Joy - O Nome da
Empreendedora (Filme)
Não é difícil assistir Joy – O nome do sucesso, e
se inspirar no sonho americano do self made man (neste caso, woman), e tirar muitas lições para se
preparar para empreender o seu próprio negócio. Neste texto, vou resumir
algumas destas lições, nem todas elas óbvias ao assistir ao filme pela primeira
vez, mas quem assistiu ao filme fará as conexões das cenas com as lições
facilmente.
1. O Que Mantém
Nossa Autoconfiança
Todos nós precisamos de um suporte em momentos de
crise, algum apoio para não cairmos. Este apoio, no filme, vem pelas palavras
de Mimi, a avó de Joy. É importante lembrar que as palavras de Mimi,
encorajando Joy, mesmo sem saber nada do negócio dela, é repleto de verdade
genuína, uma crença honesta de que o sucesso está mesmo reservado para Joy,
porque, ao contrário das palavras vazias que as pessoas insistem em nos dirigir
quando estamos mal, Mimi compreende Joy, conhece ela melhor que Carrie, a mãe
de Joy. Muito de nossa autoconfiança é alimentada pela crença que as pessoas
têm em nós, pessoas em quem também confiamos, pessoas que sabemos que não
mentiriam para nós e cuja opinião reforça as estruturas que nos impulsionam
para frente.
2. O Despertar de
um Talento
Precisamos olhar mais para nossas próprias
competências. Nossos talentos se manifestam desde cedo e nem sempre prestamos
atenção a elas. Joy sempre teve imaginação fértil, desde criança, inventando
brinquedos e fantasiando a realidade à sua volta. É a imaginação que fertiliza
a criatividade e é a criatividade que a faz conceber soluções simples para
problemas comuns, como sua primeira invenção, uma coleira para cães à prova de
enforcamento, que sua mãe, na época, se recusou a patentear para a filha, perdendo
a oportunidade do negócio.
3. Competências
Forjadas nas Circunstâncias
Qualquer um pode olhar para esta família e pensar,
como alguém pode pensar em empreender com uma família destas? Joy parece ser a
única pessoa equilibrada na família, duas crianças pequenas, um pai anti-social
que mal consegue manter seu negócio, uma mãe viciada em novelas, um ex-marido
que só quer saber de tocar e vive no porão da sua casa, uma meia-irmã invejosa.
Além disso, ela abriu mão da Faculdade para ajudar a sustentar a família, faz
reparos domésticos e ajuda nos negócios do pai. Pois é justamente por isso que
Joy dá certo no final. Uma vida difícil nos caleja e nos torna objetivos,
racionais, diretos e pragmáticos. Enquanto a maioria desiste nas primeiras
dificuldades, Joy insiste e as supera, pois já está acostumada com as barreiras
na sua vida.
4. O Mito do
Empreendedor-Herói
Mas não vamos nos iludir, antes de ver Joy como a
heroína que todos queremos seguir e cuja história tem grande potencial de nos
inspirar a empreender, na verdade, não queremos esta história para nós. Você
pode ter a mais absoluta certeza que, se Joy soubesse, desde o começo, os
problemas que teria com as patentes, que não teria receptividade ao seu produto
no início, que ela seria presa e que o canal de vendas pela TV não iria dar
certo, ela não teria nem entrado no jogo do empreendedorismo. Se ela entrou e
venceu é porque ela não tinha mais como voltar atrás. Quando você hipoteca sua
casa e assume uma dívida que pode destruir sua vida, dar errado não é mais uma
opção. O desespero foi o combustível de superação de Joy e nenhum de nós está
preparado para enfrentar estas circunstâncias.
5. A Dependência de
Terceiros
O maior problema que Joy enfrentou foi o da
patente. Era justamente um problema que ela não podia resolver. O empreendedor
sempre dá um jeito de resolver um problema que depende dele, ele até adquire
novas competências para fazer o negócio acontecer, como vender o seu produto na
TV. No caso da patente, entretanto, Joy foi mal assessorada por advogados que
não conheciam o tema e o preço pago por este erro foi altíssimo. Não importa
quão competente você seja, o seu negócio vai exigir competências e conhecimentos
que você não domina e você sempre vai depender de terceiros. Ela teve sorte,
muita sorte, dos seus parceiros serem pilantras e acabarem forçados a negociar
com ela para se safar, caso contrário, nossa história não teria um final feliz.
