Com freqüência nos defrontamos com novas teorias que são, apenas,
“remakes” de antigos pressupostos.
Mas não é, do meu ponto de vista, o que acontece com a gestão do
conhecimento. A questão inicial é que o conhecimento é um produto
recente.
Quer dizer, o conhecimento como elemento diferencial para
os negócios na organização, pelo menos, assim como também é
recente a preocupação em melhor aproveitamento deste recurso. Já
faz aproximadamente 20 anos que se anuncia o surgimento do
conhecimento como diferencial organizacional.
Repito que: “se nossa empresa soubesse tudo o que sabe nosso
resultado seria muito melhor”, podendo ser traduzido como: “se nós
tivéssemos acesso ao conhecimento de todos os funcionários que
fazem parte da nossa empresa, sem dúvida teríamos um sucesso
estrondoso!”, dizem alguns empresários.
Esta é a razão pela qual coloco a gestão do conhecimento em plano
destacado no aspecto da gestão empresarial.
No entanto, a gestão do conhecimento não deve ser vista apenas um
estilo de gestão ou uma metodologia.
A gestão do conhecimento deve
ser uma atitude natural nas organizações de hoje. É um fator
estratégico para sua sobrevivência e desenvolvimento.
E como o conhecimento é fator básico reconheço que várias outras
ações organizacionais têm origem neste ponto. É o caso da gestão
por competências, da retenção de talentos e o da aprendizagem
organizacional.
Na organização o fator primário do conhecimento advém da
experiência prática diária. A experiência prática diária se
consubstancia em fatos do dia a dia de todo profissional. Estes fatos
sofrem alterações através da análise e intervenção, agregando valor
e constituindo-se em informação que, por sua vez, sistematizada,
transforma-se em conhecimento.
O conhecimento então é fruto da
transformação intelectual e o seu próprio desenvolvimento é, também
fruto de um processo de transformação.
Percebam que o conhecimento inicia-se pela:
- (i) identificação da realidade;
- (ii) sofre uma ação de análise e interpretação;
- (iii) é experimentado praticamente;
- (iv) recebe a contribuição do compartilhamento e,
- (v) consegue ser validado pela experiência, transformando-se em um novo e desenvolvido conhecimento.
Agora se isto é a expressão natural dos fatos porque é importante
ressaltar. Não deveria ser algo natural?
Sem dúvida, mas, ocorre que as ações organizacionais não podem
depender de movimentos teóricos apenas. É imprescindível que
exista uma consciência globalizada dos processos e dos objetivos da
ação.
É necessário que exista atitude!
Por exemplo, na questão de retenção de talentos, que tem gerado
ampla especulação dos meios teóricos para uma solução.
A pergunta
crucial que deveremos nos fazer é: porque estes são os nossos
talentos? Assim estaremos encontrando o diferencial para a
manutenção desses talentos em nossos quadros. Todos querem
manter as características que os tornam diferenciais, seja
conhecimento, sejam habilidades, sejam realização.
Sabemos que não é, apenas, salário que segura os melhores
profissionais.
Mas como tornar a gestão do conhecimento uma atitude? Lógico que
a tecnologia, via intranets, extranets, Internet, propicia poderoso
ferramental para organizar essa massa de informações e de
necessidades de compartilhamento.
Mas são os sinalizadores da gestão que possibilitam resultados
significativos nesta empreitada.
Antes mesmo de uma ação fundamentada na tecnologia é
fundamental identificar e definir profissionais internos, na
organização, que possam constituir-se em Portais Humanos que
iniciem o processo.
Deve-se fazer um consistente e objetivo investimento na direção de
fazer conhecer o processo global do negócio da empresa.
Devem-se
desenvolver reuniões e oportunidades para troca de informações
sobre problemas atuais e sobre necessidades futuras do negócio.
Mas, principalmente, a organização deve reconhecer a dimensão
estratégica desta ação, privilegiando os objetivos de conhecer, pelo
menos, aquilo que nosso funcionário conhece.
Em suma, teremos que envidar nossos melhores esforços para
colocar nossas estruturas no caminho do desenvolvimento do
conhecimento. Ou esquecer a corrida.
Por Bernardo Leite: Consultor, palestrante e autor do livro: Dicas
de Feedback – Editora Qualitymark.
Nenhum comentário:
Postar um comentário