma campanha da marca de roupas Ralph Lauren, em que a modelo ficou com o corpo deformado por conta da edição. A empresa assumiu a responsabilidade depois, em um comunicado onde dizia que "retoques de baixa qualidade resultaram em uma imagem muito distorcida do corpo de uma mulher".
Na Europa
Uma proposta semelhante à do deputado Wladimir Costa também está sendo discutida no parlamento da França. A justificativa da autora do projeto é a mesma do parlamentar brasileiro. No Reino Unido também existe uma proposta semelhante.
Simão Vieira, www.administradores.com.br
Gostei desse artigo!!!!
ResponderExcluirO uso do photoshop é essencial hoje em dia, mas deve ser usado com moderação...