Currículo recheado de títulos nem sempre é sinônimo de profissionais verdadeiramente capacitados
Compartilhar ImprimirSurgido nos Estados Unidos, no período em que o país iniciava a trajetória ascendente no sentido de se tornar a maior potência econômica do planeta, o Master Business Administration, ou simplesmente MBA, ganhou o mundo ao longo do século XX.
Há mais de cem anos, o mestrado em administração de negócios deu aos empresários norte-americanos a base teórica para aquilo que eles só conheciam na prática. Hoje, esse modelo de pós-graduação é um grande diferencial em qualquer mercado de trabalho, valorizado por empresas e desejado por profissionais. Mas um currículo recheado de títulos nem sempre é garantia de sucesso na carreira.
Currículo cheio de MBAs não é tudo
O status que o MBA dá, devido à importância que adquiriu no mercado de trabalho, tem levado profissionais a fazer diversos cursos com o objetivo de se colocar à frente na hora de ser contratado. Por isso, não é raro uma empresa se deparar com um currículo recheado de títulos, muitos dos quais, inclusive, sem tanta utilidade, na prática, para quem os possui. Para os que optam por esse caminho, todo cuidado é pouco.
As empresas e seus recrutadores estão cada vez mais cuidadosos nas seleções, e levam em consideração, sempre, qualidade em vez de quantidade. "Alguns colecionam MBAs como se currículo fosse árvore de natal. Faça um só, mas de excelência", afirma Luiz Affonso Romano, presidente do IBCO - Instituto Brasileiro de Consultores de Organização.
Para o presidente do IBE, instituto de educação em negócios conveniado à Fundação Getúlio Vargas - FGV, Heliomar Quaresma, é fundamental acertar na hora de escolher o curso. "Para o currículo do profissional, cada experiência acadêmica e executiva diz (algo) de sua trajetória, capacidade e intencionalidade. Por isso é importante ter o MBA, mas não qualquer MBA", afirma.
Esse curso é mesmo MBA?
É comum que alguns institutos utilizem o nome MBA para dar notoriedade a pós-graduações em outras áreas, o que, de certa forma, banalizou a nomenclatura no meio acadêmico e criou ressalvas no mercado de trabalho. Quem pretende cursar um Master Business Administration com o objetivo de adquirir conhecimentos para a gestão de negócios realmente, precisa ficar atento às diferenças em relação a outros tipos de pós. "Ele (o MBA) não está no mesmo patamar de outras especializações, pelo nível de aprofundamento teórico / prático", lembra Quaresma. "O MBA é muito mais voltado à realidade do mercado e intensifica a interação mercado / teoria / troca de experiências", complementa o presidente do IBE.
No Brasil, a Associação Nacional de MBA (Anamba), formada por algumas das principais escolas de negócios do país, desenvolve parâmetros que norteiam as estruturas curriculares e oferece aos candidatos informações relevantes na hora de escolher um curso. Para obter mais informações, acesse o site http://www.anamba.com.br/.
MBA para quê?
Heliomar Quaresma ressalta a importância do MBA para a gestão, o que, segundo ele, não se restringe aos conhecimentos focados no tradicional mundo dos negócios. "O MBA possibilita o aprofundamento dos conhecimentos da área de gestão e propicia o desenvolvimento de habilidades requisitadas pelas empresas e organizações do setor público e do chamado terceiro setor", afirma.
A capacidade de aliar teoria e prática e o discernimento para desenvolver soluções rápidas, coisas que o MBA ajuda a desenvolver, são valores que nunca deixam de estar em voga. "Como uma economia em crescente ascensão, o mercado brasileiro demanda profissionais capazes, que saibam aliar teoria e prática, capacidade gerencial e relacional para que sejamos líderes mundiais nos diversos setores da economia, sob a ótica da sustentabilidade ambiental e social", afirma Heliomar Quaresma.
Mas o profissional não pode achar que o curso simplesmente vai colocá-lo à frente dos outros no mercado de trabalho. "Por si só, o MBA nada garante quanto à ‘performance' do eleito. Outros aspectos certamente devem ser avaliados. Por exemplo, o candidato quer um emprego ou um trabalho? Ele continua cuidando de seu aperfeiçoamento?", diz Luiz Affonso Romano.
No Brasil ou no Exterior
Os cursos de MBA brasileiros e os oferecidos nos EUA, por exemplo, têm algumas diferenças, principalmente no que diz respeito à dedicação exigida do aluno. Por isso, escolher entre estudar aqui ou lá fora depende muito do perfil do estudante.
Para jovens recém-graduados, que ainda não têm uma carreira, sair do país para cursar um mestrado em administração de negócios pode valer muito a pena. "Nos Estados Unidos, os MBAs de excelência geralmente exigem em torno de dois anos de dedicação quase exclusiva. Essa duração, mais a sua qualidade e metodologia do ensino, são vantagens indiscutíveis sobre os que vemos por aqui", afirma Luiz Affonso Romano.
Por outro lado, para o profissional que já está no mercado, cursar um MBA oferecido no Brasil mesmo pode ser uma boa alternativa. O país já dispõe de boas escolas e, na maioria das vezes, as próprias empresas financiam os cursos de seus executivos. "No Brasil, o MBA seguiu outra estrutura (diferente da norte-americana), adaptada à realidade da nossa cultura e também do nosso mercado", lembra Heliomar Quaresma. Os chamados MBAs Executivos, voltados para administradores que já têm, em média, 10 anos de carreira, permitem que os alunos estudem e trabalhem ao mesmo tempo.
Estar atento ao reconhecimento das instituições que oferecem MBA, ver se realmente há adequação do tipo de curso oferecido a seu perfil profissional e ter consciência de que ser um "master in business" no papel não basta. Com isso em prática, a pós mais desejada por quem lida com administração de negócios poderá, sim, ser capaz de dar um upgrade em sua carreira e garantir sucesso no mercado de trabalho.
Por Simão Vieira, www.administradores.com.br
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