terça-feira, 4 de outubro de 2011

Coach, coachee e o cliente


A prática do Coaching se estabeleceu como uma ferramenta eficiente que é aceita por grande parte das corporações e pessoas que pensam em seu desenvolvimento. “O Coaching é mais do que uma simples tendência à qual as empresas rapidamente aderem e logo abandonam”, afirma Andréa Lages e Joseph O’Connor na obra “Como o Coaching Funciona”. Os autores consideram que este conceito continuará crescendo, pois não se trata de uma simples ideologia, mas sim de uma metodologia de mudança de vida destinada a transformar as pessoas e, por meio delas, a empresa. Porém, uma das confusões mais interessantes que se estabeleceu com esta nova onda é que têm se dado pouca atenção à diferença que existe entre o coachee e o cliente.
No mundo corporativo, o cliente pode ser aquele que nos contrata, por exemplo, a corporação. Já o colchee é quem recebe o Coaching, podendo ser tanto um executivo como uma equipe. No Coaching Executivo existem diferenças bem marcantes com relação ao Coaching de Vida. Neste, o cliente que nos contrata é o próprio coachee na esmagadora maioria dos casos. Por outro lado, nas empresas acontece exatamente o contrário, pois o cliente, aquele que nos contrata, é quem paga por um serviço específico e tem determinada expectativa.
Há um conjunto de normas éticas muito rígidas que estabelecem a relação entre o colch, o coachee e o cliente e eu gostaria de lembrar algumas delas.
A primeira diz que não existe uma comunicação em que o cliente (contratante), receba alguma informação que não seja antes autorizada pelo coachee. “Por parte do coach, o comprometimento primeiro é com o coachee e suas necessidades de desenvolvimento pessoal e profissional”, afirma Rosa R. Krausz (2007). A autora da obra Coaching Executivo: A Conquista da Liderança, diz que o coach não tem o direito de passar informações sobre o processo de Coaching aos representantes da empresa, sem o conhecimento e consentimento do coachee. Desta forma, segundo ela, é mantida uma relação mais descontaminada e honesta entre coach e coachee.
A avaliação do trabalho é feita pelo coachee e não pelo contratante. O cliente pode até ficar satisfeito e querer continuar com o trabalho, mas a avaliação pode e deve ser feita pelo coachee, que é o objeto do trabalho.
Por outro lado, a relação entre o coach e cliente também é regida por um Código de Ética muito severo. Por exemplo: se eu sou contratado como coach para desenvolver determinadas atividades com um executivo e a empresa aceita e concorda em me pagar, minha relação com o cliente está completamente resolvida. Porém, eu ainda não sou o coach, pois preciso ser aceito pelo coachee.
É importante que ele entenda exatamente a proposta de trabalho e a metodologia que será utilizada. Necessita compreender o papel do cliente (corporação) nesse aspecto e qual é o papel dele como coachee. O que esperar e o que não esperar, as normas de comunicação, como serão tratadas as informações, como será avaliada a evolução dele e o cumprimento dos objetivos. Somente quando o coachee estiver completamente de acordo e aceitar que está em um momento de vida adequado para receber o Coaching é que posso seguir em frente.
Lages e O’Connor (1944) consideram que a confiança no coach se estabelece a partir de dois elementos. “Primeiro, o coach ser sincero, isto é, autêntico em suas ações e intenções, e não ter nada a esconder. Segundo, o coach precisa ser confiável. Isso quer dizer que ele deve ser capaz de fazer o que diz, no prazo combinado e de acordo com um padrão satisfatório”. Os autores ainda explicam que a maneira de ser do coach influencia o cliente e que não necessariamente ele precisa ter vivenciado o problema de seu cliente.
Às margens das considerações de saber se o coach tem experiência suficiente e se pratica o Coaching dentro dos rígidos códigos de ética do ICC (International Community Coaching), há que se levar em conta o objetivo da organização. Se for contratar o coach só por acreditar que ele será um benefício para o coachee e não tomar os devidos cuidados com a contratação poderá transformar esta ação em algo não produtivo naquele contexto.
O Coaching utiliza ferramentas muito poderosas para levar as pessoas a mudanças importantes em suas vidas. Portanto, segundo Bonini (2010), ao selecionar um coach deve-se primeiramente instruir-se sobre ele, conversando com pelo menos três coaches. O autor sugere que sejam feitas perguntas sobre experiência, qualificações, habilidades e sejam solicitadas ao menos duas referências profissionais.
Desta forma será verificado com outros clientes e coachees como foi o processo e se realmente tudo correu como foi planejado. Se eles chegaram aos objetivos e se na opinião deles este profissional é realmente qualificado para atender os objetivos e problemas específicos.
A vocês clientes, coachees e coachs, desejo uma boa viagem neste processo!

  Por - Luis Perdomo - http://www.luisperdomo.com.br 

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