6. Família, Família,
Negócios à Parte
Obter um empréstimo de um parente pode ser muito
bom, afinal, as relações familiares prevalecem sobre as relações de negócios.
Por isso no Brasil, esta precisa ser a primeira fonte de recursos financeiros.
O filme mostra que na cultura americana a coisa não é bem assim, Trudy, a viúva
milionária que namora com o pai de Joy, se mostra aberta para investir no
negócio nascente de Joy, mas sabatina a empreendedora como qualquer investidor
e exige uma contrapartida para reduzir seu risco, forçando Joy a hipotecar a
casa. Separar família de negócio pode não ser condizente com nossa cultura
latina, mas é extremamente necessária, pois uma relação de confiança não
necessariamente se reflete em uma relação lucrativa.
7. De Onde Surgem
as Ideias
Ao contrário do que muitos pensam, o empreendedor
não fica pensando no produto que vai inventar para desenvolver um negócio. As
melhores ideias vêm espontaneamente, por acaso, normalmente diante de uma
situação específica, como um problema ou uma necessidade. Foi andando com o
cachorro na rua que Joy teve a ideia da coleira. Ao se cortar com os vidros da
garrafa de vinho ao limpar o convés do barco de Trudy que ela teve a ideia do
seu esfregão. Se estivermos atentos ao que acontece à nossa volta, se treinarmos
nosso olhar e nossa percepção, vamos identificar um monte de boas ideias de
negócios, todos os dias. Como diz o famoso lema da criatividade: Para se ter
uma boa ideia, é preciso ter muitas ideias.
8. O Olhar do
Investidor
As quatro perguntas do investidor.
1. Onde você
estudou?
Esta pergunta busca saber se o empreendedor tem uma
formação mínima, indicando o quanto a educação é importante para o investidor
americano.
2. Como você era na
escola?
Esta é uma pergunta aberta, que pode revelar muito
sobre o empreendedor e a resposta certa não necessariamente é ‘um bom aluno que
só tirava boas notas’.
3. Você está
preparado para dar retorno sobre o investimento dentro de seis meses?
Esta é a visão pragmática do investidor no qual a
reação do empreendedor é mais importante do que a resposta em si.
Empreendedores são seguros o suficiente para não pestanejar na resposta
positiva.
4. Existe uma arma
na mesa, a única pessoa com você na sala é seu concorrente direto, só um pode
sair, você pegaria a arma?
Pegar a arma não significa que você vai atirar, mas
certamente é você quem tem o controle. O investidor quer saber se o
empreendedor fará o que for preciso para manter o controle do negócio.
9. O ‘Não’ Faz
Parte do Processo
Vamos contar quantos ‘nãos’ Joy ouviu no filme:
1.
Da família quando ouviram sua ideia
de negócio;
2.
Da Trudy quando viu a primeira
apresentação da ideia;
3.
Dos advogados quando tentou registrar
a patente;
4.
Das mulheres no estacionamento;
5.
Dos policiais sobre vender o esfregão
em frente a um supermercado;
6.
Do amigo do Tony sobre a reunião na
QVC;
7.
Do Walker depois do primeiro pitch
dela;
8.
Da família quando a TV fracassou;
9.
Do Walker quando negou uma nova
chance;
10. Do Walker quando ela quis vender em frente às
câmeras;
11. Da fábrica de peças da Califórnia quando se
recusaram a manter o preço;
12. Da polícia de Los Angeles quando não acreditaram
que ela não tinha invadido a fábrica;
13. Do Rudy quando acreditou que Joy poderia ser mais
do que uma dona de casa desempregada;
14. Do Gerhardt quando não repassou os direitos da
patente.
O empreendedor vai ouvir muito mais ‘nãos’ do que
‘sims’. Isso é fato.
10. O ‘Sim’ Também
Por outro lado, Joy só precisou ouvir o ‘sim’ de
duas pessoas, da Trudy e do Walker e o resto é história. Assim como muitos
empreendedores, Joy quer mudar a vida de outras pessoas que, como ela, sofrem
para fazer suas ideias se transformarem em negócios e abre um escritório para
atender estes inventores e se tornar o ‘sim’ definitivo que estes inventores
precisam ouvir. O que nós fazemos na Polifonia é
ajudar estes empreendedores a aumentarem suas chances de conseguir o seu ‘sim’.
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