É impressionante como a questão do empreendedorismo tem sido fomentada nacionalmente. Virou um “modismo”.
Todavia, paradoxalmente aos resultados sociais e econômicos positivos decorrentes, também se observa que a mortalidade empresarial continua inadequadamente elevada, o que demonstra, nitidamente, que a questão empreendedora não tem sido empresarialmente tratada de forma tecnicamente adequada.
E o que está faltando?
Está faltando tratar o empreendedorismo à luz da ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL.
É a administração que estuda e se envolve sobremaneira com os negócios, desde a sua concepção, implantação até o seu desenvolvimento, gestão e execução, não importando o mercado, o tamanho e o tipo da atividade econômica a ser explorada.
Não existe
nenhum aspecto, nas abordagens e na vasta literatura sobre empreendedorismo,
que não esteja de alguma forma vinculada à administração.
Assim, empreender nos dias de hoje, desprovido dos conceitos e das ferramentas
da administração, tem sido uma enorme temeridade para os negócios e justifica,
em grande parte, a elevada mortalidade empresarial no Brasil, que hoje oscila
entre 59% a 60% até os quatro anos de vida.
É outra contradição, pois se de um
lado somos um país com uma das mais elevadas taxas de empreendedorismo do mundo
– 7o lugar no ranking mundial segundo o Global Entrepreneurship Monitor/GEM –
do outro temos uma das maiores taxas de mortalidade empresarial do mundo. Mas
as contradições não param por aí.
O GEM revela ainda que o Brasil ocupa o 2o lugar neste ranking mundial em ausência de políticas corretas e facilidades para abertura de negócios e apoio oficial ao empreendedorismo, ou seja, em dificuldades para empreender, e 90% dos empresários acha que o ambiente brasileiro é demasiadamente hostil e inadequado para empreender. Ou seja, além de “modismo” o empreendedorismo no Brasil é visto com um “alardeamento demasiadamente festivo”, onde muitos brasileiros e brasileiras já perderam tudo o que tinham: reservas, bens, crédito e esperança numa vida melhor.
Convém lembrar que em negócios não há mais espaço para aventuras e amadorismos, muito menos para atender a determinados “apelos” que têm conclamado as pessoas para empreender e a embarcar numa viagem sem volta.
Negócios precisam ser administrados profissionalmente, desde a sua concepção,
com um business plan bem elaborado no sentido de avaliar previamente a
viabilidade econômica e financeira do negócio, até a sua execução, bem como, de
verificar, a priori, as competências empresariais e de administração
necessárias.
Neste contexto cabe ainda fazer referência a outros dados impressionantes do GEM. No Brasil, 98% dos empreendedores afirmam que utilizam processos e tecnologias já conhecidas e, 80% deles mencionam que seus produtos não são novos aos consumidores. Ou seja, o nível de inovação empreendedora é extremamente baixo. Isso nos remete a uma outra questão relevante: o INOVADORISMO.
Inovadorismo?
Sim, o inovadorismo é uma combinação de inovação com empreendedorismo, onde a velocidade e o grau da inovação têm uma relação direta com o atendimento da expectativa de resultados positivos e com a competitividade dos negócios.
Dependendo da velocidade e do grau de inovação, os empreendimentos poderão ser de três tipos:
- (i) pioneiros (com alta lucratividade e competitividade);
- (ii)seguidores (com média lucratividade e competitividade);
- (iii) tardios, que são a maioria (com baixa ou nenhuma lucratividade e competitividade e inviáveis).
Em síntese e de forma conclusiva, seja pela ótica do empreendedorismo ou do inovadorismo, uma coisa é inquestionável: ambas devem estar sob o abrigo conceitual e técnico da ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL.
Num ambiente hostil e
paradoxal como o nosso, onde o empreendedorismo é nutrido fortemente por um
“empreendedorismo de necessidade” e não por um “empreendedorismo de
oportunidade”, a administração torna-se essencial e vital, para que os
empreendimentos sejam mais bem elaborados na sua concepção, tenham um maior
grau de inovação, sejam posicionados de forma mais competitiva e lucrativa,
tenham uma estrutura de capital compatível para o financiamento dos seus ativos
e, também, que tenham avaliadas, a priori, as competências empresariais
essenciais inerentes, visando lhes auferir uma maior sustentabilidade e
longevidade.
Por: Mauro Kreuz - https://lucroativo.com/
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