segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tiquira - Aguardente Maranhense: origem, fabricação e lendas.


A tiquira é uma bebida tradicionalmente produzida no Maranhão. 
Herança deixada pelos índios, a bebida roxa (e por vezes azulada) já virou artigo turístico. Se você conhece o guaraná Jesus, famoso por ser cor-de-rosa e bem adocicado, não se iluda com a coloração atraente da tiquira, pois, ao contrário do guaraná, ela não é nada doce, possuindo alto teor alcoólico (38 a 54%).
Foto: Julia E. Moraes
 Como tudo começou
Os índios que aqui viviam aproveitavam a mandioca para quase tudo, inclusive para fazer aguardente. O objetivo era comemorar o fim das batalhas entre tribos ou colheitas vindouras, e a produção da bebida ficava a cargo das mulheres, que recebiam seus guerreiros com elas em forma e honraria. Para diferenciar da cachaça comum, a branca, os produtores de tiquira colocam folha de tangerina para dar a coloração roxo/azulada da bebida.
E como faz? 
Lava-se, rala-se e prensa-se a mandioca, para eliminar o componente tóxico da raiz. A massa resultante é desfeita a mão, como farofa grossa e espalhada sobre uma chapa quente, de modo a formar “bolos”, os chamados beijus, que são assados até ficarem internamente cozidos.
Resfriados então os beijus, são expostos ao ar, para a proliferação espontânea dos esporos dos fungos do ambiente. Em três ou quatro dias aparecem sobre os beijus uma flora de micélios (fungos), de cor rosada. Com o passar dos dias os beijus já estão inteiramente contaminados e a massa sacrificada.
Os beijus sacrificados são então colocados em um cocho (um tronco de árvore escavado) coberto com água. No dia seguinte, encontra-se a massa desfeita e xaroposa, que é então mexida e agitada para uniformizar e arejar o mosto, que deixado exposto, completará sua fermentação alcoólica em 48 horas.  Terminada a fermentação o mosto é destilado em alambiques de barro ou de cobre, e em cada operação vai de 15 a 20 litros de tiquira o que dá cerca de 100 litros, no total.
Foto: Túlio Tsuji
Onde achar
A bebida pode ser encontrada em vários municípios maranhenses, principalmente em Barreirinhas e na capital, São Luís. Um levantamento feito pelo IBGE aponta uma produção de 580 toneladas por ano da cachaça, o que equivale a 640 mil litros.
Mas cuidado,  a bebida é muito forte. Dirigindo ou não, beba com moderação.

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