Se há algo que me fascina são as histórias medievais. Emolduradas por um cenário em que
se destacam castelos e batalhas com propósitos diversos, aquela protagonizada pelos lendários
cavaleiros da antiga Sarmátia europeia me prende a atenção e a respiração.
É indescritível a força
com que as brumas de Avalon me atraem, talvez pelo fato de até hoje os historiadores ainda não
terem chegado a uma conclusão unânime a respeito de ter sido real ou lenda a saga do “Rei Arthur
e os Cavaleiros da Távola redonda.”
O que se sabe até aqui é que se trata da trajetória de um menino que aos 15 anos de idade,
retirara de uma pedra a Excalibur, espada mágica deixada lá por seu pai antes de sua morte.
O Rei
Arthur, teria sido neto por parte de mãe do Mago Merlin. No ritual do Gamo Rei, Arthur criou a
Távola Redonda, local de reunião com os demais cavaleiros. Por ser redonda não haveria
cabeceira, todos eram iguais ao Rei e a Cristo. Transferiu o reino de Tintagel para Camelot. Ao
negar a bandeira de Pendagro, haveria de trair o povo das fadas (parentes por parte de mãe), e
insistiu em instituir a bandeira com a cruz de Cristo e da Virgem Maria em Camelot.
O que chama a atenção nessa história ou lenda é a visão de gestão que nela está inserida.
Imagine que numa época tão distante, sem que houvesse ainda definido um conceito de
Planejamento Estratégico do ponto de vista científico, um Rei por sua iniciativa cria um modelo de
gerenciamento totalmente inovador para o seu tempo, compartilhando com seus pares as principais
decisões que haveria de tomar.
Não é clássico?
- De que nos adiantaria conhecer a história se de vez em quando não recorrermos a ela para extrair suas principais lições. Não seria excepcional se as reuniões gerenciais fossem assim?
- Na presença do principal executivo da Organização a palavra de todos tivesse o mesmo peso?
Compartilhar ideias e decisões que envolvem os interesses das pessoas ou do negócio,
me parece ser a decisão mais inteligente do ponto de vista da Administração.
A tão falada e às vezes mal falada democracia precisa chegar às empresas. A velocidade do
Mundo moderno tem exigido cada vez mais que as decisões sejam postas rapidamente em prática.
Não sendo assim, corre-se o risco de ficar para traz e perder o que poderia ter sido um bom
negócio.
Os lendários cavaleiros do Rei Arthur venciam suas batalhas por serem destemidos, mas,
sobretudo, porque lutavam juntos. Quando decidiam combater o inimigo, davam o seu melhor e por
isto venciam.
A divisão de posicionamentos numa empresa, a torcida de alguém para que o colega “se
ferre” divide as forças construindo fraquezas. A estratégia das antigas guerras medievais consistia
em observar os pontos mais fracos do inimigo para depois subjugá-los. À medida que avançavam
em outros territórios iam ganhando força e o respeito dos inimigos fazia com que estes lutassem com
também por eles, num exemplo de sagacidade e capacidade de reverter situações antes
controversas.
Vem daí o meu interesse em estudar e aprender com esses exemplos, tanto faz para mim se
histórias ou lendas, o que importa realmente e o que fica é o aprendizado que elas transmitem.
Os Administradores têm tudo haver com o Rei e seus cavaleiros, pois lhe cabem conduzir
um exército de outros profissionais na conquista novos desafios todos os dias. Talvez essa missão
fosse mais fácil se aprendêssemos com os ditos medievais a ouvir mais, a compartilhar decisões e a
dar o melhor de si na incessante luta pelos resultados. Para a força de trabalho seria uma
experiência e tanto.
Estou convencido de que os acionistas iriam agradecer ao perceberem que a
otimização dos recursos estão produzindo maiores possibilidades de lucros.
Cabe lembrar, ainda, que se optarmos em seguir os exemplos do Rei e seus valentes
Cavaleiros, infelizmente não poderemos contar com colaboração providencial de Magos como
Merlin.
Na Administração não há como fazer mágica. Mágica pressupõe que haja ilusão e ilusão
não faz nem pode fazer parte da vida nem da trajetória da carreira do Administrador. Ao
administrarmos uma Companhia, estamos lidando com os interesses das partes interessadas (força
de trabalho, acionistas, clientes, fornecedores, governo etc), por isto não podemos cometer faltas
graves. Se errarmos e isto é inerente à condição humana, devemos assumir e corrigir o erro! Errar
é humano e não faço nenhuma questão de me distanciar da minha humanidade, até porque, minha
graduação se deu com ênfase em Recursos Humanos, trabalhei quase 30 anos com Recursos
Humanos, me afastar da minha humanidade seria o mesmo que negar a minha história pessoal.
Para não me prolongar muito neste Artigo, recomendo a reflexão sobre o que a história é
capaz de nos ensinar. Aprender com o passado é fundamental se quisermos vencer no futuro
repetindo os acertos sem cometer os mesmos deslizes no presente.
Por: Adm. José Mauro Alvim Machado - http://www.crase.org.br/
Concordo plenamente.
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