sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Como se faz um milionário?

Das histórias de superação aos acordos suspeitos, trajetórias de milionários inspiram ao mesmo tempo em que geram grandes polêmicas

O questionamento acima é, literalmente, aquela pergunta de um milhão para a qual todos gostariam de ter a resposta (mas apenas alguns poucos a conseguem). No início do século XX, um jovem norte-americano recebeu o desafio de descobri-la e ensiná-la ao mundo. Em campo, ele investigou os segredos de 500 fortunas e acompanhou de perto o trabalho de quem as construiu. Em 1928, o resultado de tudo isso veio a público no primeiro dos vários livros que aquele rapaz viria a publicar ao longo da vida.

O jovem era Napoleon Hill e aquele primeiro livro ganhou o título de A Lei do Triunfo. Até hoje, seus estudos já renderam mais de uma dezena de obras, lidas por milhões de pessoas ao redor do mundo, inclusive boa parte dos grandes milionários de hoje. Mas, afinal, quais são esses segredos que ele descobriu?

Napoleon Hill viu de perto homens como Henry Ford, Theodore Roosvelt e John Rockefeller construírem seus patrimônios e elencou uma série de variáveis comuns a todos eles que, segundo sua análise – corroborada por grandes executivos e acadêmicos da época – seriam determinantes para o sucesso financeiro.

No livro Think and Grow Rich, publicado no Brasil com o título Quem Pensa Enriquece, Hill elenca 13 passos para a riqueza, os quais classifica como "a mais breve e confiável filosofia de realização individual jamais apresentada, em benefício de quem estiver procurando uma meta de vida".

Na prática, a ideia de Hill se resume a colocar o cérebro para funcionar em função de um objetivo, que nesse caso é a riqueza. Tornar o triunfo financeiro realmente uma ideia fixa. Em uma passagem de Quem Pensa Enriquece, por exemplo, o autor conta a história de Edwin C. Barnes, que – mesmo vivendo quase na miséria – se aventurou em busca de uma inimaginável sociedade com ninguém menos que Thomas A. Edison, que conseguiu tendo uma coisa em mente, conforme relata Napoleon Hill: "Vou afastar qualquer possibilidade de ater em retirada e apostar todo o meu futuro na minha capacidade de conseguir o que desejo".

Por trás da riqueza
No Brasil, o caso mais clássico de um milionário com história parecida com a de Edwin C. Barnes é o de Silvio Santos, que começou a vida profissional como camelô e se tornou dono de um dos maiores conglomerados do país.

Eike Batista é outro brasileiro que tem chamado atenção do mundo por sua riqueza (e, claro, seu jeitão polêmico de ser!). Dono da maior fortuna individual do Brasil e da oitava maior do mundo, ele tem, entretanto, uma história um tanto diferente da de Silvio. Seu pai era empresário e construiu uma longa história do setor de mineração, que coincidentemente é o grande nicho das empreitadas de Eike.

No caso de Silvio Santos – com exceção de algumas excentricidades que lhe são peculiares e, mais recentemente, a mega fraude no seu Banco Panamericano, que ainda está sendo investigada mas já rendeu a prisão do principal executivo do Grupo – sua história não contém muitos eventos questionáveis.

Já Eike Batista é uma figura controversa. Admirado por uma massa ávida por chegar aonde ele chegou, é também alvo das críticas e, muitas vezes, ódio de gente que vai desde os simplesmente críticos da sua riqueza em um país de tantos pobres até os que desconfiam do tom especulador de sua atuação no mercado. Além disso, alguns dos seus empreendimentos estão envolvidos em sérias polêmicas, como é o caso da construção do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, cujos impactos sociais para a população carente do local e o meio ambiente têm sido bastante criticados.

Na própria história de Napoleon Hill, uma figura com a qual manteve um vínculo muito próximo – e é apontada por ele próprio como seu grande mentor – é visto com controvérsia pelos historiadores. Andrew Carnegie, que teve uma juventude pobre e acabou se tornando um dos maiores industriais dos EUA, foi quem propôs a Hill o grande desafio de descobrir o segredo dos grandes milionários.

Conhecido por se preocupar com a justiça social e ter práticas filantrópicas, Carnegie ajudou a construir bibliotecas, museus, salas de concertos e diversas fundações de ajuda. Por outro lado, é acusado de fazer grandes negócios aproveitando-se de suas relações próximas com políticos e administrar com mãos de ferro suas empresas, com jornadas semanais de trabalho superiores a oitenta horas e reprimindo greves de forma violenta.

Por Simão Mairins, www.administradores.com.br

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