sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O problema é a velocidade

Alvin Toffler, em seu livro A terceira onda (Ed. Record), explica que a humanidade evolui por meio de grandes ondas de mudanças. Cada uma, como ele afirma, “obliterando extensamente culturas ou civilizações e substituindo-as por modos de vida inconcebíveis para os que vieram antes”.
A primeira onda foi a Revolução Agrícola, iniciada há cerca de 10 mil anos. A segunda foi a Revolução Industrial, há cerca de 300 anos – e ainda vivemos, por assim dizer, sua ressaca. A terceira onda, também conhecida como a Era da Informação e do Conhecimento, é a onda em que estamos. Ela inova métodos de produção, democratiza o conhecimento, aproxima países e culturas, afeta valores e modifica percepções.
Na busca de uma visão simplista para um mundo dinâmico e complexo, e usando como base o livro O verdadeiro, o belo e o bom (Ed. Objetiva), do psicólogo Howard Gardner, é possível reduzir os impactos dessa revolução em cinco grandes forças, as quais descrevo resumidamente a seguir:

Forças tecnológicas – Já podemos receber e-mails, fotografar, fazer compras e acessar os sites mais diversos na telinha de um celular. No Brasil, em 1993, existiam 10 canais de TV. Hoje, são mais de 100. O rádio demorou 30 anos para estar em 50 milhões de lares; a televisão, 15 anos; a TV a cabo, 10 anos; a internet, apenas 5 anos! Nem vou falar da genética, da física, etc.
Forças políticas – Vivemos um período de transição na geopolítica mundial. Não existem mais países bons ou maus, esquerda ou direita. Depois da queda do Muro de Berlim e do 11 de Setembro norte-americano, classificar tendências nessa área tornou-se arriscado. “Ideologia, eu quero uma pra viver”, dizia Cazuza. É a hora da tal Terceira Via, uma aproximação entre o neoliberalismo e o socialismo de resultados. E, é claro, todos são contra o terrorismo.
Forças econômicas – A força do mercado nunca foi tão poderosa como é hoje. Ela aglutina grupos sociais em tribos, que se diferenciam pelas marcas. É como se religiões fossem substituídas por cultos à imagem e à posse de bens. Ter é ser. Além disso, empresas tornam-se maiores que países, por exemplo: a rede de supermercados Walmart tem um faturamento que a coloca entre as 20 maiores economias do mundo e a Avon emprega mais pessoas que a população do Uruguai.
Forças sociais, culturais e pessoais – Será cada vez mais difícil uma cultura viver isolada. E, quanto maior for a mistura cultural, mais difícil será marginalizar um vasto setor da humanidade com base na cor da pele, credo ou orientação sexual. Há cada vez mais casais se divorciando e, em cerca de 30% dos lares brasileiros, a mulher é a provedora. Vive-se mais e com melhor qualidade. O ambiente de trabalho mudará muito nos próximos anos. Ainda há ecologia, sustentabilidade, alimentação, geração Y, Barack Obama e sabe-se lá mais o quê.
Força do conhecimento – A última força, mas não menos importante: a cambiante cartografia do conhecimento. Sempre haverá um aumento da informação disponível. No entanto, até pouco tempo, isso era gradual. Existem estudos que indicam que a soma da informação do mundo dobra a cada 80 dias. Uma edição dominical do The New York Times contém mais informações que uma pessoa do século 17 poderia acessar ao longo de toda sua vida! Diante disso, as pessoas são cada vez mais educadas para pensar de maneira pictórica.
Sinceramente, você poderia imaginar tudo isso acontecendo no curto espaço de 20 anos, o tempo de uma geração? A primeira onda, do Senhor Toffler, durou quase 10 mil anos. A segunda, cerca de 300 anos. A última ainda está no início – foi identificada por Toffler na década de 80 do século passado – e os avanços se multiplicam espantosamente, a uma velocidade exponencial.
O problema é a velocidade – você, sua empresa, sua equipe e seus clientes estão no meio disso tudo.

Júlio Clebsch  - Gerente editorial da revista Liderança - julio@lideraonline.com.br

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