A falta de mão de obra qualificada para sustentar o crescimento da economia e a expansão dos negócios - problema que afeta boa parte das empresas brasileiras atualmente- deverá ser o maior desafio das organizações por, no mínimo, mais quatro anos. Durante esse período, portanto, a principal estratégia dos líderes será reter e desenvolver talentos.
Essa é a conclusão de um levantamento realizado pela Deloitte com CEOs, diretores e administradores de 352 empresas que atuam no Brasil. Juntas, elas faturaram R$ 114 bilhões no ano passado e 76% têm origem de capital nacional.
De acordo com José Paulo Rocha, sócio-líder da área de "corporate finance" da Deloitte, aumentar o foco na gestão de pessoas tem como objetivo garantir a competitividade das companhias nos mercados interno e externo. "Tão importante quanto melhorar o problema da infraestrutura, que está em evidência no país, é preparar trabalhadores para suportar as novas demandas. Formar pessoas leva tempo e só é possível com planejamento de médio e longo prazo", diz.
Segundo o estudo, gerenciar custos sem comprometer a qualidade e lidar com a concorrência vão ser outros grandes desafios das corporações até 2015. A boa notícia, na opinião de Rocha, é que as organizações já estão desenvolvendo estratégias para enfrentá-los, investindo, principalmente, em inovação. Desse modo, criar produtos, serviços e direcionar recursos para novas tecnologias estão entre as prioridades dos gestores.
Embora essa estratégia seja fundamental para garantir um futuro saudável independentemente dos ventos favoráveis, as corporações estão mais concentradas em aproveitar o bom momento da economia. Os investimentos de curto prazo, portanto, apoiam-se no tripé marketing, recursos humanos e ampliação da capacidade operacional. "Esses fatores combinados são responsáveis por atender a procura do mercado e estão diretamente ligados aos resultados das organizações", afirma Rocha.
Dentre as ações já adotadas pelas empresas, as mais eficazes na opinião de cerca de 70% dos administradores é a maior interação com consumidores, clientes, fornecedores e distribuidores. Na visão de Rocha, isso denota o amadurecimento da economia brasileira, que começa a ficar mais sofisticada e passa a atuar de forma parecida com o resto do mundo. "A complexidade cada vez maior dos negócios cria interdependência entre as organizações. Não há mais espaço hoje para empresas autossuficientes e que operam de maneira fechada."
Comparando o levantamento realizado pela Deloitte no ano passado com a previsão dos líderes para 2015, o desafio de aumentar a participação no mercado externo passou de 17% para 30%. Mais de 80% deles, inclusive, apostam no aumento de investimentos estrangeiros no Brasil e na internacionalização de empresas nacionais, o que fez crescer também a preocupação com o nível de governança corporativa. "Algumas companhias ainda veem essa questão com um certo distanciamento. Melhorar a governança, porém, é uma forte tendência em um cenário econômico global e de guerras cambiais", ressalta Rocha.
Rafael Sigollo - Fonte: Jornal Valor Econômico
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