segunda-feira, 11 de outubro de 2021

PRECONCEITO e TRANSFORMAÇÃO CULTURAL

 


Vamos falar de PRECONCEITO e TRANSFORMAÇÃO CULTURAL? 

Mas vamos falar de peito aberto mesmo... Nasci mulher, preta, num bairro pobre do Rio de Janeiro, e demorei muito pra entender que o preconceito sempre esteve presente na minha vida, só que por vezes com um doce disfarce. 

Cresci ouvindo que eu tinha que ser a melhor em tudo o que eu fizesse, caso contrário o mundo me engoliria (o que de certa forma é verdade), e assim o fiz. 

Melhores notas, disciplina extrema, e cada vez mais regras e padrões que eu tinha que me encaixar pra ser aceita: Não fale alto, sente direito, seja uma mocinha, seu cabelo não é bom (tem que alisar), e assim fui crescendo. E achei de fato que era verdade, que eu não era boa o suficiente, e que tinha que me adequar pra ser alguém. 

Passei pela escola, pela universidade, iniciei minha vida profissional, mas sempre com um incômodo interno muito grande. 

Comecei então a duvidar: será que eu realmente tinha que mudar a minha essência pra me encaixar? 

Só que o que antes era um doce preconceito camuflado, passou a ficar mais evidente e escancarado, como mãe, profissional e mulher. Como mãe, por vezes ouvi comentários como "Nossa, você é mãe dela? Não parece, ela é tão branquinha!"... Sim, o mais adequado é que eu fosse a babá da minha filha branca. Isso doeu! 

Como profissional, me vi ganhando menos e trabalhando mais, mesmo tendo por vezes mais competência e preparo. Vi julgamentos absurdos e comparações inadequadas.


 
Me transformei... Passei a falar, questionar, me posicionar. E a primeira reação foram comentários como "Você é muito bruta!" ou "A Helen não tem controle emocional". Sim, porque mulheres não podem questionar ou argumentar. Passei a ouvir "A Helen é forte, parece um homem!". Me indignei! Não, não pareço um homem! Sou mulher e por isso sou forte! Porque tenho que parecer um homem, ou aceitar esse tipo de comparação? Ouvia isso de pares, líderes e etc. 

Fui assediada de algumas formas absurdas. Mas mulher não pode reclamar né? Tem que ouvir "Passa um batom que assim ele vai te ouvir" ou "Ah, mas ele só te trata bem porque você é mulher!". 

Enfim, me libertei! E hoje eu entendo que não, não tenho que mudar pra me adequar, eu sou suficiente! Sou mulher, preta, forte! A transformação cultural vem de dentro pra fora, e não com textos prontos e palavras bonitas. 

Transformar é entender que eu posso fazer a minha parte pra um ambiente saudável e justo. Que eu não preciso ter um cabelo liso pra ser adequada profissionalmente (ou na sociedade), que eu não tenho que me calar por ser mulher, que eu não preciso ter medo de ser julgada por me posicionar, e que eu posso ser agente do bem pra outras pessoas. 

Só quando você se cura de pensamentos equivocados é que pode pensar em trazer o mundo a sua volta pra essa jornada de transformação. E então, vamos transformar? #transformacaocultural #precisamosfalar #vale #women

Copiado.Helen Facci  https://www.linkedin.com/in/helen-facci-ab44a04b/

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